Sempre fui muito selectiva com tudo na minha vida: o que vestir, o que comer, o que dizer, o que procurar, o que insinuar, em quem confiar, com quem andar (evitando ao máximo quem me chamava de cabeça de pedra e testa de ferro) e especialmente com quem namorar.
Houve um tempo que eu fazia Novenas com a minha mãe para alcançar esse propósito acho que chegamos a fazer cinco. E seis meses depois conheci meu actual namorado. Sempre pedi a Deus um homem honesto, sincero e ligado a Ele para que os dois juntos caminhassemos em bons caminhos e nossas idealizações não fossem diferentes.
Meu namorado tem as mesmas qualidades que eu pedi: é honesto, sincero e é temente a Deus. Tudo bem até aí.
Mas existem pequenos detalhes que causam um certo impacto em mim que talvez eu esqueci de mencionar, mas que sei bem que o Pai tem conhecimento pois Ele tudo sabe: não pode gostar de cerveja, tem de gostar de desporto e aventuras, não pode estar muito dentro do mundinho das festas, tem de ser mais alto do que eu (até hoje discutimos sobre quem é mais alto que quem), tem de ter planos bem sólidos para o futuro e não pode ter ilusões com a vida.
Infelizmente, em tudo isso encontrei falhas nele.
Mas não no TQPAD e talvez já dá para entender melhor o porquê das siglas. Ele é o rapaz mais fantástico que eu já conheci e só me dá vontade de continuar a conhecer, ele nunca quis nada comigo não se interessou pelas minhas curvas ou minha beleza.
Simplesmente foi simpático desde o primeiro momento sem querer nada e sem forçar nada, sempre foi genuíno e nunca demonstrou segundas intenções, sempre foi muito amigo e companheiro e não há melhor começo de uma relação saudável e duradoura como esse. Eu quero ele para o resto da minha vida! E não me importo que seja só meu amigo pois sinto-me privilegiada só em o conhecer.
Pousei meu telefone e ajustei o cinto de segurança, após ter saído da casa do PSRD depois de uma discussão sobre a Ema pois seus pais continuavam a insistir em falar sobre coisas que não sabiam.
Tomei um grande susto quando fui interpelada por dois moços numa mota. Achei estranho e quis baixar o vidro, mas desconfiada como sou analisei antes de tentar arrancar o carro, baixei o vidro inocente e o que estava sentado atrás apontou-me uma arma, eu tentei abrir a boca para gritar, mas ele disparou em direcção do céu e não soou barulho algum.
- Podemos te matar agora, levar tudo e ninguém vai notar, ou te poupar e levar só umas coisinhas.
Tirei meu fio de ouro, minha pandora e a minha carteira, enquanto escondia o telefone por baixo da perna rezando para que eles não vissem. Dei-lhes as poucas notas em dinheiro que tinha e respirei fundo.
- Só isso? – assenti. – ouve bem, se não queres que disparemos contra o teu carro segue.
Eu quis morrer com essa declaração e só pude obedecer quando o que apontou-me a arma pulou para o pendura do meu carro. Segui o que estava na mota até ao multi caixa mais próximo onde eles mandaram-me tirar o máximo de dinheiro que conseguia; depois mandaram-me ir embora pela rua do lado esquerdo porque se ainda estivesse na mira deles passados 5 segundos eles disparariam.
Entrei no carro muito assustada e nem lembrei de pôr o cinto de segurança, apenas pisei no acelerador e virei na rua indicada, chorando peguei meu telefone e liguei para o primeiro número que vi.
- Eu estou muito assustada, eu fui assaltada eles tinham uma arma – tentava explicar entre soluços - agora não sei o que fazer ou para onde ir e...
BUMMMM.
Senti um forte embate do carro em simultâneo com a minha cabeça no volante e apaguei.
***
Acordei meio tonta numa cama de hospital, onde minha mão era segurada por outra. Vi o terço na mão e reconheci logo o cabelo, era minha mãe.
Mexi-lhe o cabelo e ela levantou a cabeça olhando para mim sorridente e feliz.
- Meu amor, tive tanto medo de te perder – ela cheirou o meu cabelo e deu-me muitos beijos – Tu és muito inteligente e te safaste bem desta porque aqueles jovens já haviam assassinado três raparigas e Deus foi muito bom comigo por te deixar ficar contigo.
- Sim, parece que as tuas orações deram certo! Obrigada mamã.
Ela me contou que fiquei desacordada por cinco horas, e que o atrofio psicológico reteve o meu cerébro de acordar, pelo menos foi o que o médico disse. Teria de passar por um exame de TAC para saber se estava tudo bem lá no Big Brain. Minha cabeça de pedra e minha testa de ferro serviram de alguma coisa.
Perguntei pelo meu namorado quando o exame acabou e minha mãe disse que ele estava na cafetaria do Hospital.
Fiquei mais curiosa por saber como tudo se passou enquanto estava desacordada e ele me explicou tudo muito seriamente: ligaste para aquele teu amigo que vive na África do Sul a explicar o que aconteceu, ele ligou para a Ema e explicou tudo e que ouviu um grande barulho e já não conseguia ouvir a tua voz pedindo para te localizar, a Ema ligou para a tua mãe e só assim me ligaram e eu fui procurando nas ruas mais próximas, mas quando cheguei uma ambulância já te tinhaencontrado, porque o teu amigo após a Ema explicar onde tu estavas pela última vez pediu a uma prima para ir procurando e ela te encontrou primeiro do que eu.
Senti um desgosto e um sentimento de derrota na voz dele. Então perguntei:
- Não estás feliz por terem me encontrado a tempo?
- Estou. Mas queria ter sido eu... a fazer este bem para ti porque eu sinto-me culpado por tudo isso - ele olhou a minha cabeça enfaixada e no meu ombro e levantou irritado. Depois atirou-se no chão junto da cama ajoelhado e pegou na minha mão.
- Desculpa amor, mil desculpas por não ter te encontrado antes – ele começou a chorar e eu o consolava – eu não te mereço. – apesar de concordar com a frase depois desse pensamento infantil dele fiz um "shiu" e disse "já passou".
Ele tem sempre de ser o centro das atenções.
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O homem ideal (existe?)
NouvellesOi, sou a Sam. Uma jovem mulher complicada e perfeccionista e actualmente numa batalha onde meu oponente sou eu mesma! Será que o que eu tenho é o que quero? Será que eu preciso do que eu quero? Tenho apenas umas horas para uma importante decisão...