liberdade fêmea selvagem

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Apesar do medo

e da soma de minhas agonias,

apesar das angústias

e até de minhas epifanias,

além, muito aquém, das culpas,

eu te chamo.


Liberdade,

que eu chamo todos os dias,

cansada de esperar,

passei a lhe buscar

e descobri por que não me atendia:

você está em amarras.

Cabe , então, a mim achá-la

e devorar suas correntes

com a força de meus dentes.


Uma vez soltas,

você e eu, Liberdade fêmea selvagem,

encontraremos a porta secreta

e, lá fora, a luz que quase nos cega

não nos fará recuar.

De mãos dadas, eu e você,

encheremos nossos olhos de alma.

E será ela que fará o tambor soar

para lembrar a nosso coração

que a coragem nasce da fome de cantar.

O corpo, em sintonia, vai lembrar

de bater os pés, cavalgar,

sentir nos cabelos o vento,

cheiro de lavanda no ar,

abrir nosso caminho e caminhar.

Na Companhia da PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora