Capítulo 10- Beco.

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"Skayler!" Moron me chama logo após terminar a "aula" de bruxos.

"Sim?" Digo.

Ela guarda suas coisas e vem em minha direção. Cassandra se junta a nós.

"Me fale de você, como veio parar aqui?" Pergunta olhando em minha direção.

"Meus pais, eles sofreram um acidente e faleceram... Vim morar com minha tia, Célia." Ela me olha surpresa.

"Célia Campbell?" Confirmo. "O meu Deus, quanto tempo não a vejo. Ela era uma de nós, uma bruxa superior. Trabalhava conosco, era muito poderosa." Diz sorrindo, como se lembrasse de um tempo nostálgico.

Agora é minha vez de olhar para ela surpresa. Cass apenas observava tudo. O que mais falta descobrir da minha tia?

"Uau, minha tia é uma bela caixinha de surpresas." Digo irônica. Ela gargalha um pouco.

"Ela é sim, mas me diga, tem muito tempo que você começou a descobrir seus dons?"

"Bom, Logo após a morte dos meus pais, completei 17, isso faz quase um mês. E foi dai em diante que começou a acontecer essas coisas malucas." Digo tentando não me mostrar fraca, falar dos meus pais ainda me machuca.

"Sinto muito." Ela me olha com pena, argh, eu odeio esse olhar. Me viro para minha amiga.

"Cassandra, se não se importa... Eu estou um pouco cansada." Na verdade, eu apenas queria ir embora mesmo.

"Tudo bem, até mais Moron." Minha amiga se refere a tal professora de bruxos, que se despede e nos faz prometer que estaremos aqui amanhã mesmo.

Eu até que gostei daqui, mas deu para mim esse dia. Vejo que já está no finalzinho da tarde.

"Você não me disse seu dom." Puxo assunto com Cass, enquanto voltávamos.

"Levitação, na verdade, ainda estou aprendendo a usar meu dom corretamente" diz, logo olha para mim, como se tivesse pensado em algo. "Olhe!" Diz animada.

Ela para no meio da floresta, vai em direção a um monte de pedras. Observo tudo, esperando a melhor parte.
Com alguns gestos na mão, Cassandra começa a levitar todas aquelas pedras, passando por cima de nossas cabeça e jogando em um lago.
Olho perplexa. Eu com toda certeza não vou me acostumar tão cedo com isso, é tão... diferente, tão novo.

Ela sorri para mim.

"Até mais Cassandra." Digo para a mesma depois que chego em casa.

"Até, Skayler, tudo vai se acertar ok?" Ela me diz e me puxa para um abraço.

Ok, vamos lá.

"Tia?" Chamo ela, fechando a porta atrás de mim.

"Skayler!" Ela me repreende. "Ficou maluca? Chegar essa hora sem avisar onde estava?" Dou de ombros.

"Você é uma bruxa, porquê não fez um daqueles feitiços malucos e me achou?" Ela suspira.

"Eu não faço uso do meu dom mais." Responde indiferente.

"Por quê?" Pergunto curiosa.

"Só esqueça, e não deixe o celular desligado da próxima. Existe muitos seres ruins por aí, você nem os perceberia no meio dos humanos. Prometi aos seus pais que cuidaria de você, e farei isso." Ela diz se jogando no sofá, aparentemente cansada.

Subo as escadas para tomar um banho. Célia novamente se tranca em seu quarto, quando não está trabalhando, está presa no quarto. Reviro os olhos, ela podia pelo menos me explicar as coisas direito, pelo menos.

Vejo que já são 20h da noite, pego minha bolsa e saio da casa dela, preciso dar uma volta.

Começo andar pelas ruas, me sinto observada, ignoro. Ainda tem algumas pessoas na rua, não muitas. Entro em um beco escuro, me sento do lado de uma lata de lixo.

Depois de muito olhar para o nada, pensando o que estou fazendo aqui, pensando em quando exatamente deixei que minha vida tomasse esse rumo, maluco. O que eu estou fazendo da minha vida? Sentada do lado de uma lata de lixo, em um beco escuro, a noite. Eu sou uma completa sem noção. Sinto lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Me levanto com intenção de ir embora, porém paro, vejo pelo canto do meu olho, uma sombra de alguém no final do beco. Não consigo ver quem seja, mas vem em minha direção.

No começo pensei que fosse algum bêbado, estava prestes a sair correndo.

Juro que tentei sair correndo quando ele estava se aproximando, no entanto, ele move as mãos em minha direção, não consigo me mexer, como se tivesse petrificada no lugar. Merda, mil vezes merda. Lembrei do que minha tia disse a pouco tempo, seres ruins. Por quê eu tenho que ser tão burra e imprudente?

Seu rosto agora, que até pouco tempo era como de uma pessoa normal, agora vira uma espécie de demônio, eu quis vomitar. Eu estava apavorada, solto um berro estridente. Grito mais e mais, isso só parece trazer graça a ele, que ri enquanto sangue escorre de sua boca, era nojento.

Ele fica frente a frente comigo, sinto seu cheiro repulsivo. Já estava esperando o pior, fecho os olhos.

Mas nada aconteceu, o cheiro sumiu. Abro os olhos.

Ethan, acerta uma outra adaga no coração desse ser, que simplesmente desaparece.

Perdi meus sentidos e tudo escureceu.

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