Capítulo 2.

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Livros em cima de livros.

"Tu..Tu lês?"- pergunto surpreendida

"Sim, é o que eu mais gosto de fazer"- responde-me ele com um sorriso torto, e dá um toquezinho com o pé na caixa, o que a faz girar e consigo ler "Não posso viver sem isto".

"Posso-te perguntar o que tens aqui?" - aponto para a caixa e ele responde-me com um sorriso nos lábios:

" Se queres saber, vais ter de ficar para jantar"

É como se eu ouvisse em câmara lenta, ele está a convidar-me para jantar.

"Hum, não posso, já tenho planos"- ficar em casa a chorar pelo novo episódio do "Vampire Diaries".

"Tentativa falhada"- disse-me sem sorrir. Dou por mim a quer fazê-lo sorrir, o quê que se passa comigo?

"Gostas dos Vampire Diaries?"- digo num suspiro.

"Team Stelena ou Team Delena?"- diz-me com uma sobrancelha arqueada.

"Delena duh!"

"Então sim, gosto, podia-mos ir para o teu apartamento e ver uma maratona de episódios do TVD"- responde-me com um tom de estar a pegar comigo.

"Devagar casanova"- digo para entrar na dele, e ele solta um riso contagioso.

"Bem eu tenho de ir, se precisares de alguma coisa, eu moro mesmo à tua frente"

"Está bem Beatrice"

"Anda Judy"- chamo pela minha cadela, e olho uma última vez para o rapaz de olhos verdes, que começa a arrumar o apartamento dele.

Entro no meu gelado apartamento e ligo o aquecimento no máximo. Odeio este apartamento no inverno é sempre tão frio.

Decido fazer uma sande de atum para o meu almoço, já é quase 14h, não me apetece sair de casa, logo agora que está quentinho aqui.

Mando uma sms à Katie a dizer que não me apetece ir.

Katie, a minha querida amiga Katie, ela é quase como eu. Viciada em livros e em séries de tv, só que ela é social e eu não, ela gosta de ir a festas e eu não, ela gosta de conversar e conviver com pessoas e eu não. Não me lembro de como ficamos amigas, acho que ela era da minha turma, tinha muitos amigos e eu não tinha ninguém. Só sei que um dia estava na biblioteca da cidade e ela estava a ler o Jogos da Fome e eu disse "se quiseres posso-te emprestar os outros dois" e não sei como ficamos as duas na biblioteca a falar durante horas dos nossos livros favoritos e as nossas séries de televisão favoritas.

Ela responde-me com "Eu já tou na biblioteca".

Não me apetece mesmo ir, mas vá lá, já não a vejo à algum tempo.

"está bem, estou a caminho" respondo à minha amiga.

Chego 15 minutos atrasada, ao meu 2° lugar favorito, a biblioteca.

Não era uma biblioteca moderna não. Era uma casa grande e velha vista por fora, por dentro era enorme, com escadas para cima e para baixo de metal, livros de cima à baixo, o chão todo em madeira velha que parece que está prestes a ruir mas não. Um verdadeiro tesouro para mim.

Vou direta ao último andar de cima, onde acho que a Katie está, e adivinho completamente porque a porta está aberta, e como só nós as duas é que sabemos deste sítio, só pode ser ela lá dentro.

Subo as 9 escadas em direção à porta do último andar e empurro a porta para trás. A Katie estava deitada no velho sofá rodeada de almofadas, a luz aqui não é muita, são umas lâmpadas penduradas pelo um fio, nada de candeeiros. Parecem pirilampos, mas dá a luz suficiente para ler.

"Katie"- chamo por ela mas não me responde. Pois claro adormeceu. Deve ter ido a uma festa ontem à noite..

"KATIE ACORDA BESTA"- grito e ela acorda como se um zombie tivesse a comer-lhe o cérebro. Eu começo a rir-me, mas paro logo porque odeio o meu riso.

"Podias não ter-me acordado trenga"- disse ela.

"Tenho de te contar sobre o meu vizinho novo"- digo eu e ela, sentasse no sofá tão rápido como uma faísca.

"Então, é um rapaz?"-diz ela muito curiosa e com um sorriso nos lábios. Aquele sorriso. Não posso contar-lhe sobre o rapaz, ela vai tirar o único rapaz que gosta de ler e que gosta do "Vampire Diaries". Não não lhe posso contar.

"É um velhote e olhou para mim como se eu fosse um pedaço de carne."- tento parecer o mais credível possível, e ela acreditou, porque volta a cair deitada.

Começo a imaginar como seria se eu lhe tivesse contado sobre o John, será que ela mo tirava, além de ele nem sequer ser meu? Começo a ter frio, por isso desco as escadas até à entrada, que tem lá uma máquina de café, e tiro um para mim, e vou escolher um livro. Ao ir em direção à prateleira, vejo a última pessoa que não queria nada ver.

Espera o inesperado.Onde histórias criam vida. Descubra agora