Lembranças

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Chegando na casa de Alex, me senti um pouco mais tranquilizada, mas nada tirava da minha cabeça a ideia de ter convivido com a minha irmãzinha por todos esses anos sem ao menos saber.

Eu realmente não sei o que fazer, eu não conheço América, conheço a Madison. E o meu pai? Que papel ridículo que ele está fazendo escondendo da nossa própria família o aparecimento de sua própria filha dada como morta a anos atrás.

Estava totalmente perdida em meus pensamentos quando senti uma vontade incontrolável de me cortar, ou fazer qualquer coisa que me aliviasse dessa dor.

_Eu preciso acabar com isso, preciso acabar comigo mesma- eu disse a mim mesma

_Maju, Está tudo bem?!- Alex veio da cozinha

_Está sim, só preciso de um banho para relaxar- menti, eu sabia muito bem o que eu ia tentar fazer comigo naquele banheiro.

_Tudo bem, tem toalhas limpas lá pode usá-las, vou ver se arranjo algo para você vestir-ele disse

Quando ele se afastou eu comecei a falar comigo mesma de novo

_Hoje finalmente sentirei o alívio de toda essa maldita pressão!

Ele voltou me olhando estranho, parecia ter escutado o que eu disse mas eu não liguei.

_Pode ir lá, está tudo arrumado no banheiro.

_Obrigada- eu disse me levantando do sofá e indo rumo ao banheiro.

Cheguei lá e vi que estava com chave, logo me tranquei. Comecei a procurar algo com que eu pudesse me ferir- tentativa inútil, não achei nada.

Aquele banheiro era impecável, nada a mais, nada a menos, nada fora do lugar. Tinha uma bancada com algumas mini gavetas onde não encontrei nada. Decidi tomar banho mesmo.

Me despi, entrei debaixo do chuveiro elétrico e logo senti a água quente batendo em minhas costas nuas. Comecei a me lembrar de tudo.

Acidente. América. Desaparecimento. Morte. Estupro. Meu pai. Alex.

E por fim, Madison. Comecei a imaginar a possibilidade de América e Madi serem a mesma pessoa.

_Não, Não, Não, Não...

Eu repetia essas palavras pausadamente na minha cabeça, até que voltei a pensar em tudo o que aconteceu  e veio somente uma coisa na minha cabeça -a risada daquele monstro que me violentou, Número Desconhecido.

Depois disso vi minha mente rodando, bati de cabeça no vidro do box e dali a diante cai sentada naquele chão com a água quente caindo sobre mim. Me vi desmaiando, e desmaiando até desacordar. Segundos depois não vi mais nada, além da imensa escuridão.

(...)

Lá no fundo ouvi zumbidos, ainda desacordada ouvi alguém batendo na porta desesperadamente tentando derrubar. Até que 3...2...1 ouve-se um estrondo.

Provavelmente horas haviam se passado e eu estava ali desacordada dentro daquele box de vidro.

Quando acordei estava numa cama grande, vestida e bem aquecida. Forcei os olhos a ver se era Alex sentado na beira da cama com as mãos no rosto, parecia preocupado.

_Alex?- eu disse fraca

_Finalmente você acordou!- ele disse vindo até mim

_Me desculpa...

_Não se desculpe, desmaiar depois de uma notícia daquelas é muito normal.

_Pois é- eu disse triste-

_Mas não fique triste, eu estou aqui com você, e minha pipoca doce também, e vários doces e coisas gordurosas pra gente comer

_Ah que legal- fazia muito tempo que eu não comia, não comia exatamente nada, mas não sei como com ele eu aceitei.

-Ele colocou um filme pra gente assistir, de preferência de desenho animado, deitou ao meu lado, respirou fundo bem aliviado e deu play no filme com o controle.

Minha família preocupada pode esperar, agora que eu conheci alguém que se preocupa comigo de verdade.

Número Desconhecido Where stories live. Discover now