Volume 4: Você (não) pode sonhar.

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Prólogo: Tempo que não volta.

Na vazia sala de espera do principal hospital de Nakano, Touma e seu irmão Taro esperavam silenciosamente por algo. O clima, como se espera de um hospital, não era nada feliz e a expressão de Touma conseguia deixar aquele momento ainda mais sufocante. Ele havia decidido reencontrar com seu pai despois de quase cinco anos separados. Faltava coragem e um pouco de vontade por parte do garoto, que finalmente havia admitido sua parcela de culpa na bagunça que sua família acabou se transformando.

Todos tinham culpa. Touma por sua insensatez e seu pai por sua infidelidade. Mas, talvez tivesse chegado a hora de mudar aquilo, principalmente pelo fato de que a vida do pai da família Utsumi estava se extinguindo. 

A porta próxima ao banco onde os irmãos esperavam se abriu. Uma enfermeira de aspecto cansado e triste chamou pelos dois, com uma voz que combinava perfeitamente com sua aparecia.           

“Taro e Touma Utsumi? Vocês têm cinco minutos de visita. Infelizmente nas condições em que o pai de vocês se encontra, não podemos permitir algo mais longo.”

A mulher colocou a mão no ombro de ambos os irmãos, tentando, de alguma forma, amenizar o impacto que em breve abateria aquela família. Touma parou em frente à porta, sentindo um peso ainda maior em suas costas. Ele havia perdido cinco anos de chances de pedir perdão ao pai e agora, tudo se resumiria naqueles últimos cinco minutos.

***

Capitulo 1: As feridas (in)curáveis de Yuriko Akira.

A sala onde Yuriko Akira tentava caminhar estava tão bagunçada, que a pobre garota parecia contar os passos, tentando evitar uma queda naquele amontoado de roupas sujas.    

“Seichi, isso é o que você chama de casa?”                     

Seichiro que estava abaixado naquele mar de sujeira, parecendo procurar por algo, respondeu a irmã, claramente tentando achar uma desculpa que evitasse um possível sermão.          

“Sabe como é, são três caras vivendo sobre um mesmo teto, essa bagunça é meio que natural...”                       

Yuriko cruzou os braços, fuzilando o irmão com um olhar digno de uma ferrenha dona de casa. Seichi rapidamente voltou à atenção para sua busca, tentando fugir da garota.     

“Prometo que vou arrumar tudo, só preciso achar a chave da minha moto!”

Yuriko decidiu ajudar o irmão na busca. Em menos de dez segundos, a garota tinha feito o que Seichi já tinha levado minutos e não parecia nem perto de conseguir. Após receber as chaves das mãos da irmã, Seichi desabou no sofá que era um dos poucos lugares que ainda estava livre da bagunça. O universitário soltou um suspiro que obviamente escondia bem mais do que o simples cansaço. Ao perceber a face tristonha de Seichi, Yuriko sentou ao seu lado.              

“Você não precisava ter saído de casa por minha causa...”      

“Acho que perdi o direito de chamar aquele lugar de casa, Yuriko.”  

Seichi respondeu a irmã com um sorriso e se sentou de forma mais comportada no sofá. A garota não gostou do fato de seu irmão se sentir culpado a ponto de ter que sair de casa.      

“O que aconteceu? Você não...”     

Seichiro colocou a mão na cabeça de Yuriko, como se confortasse uma pequena criança.

“Sim, eu agredi nosso velho, Yuriko. Eu perdi o direito sobre aquela casa, a partir do momento em que joguei o respeito por nosso pai fora.”     

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