nossa despedida

19 de fevereiro.

Thalita:
Consegui levar a Gabie para uma cafeteria finalmente, sempre chamei ela porém ela sempre recusava.
- porque você não quer ir lá?
- café tem gosto de água suja.
- aham, tá bom.
Ela sempre falava isso mas ela me deixou escolher o lugar já que eu não estava no meu melhor momento ontem.
-o que você vai querer?
-tem chá?
-quem vem em uma cafeteria para tomar chá? Pode ser 2 capuccinos.
-isso é o menos ruim?
-espere e verá .
Quando chegou até eu me surpreendi pois ela tomou 2 capuccinos, depois formos para minha casa e maratonamos assistindo 'Friends'. Depois que ela foi embora por incrível que pareça não me senti triste ou como se sentisse como se o Bruno estivesse aqui, eu me senti bem pois estava finalmente sozinha, pois me sintia completa.
No meio da noite fui ao banheiro, então eu vi, eu consegui ver a silhueta do Bruno na porta de seu quarto me olhando, desviei o olhar e quando fui olhar ele tinha desaparecido, não tinha nada ali apenas o quarto dele vazio.
Voltei para cama e bom, fiquei o resto da noite pensando naquela silhueta, eu o vi denovo, ele disse que sempre estaria comigo e ele estava lá, eu pude sentir sua presença mas ele não era real pois mesmo longe não conseguia ver suas feições seu rosto estava inexpressivo.
Quando o dia finalmente amanheceu e já estava na hora de ir pra escola eu já estava pronta, dormi apenas 4 horas essa noite, nada saudável. Quando estava saindo de casa dei uma pequena olhada na porta do quarto dele mas não vi nada. Provavelmente foi o sono, tem que ser o sono.
Chegando na escola vou direto para a sala, não tem como ter outro bilhete no meu armário. Na sala os únicos que estão presentes são a Gabie me esperando e um garoto que chegar 30 minutos antes da aula começar todos os dias, nada normal.
- bom dia, senhora do café
- bom dia, acabei de tomar um, acho que você conseguiu me viciar.
-me sinto lisonjeada, mas não vire uma viciada em cafeína.
-quer passar naquela cafeteria depois da aula?
-queria, mas tenho que ir a terapeuta.
-ta tudo bem?
-bom, eu vi a silhueta do meu irmão na porta de seu quarto, estou meio traumatizada.
Ela fixou seu olhar em mim e desviei o olhar, é estranho falar que viu alguém morto aparentemente vivo em sua casa.
- tente conversar com sua terapeuta, isso pode ser alguma reação de sua cabeça com isso que aconteceu recentemente com seu irmão. 
-ah, talvez seja.
-nem começa com suas paranóias...Ta bom, me conte o que acha que é.
-bom ele escreveu que sempre estaria comigo, sempre.
-bobagem.
Então eu olhei para a janela e eu vi ele de costas conversando com uma garota, eu gelei, fiquei paralisada.
-Thalita?
Não conseguia falar só conseguia ver ele. Então a Gabie passou a mão na frente de meus olhos e me tirou daquele transe.
-Alo?
Eu olhei denovo e não tinha nada lá, nada.
-ah oi, estava só pensando.
-ah sim, fez o dever?
-sim.
-que bom.
Eu me sentei e pensei nisso por toda a aula, eu o vi denovo. Estou ficando louca.
Assim que acabou a aula fui para terapeuta.
- alguma novidade Thalita ?
- dra. Dann, você a acredita em espíritos?
- porque a pergunta ?
- eu vi meu irmão ontem a noite e hoje de manhã parado, era ele tenho certeza. Só posso estar ficando louca.
- pessoas loucas não tem consciência que estão ficando loucas, isso deve ser porque você estava vendo ele diariamente e quando ele partiu você..
-partiu? Para onde você acha que ele foi? Ele morreu e é isso.
Depois de uma longa pausa ela disse:
- acho que para essa semana está bom, semana que vem quero que me conte mais sobre isso, irei te receitar um remédio.
-tudo bem.
Quando entro no carro e pego meu celular vejo as seguintes mensagens da Gabie;
"Quando ver essa mensagem venha pra Cachoeira dos Tucanos."
Nem pensei duas vezes, engatei o carro e fui. Chegando lá vejo uma fogueira armada com um lençol no chão.
-o que é tudo isso?
-normalidade.
-justo, está aqui desde que a aula acabou?
-sim. -então olhamos uma para outra e rimos- nós precisamos disso.
Passou umas 2 horas de conversa e comilança já estávamos mortas de tanto comer e rir. Isso sim é normalidade.
- gabie?
- sim?
- você sente atração por homens?
- as vezes, porque a pergunta?
- eu não sei, não sinto nada.
- e por mulheres?
- também não sei. -olhei para ela- É estranho sabe nós temos 16 anos e nunca beijamos ninguém.
- parando para pensar sim. Posso te fazer uma pergunta? -ela fixa o olhar em mim.-
- sim
- você sempre estará aqui por mim? Já te disse muitas vezes que estou aqui para você mas tenho medo de ficar sozinha.
- é claro Gabie, você é e sempre será minha melhor amiga. Só isso.
Então nos abraçamos, nós ficamos ali naquele abraço por uns 10 minutos no mínimo, aquele lugar era um dos melhores de todos.
Quando olhei pra ela e ela olhou pra mim eu senti alguma coisa, alguma coisa mexeu comigo então perguntei.
- você está sentindo isso.
- sim.
- isso ficará estranho depois?
- Provavelmente, a normalidade sempre volta.
Então me inclinei e encostei os lábios nos dela, e senti seu calor passando para o meu, então voltei para trás, isso não está certo.
- desculpe.
- hum, tudo b-bem ... Podemos tentar esquecer isso?
-devemos esquecer isso.
Então nos deitamos denovo e ficamos vendo as estrelas e nisso eu pensei, eu senti algo por minha melhor amiga? Isso não pode estar acontecendo, não deveria acontecer. Depois arrumamos as coisas e formos embora, nós não ficamos estranhas uma com a outra ou algo do tipo, normalidade.