*Capítulo 53*

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Lisa On

Logo que a Júlia "sumiu" da minha vista, eu entrei e fui em direção ao sofá

-Só para deixar bem claro que não vou amanhã- Disse minha mãe desligando a televisão. Arquei as sobrancelhas
-Por que senhorita?
-Vou trabalhar. E acredito que esse momento seja de vocês duas com o pai dela- Se pensar bem, era verdade, talvez na próxima semana a gente marca um pra família toda.
-Ta bom, então.
-Eu vou me deitar, estou cansada. Boa noite Lisa.
-Boa noite mãe.

Eu deveria ter subido também, mas não...fiquei por mais um bom tempo sentada no sofá, pensando o que seria amanhã. Acho que meu maior medo é não ser aceita pelo pai dela e aquela madrasta meio homofobica me dá calafrios...

Júlia On

-Cheguei pessoas- observei minha madrasta de roupão na sala, ela me olhou da cabeça aos pés
-Oi sapatona!- espera, que? Ela tá brincando com a minha cara, só pode.
-O que você disse?- Arqueei a sobrancelhas em sinal de "revolta". Vi meu pai vindo em minha direção e logo Fernanda sorriu e mudou a sua expressão facial.
-Disse "Oi querida"- Como que consegue ser tão falsa. Sei que ela não aceita esse lance de homossexualidade e tudo mais, porém, essa foi a primeira vez que ela fez esse comentário ridículo. Aprendam uma coisa, só se pode chamar alguém de Sapatão quem é do Vale!
-Estou indo pro quarto. Pai, vai lá depois, quero falar com você a respeito do jantar- Dei uma olhada para Fernanda. Não tinha me sentindo tão ofendida. Porém, era desnecessário aquele comentário.

Depois de praticamente 1 hora de espera, meu pai resolveu aparecer no meu quarto. Estava deitada com as pernas para cima e com o fone de ouvido ouvindo Whats Up (Mais uma referência de Sense8 para vocês). Tirei o fone ao vê-lo entrar e me sentei com a pernas cruzadas

-Queria falar comigo Juju?-Disse meu  pai fechando a porta lentamente
-Queria sim. Senta aí.
-Parece aquela vez que você resolveu me conta que beijava Unicórnios se sentisse vontade- Dei uma risada fraca e o encarei.
-Seguinte pai, eu não quero a Fernanda em casa amanhã. Se possível o jantar sem ela, seria a melhora que você poderia estar fazendo viu.- Ele me deu uma olhada forte e ao mesmo tempo confuso.
-Posso saber o porquê?
-Claro que pode!! Eu cheguei hoje e ela me veio chamando de Sapatão- Cruzei os braços e dei uma bufada
-Mas você não é?- Ele só pode estar brincando com a minha cara, não é possível.
-Nãããão! E aprenda, só se pode chamar alguém de Sapatão se você é uma Sapatão ou do vale.
-Mas que vale é esse, pelo amor de Deus?
-O vale do arco ou vale dos homossexuais- revirei os olhos e ele começou a rir- Qual a graça?- Se eu estava ficando brava? Aaah, estava sim!
-E isso lá existe?- Foi a minha vez de olhar pra cara dele e começar a rir.
-Pai, você poderia virar comediante, porque seus comentários são os melhores. Olha, eu sei que quando eu percebi que pertencia ao Vale, comentários idiotas e desnecessário viriam a tona, mas amanhã a minha namorada vem pra cá e por acaso ela é Lésbica e não igual a mim. Que sincera, ainda não sei em qual gênero me encaixo e se a sua esposa, namorada, amante tanto faz, falar algo do tipo para a Lisa, não vai ser legal.
-Ta bom, tá bom. Eu falo com ela
-Agradecida viu.
-Era só isso?
-Não, quero saber o que vai ter pra comer amanhã?
Ele me olhou e começamos a rir. Um flash de lembranças de quando Mamãe estava viva passou pela minha mente. Nós três costumávamos ficar deitados na cama rindo e contando histórias. Mas como o próprio ditado diz "O que é bom, dura pouco"

Lisa On

Se foi difícil dormi? Vocês não imaginam o quanto. A ansiedade as vezes me domina e o sono vai embora, lembrando que sou capaz de dormi mais de 12 horas, mas hoje, se dormi 3 horas completas foram muitas.
Depois de acordar umas 10 vezes durante a madrugada, desisti de tentar dormir novamente, peguei meu fone e pluguei no meu celular. Resolvi assitir algum filme triste para chorar e vê se me animou logo em seguida (se sou difícil de se entender? Que nada).
O menino do pijama listrado, foi o escolhido. Se eu cheguei a ver o final? Puff, não, dormi praticamente no começo do filme.
Acordei num pulo com o meu telefone tocando, era a Julinha. Olhei o para o relógio antes de atender e já eram 11:45, meu Deus, agora eu consegui dormi hem

A Garota da BibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora