Apesar do medo
e da soma de minhas agonias,
apesar das angústias
e até de minhas epifanias,
além, muito aquém, das culpas,
eu te chamo.
Liberdade,
que eu chamo todos os dias,
cansada de esperar,
passei a lhe buscar
e descobri por que não me atendia:
você está em amarras.
Cabe , então, a mim achá-la
e devorar suas correntes
com a força de meus dentes.
Uma vez soltas,
você e eu, Liberdade fêmea selvagem,
encontraremos a porta secreta
e, lá fora, a luz que quase nos cega
não nos fará recuar.
De mãos dadas, eu e você,
encheremos nossos olhos de alma.
E será ela que fará o tambor soar
para lembrar a nosso coração
que a coragem nasce da fome de cantar.
O corpo, em sintonia, vai lembrar
de bater os pés, cavalgar,
sentir nos cabelos o vento,
cheiro de lavanda no ar,
abrir nosso caminho e caminhar.
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Na Companhia da Poesia
PuisiPoemas sobre sonhos, sobre inquietações, sobre celebrar as pequenas alegrias, sobre se assombrar um pouco, sobre provocar um tanto. Principalmente, sobre se viver poesia. A imagem de capa é um detalhe da tela A Primavera, de Botticelli, c.1482. No d...