Quatro: Procurando você

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Maybellene tocava no fundo de algum bar lotado

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Maybellene tocava no fundo de algum bar lotado. Um bar, literalmente, lotado.

As pessoas passavam por mim aos empurrões, sem se importar em pedir desculpas. Todos vestidos à carater de alguma festa fantasia dos anos 50. Uma confusão de bolinhas e jaquetas de couro.

E em meio a tantas cores vibrantes eu ainda consegui encontrá-la. Não foi difícil, eu tinha um GPS interno que sempre me levava até ela. O meu anjo.

No fundo do bar, tímida e reservada, estava ela. Perfeita em um vestido de bolinhas vermelho, com os longos cabelos castanhos presos no alto da cabeça.

Ela parecia uma boneca. A minha boneca.

Acho que flutuei ao seu encontro. Não lembro de ter sido tão rápido a vida toda.

Ninguém falou nada. Ninguém disse uma mísera palavra. Por medo, é claro. Porque toda noite a gente se encontrava, e toda noite a gente cedia ao desejo de dizer aquelas três palavras proibidas, que quando ditas, nos separava. Quebrava meu sonho em um milhão de fragmentos e levava meu anjo embora.

Estendi minha mão, convidando-a para dançar e gentilmente, ela aceitou, me tocando com seus dedos delicados.

Se eu pudesse ver seu rosto, diria que está sorrindo. O sorriso mais feliz que sua timidez permitira.

E nós dançamos a noite toda. Juntos, sem desgrudar um do outro. Matando a saudade da noite passada, quando por um deslize, eu tive que dizer para ela que a amava.

- Querido. - Ela sussurou em meio a nossa performace de Blues Suede Shoes.

- Não, anjo.

Ouvi seu riso e o medo se apossou de mim quando a melodia da sua voz foi se afastando, ficando mais distante.

- Eu não sou real. Você sabe disso, não sabe?

- Você é real para mim, Anjo.

- Não, Max. Você já me perdeu, querido. Pare de sofrer por isso.

Eu a ignorei. Puxei sua mão e trouxe seu corpo colado ao meu. A abracei tão forte, com medo de perdê-la. Enfiei meu nariz no seu pescoço e inspirei fundo, temeroso em nunca mais sentir aquele cheiro de vida e amor.

- Eu não perdi você - sussurrei. - Você está aqui, bem nos meus braços, meu anjo.

Ela beijou suavemente minha bochecha, e por algum motivo, aquilo ardeu.

- Eu estou em qualquer lugar Max, menos nos seus braços.

A música já não tocava, o bar ficou instantaneamente vazio e meu peito doeu, como se estivesse despedaçando.

- Eu te amo, Max Willians.

- NÃO!

Mas quando estiquei minha mão para tocá-la. Para ter seu afago quente por uma ultima vez, aquele cenário ilusório foi despedaçado em um milhão de fragmentos. Assim como meu coração.

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