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Após minutos a observando, eu decidi me levantar. Minhas costas ainda ardiam um pouco por conta das unhas dela terem me rendido arranhões, mas nada que eu não tenha adorado receber.

Me sentei na cama, observei-me de longe pelo espelho, ela de costas para mim, as costas também avermelhadas, era uma bela visão pela manhã.

Caminhei até o banheiro, liguei o chuveiro e fui à procura de algo pra vestir, e foi aí que ouvi a voz dela.

"Merda!" - ouvi ela falar, um pouco baixo.

Continuei dentro do closet, e consegui perceber que ela estava se trocando rapidamente, provavelmente na intenção de ir embora, parecia estar realmente incomodada de não ter ido antes.

- Esta tudo bem? - Sai do closet e acabei a assustando, parecendo deixá-la um pouco desconfortável.

- Não, eu preciso ir. - Soltou sem nenhuma tentativa de fazer não parecer o que realmente era. - Eu já deveria ter ido.

- Enquanto eu dormia? - Eu ri, ironicamente, fazendo-a perceber o meu desconforto.

- Sim. - Disse e começou a procurar o celular dentro da bolsa.

- Você pode ficar e tomar um banho e um café, iremos para o mesmo lugar de qualquer forma, não vai ser muito fácil de me evitar. - Disse mais uma vez ironicamente, tentando fazer parecer menos pesado.

- Isso não deveria ter acontecido novamente e não era para estar sendo desse jeito.

- Desse jeito? - A fiz olhar para o meu rosto, que já havia mudado de expressão há um tempo. - Somos adultas, Cate. Se quiser transar comigo e agir como se não tivesse acontecido na manhã seguinte, vá em frente, mas não faça isso. Somos amigas, tomar um café e pegar uma carona não vai te fazer diferente.

- Não é o que parece. - Como sempre, fria. Poucas palavras. - Mas se você insiste... - Bufou e jogou a bolsa no chão, tirando a blusa. - Eu vou tomar banho antes.

- Não, você não vai. - Coloquei meu braço no batente da porta e impedi que a mesma passasse, e no mesmo momento seu olhar abaixou para os meus seios, voltando para os meus lábios rapidamente.

- É mesmo? - Caminhou para mais perto de mim. Eu respirei fundo e forcei meus lábios uns aos outros, na intenção de me manter em pé, fixa, e não a beijar naquele momento. - Então vamos juntas... - A mão dela agarrou minha cintura e eu retirei rapidamente a mesma, fazendo-a um pouco surpresa.

- Para quem estava querendo fugir, parece um pouco contraditório. - Empurrei-a com o ombro e caminhei em direção ao banheiro. - Eu estou bem sozinha. Com licença.

Caminhei até o banheiro e fechei o box já embaçado pelo vapor. Ela veio atrás de mim, eu a vi em meio à fumaça. Ela permaneceu ali, analisando cada movimento que eu fiz enquanto estava tomando banho, sem dizer uma única palavra, apenas parecia saborear cada segundo.

Quando eu saí, ela simplesmente me entregou o roupão, fechou a fita assim que coloquei o mesmo, e passou por mim, entrando em seu banho. Eu apenas fechei
a porta do banheiro e fui em direção à cozinha.

Aquilo estava extremamente estranho, e ficaria ainda pior se eu perdesse o meu tempo tentando conversar com ela. Ela não era de muitas palavras em assuntos que não a convinham e eu era de extremas perguntas, extrema intensidade. Gosto das coisas certas, das coisas exatamente como planejei, e ela ser imprevisível me irritava um pouco. Fazer as coisas como queria, me ter no controle... Isso era insuportável, eu estava me deixando levar, e não sou uma pessoa que se deixa levar.

Coloquei as frutas picadas dentro de um pequeno prato e comecei a comer. Ela veio até a cozinha alguns minutos depois, pegou um copo térmico de café e colocou um pouco dentro, indo para o quarto logo após. Eu não perguntei, não hesitei em pedir pra ela se sentar, apenas terminei o meu café da manhã e fui ao closet me preparar.

- Você está bem? - Ela perguntou e eu não a respondi. - Estou falando com você.

- Eu não sou surda.

- Então responde. - a encarei com irritação e ela sorriu sem mostrar os dentes.

- Eu estou ótima, e você? - Coloquei a calça e abotoei os botões, sentando no pequeno banco para poder colocar minha bota.

- Não quero que você me leve a mal...

- Não levei e nem levarei. Se você quer só sexo, será só isso. Se quiser manter a amizade dessa maneira, irei manter, mas se preferir parar com isso, nos paramos.

- Eu quero parar. - E pairou o silêncio. - Mas eu sei que não consigo.

- Não consegue? Ou não quer? - Ela riu maliciosamente e eu não pude deixar de fazer o mesmo. - Okay...

- Quando eu decidir o que eu quero, você saberá.

- E como vai saber se eu quero o mesmo?

- Eu vou saber. - Segurou meu queixo com uma das mãos e depositou um beijo lento. - Vamos. Eu dirijo. - E saiu em direção ao quarto.

Body on MeOnde histórias criam vida. Descubra agora