XXXV

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•••Storybrooke•••
Emma Swan...

Adorava observar Killian em tudo que ele fazia. Se cozinhava, gostava de ficar vendo. Se ensinava Henry a lutar com espadas, gostava de observar. E se passava o dia inteiro olhando através de uma luneta, olhava com o maior prazer do mundo. Ele parece perfeito em tudo que faz, a sua sensibilidade, sua "delicadeza", seu jeitinho próprio de fazer tudo me deixa encantada por ele. A forma como ele meche os pés nervosamente enquanto olha através da luneta para qualquer região, a forma como seus lábios ficam abertos a cada nova vista, como se fosse a perfeição para ele. Tudo nele, cada pequeno detalhe, mostra o quanto tudo que ele faz significa para ele. Há muito tempo não me sentia confortável para fazer algo que eu realmente goste, como por exemplo, ajudar as pessoas, agindo como a pessoa que fui destinada a ser.

Quando descobri a beleza desse cargo, me apaixonei e salvar as pessoas virou uma das coisas que mais me trás alegria, êxito, uma das coisas que mais dá sentido a toda a minha existência e todas as dores que senti durante ela. Ultimamente não tenho sido a salvadora, tenho sido apenas a Emma Swan que está grávida e precisa se manter à salvo o tempo todo. Gosto de ser a Emma grávida, mas queria poder aproveitar mais. Conciliar minha gravidez com o resto da minha vida como toda grávida faz. Mas, tudo bem, gerar um filho da luz não é a mesma coisa que gerar um filho sem magia, requer bem mais cuidados e preocupações. Ultimamente, tenho tido um turbilhão delas.

Minha filha é especial e se tudo isso é um preço a se pagar por ela, por mim, tudo bem, estou disposta a fazer isso. E Killian também parece disposto. Mais do que isso, parece que quem está grávida é ele. Seus cuidados pro mim triplicaram com tudo que temos vivido, com as incertezas e tudo mais. Há bastante tempo não sei o que é usar magia. De uma maneira estranha, me sinto como se faltasse parte de mim. Juro que tenho tentado ser mais leve, ter menos motivos de reclamar e procurar ver sempre um lado positivo em absolutamente tudo que me acontece.

Estava distraída com meus pensamentos quando escutei Killian me chamar. Levantei devagar e segui até ele, ao chegar lá, passou seu braço ao redor da minha cintura e me trouxe para mais perto.

- Olha como isso é incrível. - disse, me entregando a luneta em minhas mãos.

Coloquei na altura do olho e ele se moveu para trás de mim, direcionando a luneta para onde estava o que ele queria que eu visse. Avistei a praia, fiquei sorrindo, gostava da praia. Era realmente lindo, mas não entendia como Killian podia dizer que aquilo era tão incrível, me perguntei se era apenas aquilo que ele queria que eu visse. Movi um pouco mais a luneta e logo avistei Henry e Violet, os dois de mãos dadas caminhavam sem pressa alguma na orla da praia. Não gostei muito do que vi, aquilo me remetia a uma lembrança ruim com a Hidra.

- Tem certeza que não é perigoso os dois estarem ali? - perguntei a Killian, tirando a luneta do olho e me virando para ele.

- Não tenho, mas, sei que não é tão perigoso quanto comandar um navio, algo que o seu filho faz muito bem. - ele disse, passando a mão no meu rosto. - Seu filho é forte, não se preocupe.

Sorri, grata pela tranquilidade que me deu e fiquei na ponta dos pés, depositei um beijo rápido em seus lábios.

- Obrigada por... - dizia, quando a campanhia soou.

Lembrei-me que estávamos aguardando meus pais.

- Chegaram. - Killian disse, me largando para que eu abrisse a porta.

- Vocês demoraram. - eu disse, assim que abri a porta e vi os meus pais atrás dela, seguidos de Regina e com sorrisos nada convincente em seus lábios.

Dei espaço para que entrassem e fechei a porta atrás de mim, pedi que eles ficassem confortáveis no sofá, parecia que tínhamos coisas para tratar que não seriam tão boas assim, conseguia sentir isso. Me encostei na parede e Killian segurou a minha mão, ficando ao meu lado.

- Não temos boas novas, Emma. - Minha mãe disse, um pouco tensa.

- Eu imaginei. - Killian disse, sem jeito.

Era triste termos que estar desse modo, tão "desamparados".

- Eu fiz pesquisas, li vários livros, traduzi muitos outros, leis de magia e tudo que possível, mas, não há nada que possamos fazer para impedir o enfraquecimento das barreiras da cidade, a não ser uma maldição... - Regina começou a falar, sua voz parecia cansada.

- E não iremos fazer uma maldição nova, isso está fora de cogitação. - minha mãe relembrou.

Apertei mais a mão de killian, pedindo discretamente pelo seu abraço. Ele passou o braço ao redor do meu pescoço e me trouxe para dentro do seu confortável abraço. Tive de manter a compostura.

- Nenhuma solução? - perguntei, ainda com espectativas.

- Nada bom o suficiente, estaríamos adiando o inevitável apenas. - Regina disse, mais uma vez.

- E então, o que nós fazemos para nos proteger? Pra proteger nossa filha? - Killian indagou, um tanto exaltado.

- Temos uma idéia, mas não sei se vocês irão gostar tanto. - Meu pai disse, com uma leveza que não compreendi.

- Não estamos tendo muita opção de gostar ou não. - comentei, quase em um sussurro, mas que foi escutado por todos.

- Qual é a idéia? - Perguntou Killian, querendo ir logo ao ponto.

- Ir para casa. - minha mãe disse, com um sorriso resistente em seus lábios.

- A floresta encantada? - Indaguei, completamente sem noção.

Os sorrisos que cresceram nos rostos deles me serviu como um severo sim. Olhei para Killian, minha cabeça não pensava em nada naquele momento.

...

Killian já estava deitado quando saí do banheiro. Estava quieta desde que meus pais tinham ido embora, minha cabeça estava pensando no que haviam dito e no que nós poderíamos fazer a respeito. Não queria deixar Storybrooke, muita coisa já aconteceu aqui mas, no momento eu não tenho tido opções. Não posso simplesmente dizer que não vou fazer isso e atrapalhar a vida não só da minha filha, mas de todos nós que moramos aqui. Era doloroso de admitir, mas não podíamos ficar. Não podíamos mais nos submeter ao tempo.

Vesti um pijama quentinho, bem largo que não marcava a minha barriga demais e que me deixava bem mais confortável e fui para cama, me deitei ao lado de killian, que parecia uma estátua ao fitar incansavelmente o teto. Coloco a mão em seu rosto, o fazendo me olhar. Dou-lhe um beijo em seus lábios, um beijinho curto mas que significou bastante para mim. Através dele queria dizer que estaria ao lado dele para tudo, mesmo que tivéssemos de nós acostumar com um estilo de vida completamente diferente outra vez.

- Você está bem? - o Indaguei, seu olhar parecia perdido, assim como todo o resto.

- Na verdade, não. - ele respondeu, movendo o olhar para mim.

Somewhere we go, I love you!Onde histórias criam vida. Descubra agora