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Cinco meses após perder uma parte da sua memória, Max Williams se vê confuso com as imagens de uma mulher surgindo em seus sonhos. Ele sabe que a ama, mas não a conhece. Como isso pode ser possível?
Ser esquecida doeu, mas não era algo...
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"Você colocou as mãos em mim, e então sorriu ao me ver queimar sob o seu toque."
Diário de Elara Saint Clair
Quatro meses após a mudança.
— Mas Daphene, essas caixas são muito pesadas para mim! — Bato o pé no chão, em total protesto. Como pode ela querer que eu carregue uma caixa enorme cheia de livros na minha condição?
— Você é forte, já a vi levantar caixas mais pesadas. - Ela abanou a mão no ar. Um simples gesto indicando a insignificância da minha retórica.
— É, mas eu não estava grávida de quatro meses! — Revirei os olhos e cruzei os braços.
— Circunstâncias, querida - Daph deu de ombros. — Circunstâncias.
Em geral, ela é uma senhora muito boa e atenciosa, mas sua personalidade instável é de um nível estratosférico! Há dias em que ela é a rosa, e em outros, o próprio espinho. Eu não tenho do que reclamar, meus hormônios estão enlouquecendo e eu posso sim ter passado por alguns transtornos também.
— Eu ainda vou te denunciar por maus tratos - resmunguei.
Apanhei a caixa mas ela não durou nem cinco segundos nos meus braços. Tive que jogar no chão antes que eu também caisse.
- Conversa fiada - sorriu. - Você quase nem trabalha.
Eu virei meu rosto em sua direção, lançando para ela o meu olhar mais ameaçador.
- Como é que é?!
- Brincadeirinha, Larinha! - Daph riu, contornando o balcão para me dar um beijo rápido na bochecha. - Deixa isso aí, quando o Finn passar por aqui eu peço para ele levar a caixa para o andar de baixo.
Coitado do Finn, pensei. Sempre vinha na biblioteca alugar algum livro e nem mesmo gostava de ler! Meu palpite era que toda essa encenação era para ver a Daphne. Fazia sentido, porque sempre que ele vinha era exclusivamente no único horário que minha patroa assumia a gerência do lugar. Eu percebi quando notei que os livros que ele devolvia não tinham uma marca de leitura sequer. Então, quando um livro novo voltou das suas mãos mais novo ainda, eu passei a desconfiar.
Só que Daphne não era nada boba. Ah, não. Aquela perua sem vergonha sabia muito bem como se aproveitar de uma situação. Sempre que ele vinha, Daph tinha algum trabalho esperando pelo pobre homem.
- O que você faz com o coitado do Finn é proibido e tem nome. Se chama escravidão.
- Ele que se oferece para ajudar, sempre! - Para enfatizar ainda mais que era isenta de qualquer culpa, a falsa santa uniu as palmas das mãos e me olhou inocentemente. - Juro.
