sorry 31

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"Estou cansada."

"Largue de ser idiota, não demos nem dois passos para fora do apartamento." Jihyo resmungou e Dahyun bufou mais atrás pensando que talvez aquela teria sido uma péssima ideia. Afinal de contas, tinham muitas coisas para tirar das caixas ainda e as aulas na faculdade começariam dali duas semanas. Além do mais, haviam acabado de chegar de uma viagem de última hora da Coreia para New York, santo Deus ela não sentia suas pernas.

"Nós nem sabemos para onde estamos indo, e se nos perdemos?" Tentou outra vez, com um tom de voz mais desesperado.

"Eu trouxe meu celular, temos GPS. E sempre podemos pegar um táxi de volta para casa." Jeongyeon murmurou, como se tivesse tudo sobre controle.

"Pode não ter nenhum táxi e o celular da Jung descarregar."

"Eu garanti que ele estivesse 100% quando saímos de casa e sempre temos o seu e os das garotas." A menina murmurou outra vez e Dahyun estreitou os olhos.

Estava começando a ficar sem ideia para desculpas e isso a deixava irritada.

"Bom, eu ainda posso voltar e ficar e vocês saem..." Tentou, mais uma vez, agora com um sorriso feliz no rosto como se não existissem mais respostas negativas possíveis para essa ideia.

"Nem pensar. Eu dirigi muito mais que vocês todas e só queria dormir, agora estou aqui e você vai ficar também!" Nayeon resmungou, a voz parecendo bastante irritada.

Dahyun bufou.

Santo Cristo, aquilo era difícil.

"Mas..."

"Cale a boca, Dahyun. Vai ser divertido, você precisa de algo bom em sua vida, só fica trancada naquele quarto." Jihyo disse, com firmeza na voz.

"E o Tyler?"

"Eu o deixei com nossa vizinha, ele vai ficar bem, qualquer coisa ele bate nela com a coleira." A garota disse, de forma divertida e entre uma risada.

"VOCÊ DEIXOU MEU BEBÊ COM UMA ESTRANHA? Ela pode, sei lá, vender ela no mercado asiático e ele vai virar cachorro quente!" Dahyun elevou a voz, sua respiração se alterando e Jihyo a olhou com os olhos estreitos.

"Isso foi um tanto racista, além do mais, era uma velhinha." suspirou. "Ele vai ficar bem, nós deveríamos apenas nos divertir, que tal?"

Todas encararam Dahyun com atenção por no mínimo oito segundos seguidos. Dahyun pensou bem durante todo esse tempo. Meu Deus, já estava na hora dela seguir em frente. Um passeio pelo Japão não ia mudar nada, não é? Ela definitivamente deveria seguir em frente.

Sabe aqueles trinta segundos de coragem que todas as histórias contam? Todos temos eles. Dahyun fechou os olhos e sorriu, porque, Deus, estava na hora dela usar os dela.

Trinta segundos de coragem.

É uma pequena decisão e ela estava com suas amigas, sabia que estaria bem.

Então, Dahyun decidiu. Nos maiores trinta segundos de coragem de toda sua vida. Ela decidiu seguir em frente.

Ela acreditava em Heráclito mais do que em Deus, ela acreditava no fato de que "o ser e o não ser" era toda a essência do mundo. Alguém nunca entrará em um rio duas vezes pelo simples fato de que as águas e as pessoas mudam. Se a nossa essência muda, nossa vida também, não é mesmo? Podemos concluir simplesmente que há muitas vidas para se viver em apenas uma.

E meu Deus, ela deixara o amor da sua vida sumir no ano passado e passara um ano todo em busca dela, sem o mínimo sinal. Era hora de seguir em frente. Aquela não seria sua única vida, desde aquele dia sua essência mudara.

asshole ☹ saida Onde histórias criam vida. Descubra agora