Número Desconhecido

Decisão

Passei a noite no Hospital com Alex. Ele havia tomado um tiro certeiro no peito esquerdo. A bala estava exatamente alojada no meio do coração dele. Estava mantendo ele vivo, e ao mesmo tempo o mantendo em coma por tempo indeterminado.

Falei com o pai dele pelo telefone e o mesmo me disse que estava fora do País. Disse que só poderia voltar daqui a uns 5 meses por ser uma viagem de negócios.

Eu estava com os meus problemas na cabeça, e também os dele agora. Mas estava tentando ficar bem por ele, vou retribuir toda a ajuda que ele me deu deixando tudo sobre controle.

Peguei no celular e tinham umas 14 ligações perdidas da América e eu ainda estava me acostumando com uma América no corpo da minha melhor amiga, como minha irmãzinha de sangue e pior: Viva!

Não liguei de volta, preciso resolver tudo antes de conversar com ela cara a cara, abraçá-la, botar o meu Pai na cadeia, abrir os olhos do meu irmão e saber de que lado Iron está.

_Senhorita Marte, com sua licença... Já assinou os documentos que o pai de Alex colocou em seu nome para que fizesse?!

_Não, mas acabei de falar com ele sobre isso. Aliás, pra que é a autorização?

_Para fazer a cirurgia, retirar a bala.

_E quais as chances dele sobreviver?

_Bom... As chances são de 4 em 10, então ou ele vive ou morre, ou fica em coma por tempo indeterminado e daqui a anos desliguem os aparelhos para que outra pessoa que precise mais possa usar.

_Nossa... me dá quanto tempo pra pensar?!

_24 horas. O que o pai dele disse para você ?

_So disse "Qualquer que seja a sua decisão, estou de acordo".

_Ótimo! Sendo assim, tem até amanhã nesse mesmo horário para dar a resposta é assinar os papéis. Boa sorte e qual quer que seja a sua religião, tenha fé.- depois disso ele saiu da sala

Eu sentei na cadeira do acompanhante e chorei. Chorei todas as minhas lágrimas daquele dia. Chorei de soluçar.

_Isso tudo é culpa minha- eu pensei em voz alta.

_Ele é forte... Tem que sobreviver. De um jeito, ou de outro.

Eu ajoelhei naquela cadeira e comecei a pedir.

_Seja lá quem é real, seja lá quem seja Deus... Eu estou te pedindo, não deixe que nada de ruim o aconteça. Sei que permitiu comigo, mas também sei que enviou ele como um anjo da guarda para proteger pessoas de suicídio e outras coisas. Eu juro que vou dar o meu melhor, mas por favor seja qual for a minha decisão, não deixa ele morrer. Por favor, Obrigada.

Depois disso eu senti um grande alívio dentro de mim e dormi.

_Alex, eu vou morrer!

_O que? Não você não vai!

_Eu não vou resistir, não consigo mais.

_Por favor não faz isso, você vai conseguir sim, vai sobreviver e vamos ser felizes juntos.

_Eu queria, mas não dá, eu não tenho mais força. Faça a decisão certa.

_Faz isso, por mim. Sobreviva!

...

Acordei tão assustada com o sonho que percebi que as lágrimas vinham sem que eu precisasse soluçar. Eu estava assustada e ainda não tinha me decidido o que fazer por ele.

Não é possível, eu vou conseguir sim, eu tenho que conseguir tomar uma decisão, e ele tem que viver.