Joana andou sobre seu tapete vermelho em seu quarto, a velha casa, de madeira era, na verdade, seu porto seguro com relação a todos os eventos que ocorreram em sua vida nos tempos recentes. Voltas e voltas sobre ele. Sua cama estava arrumada, mas alguns cadernos estavam sobre ela, Joana é uma estudante do ensino superior. Sua universidade era uma das melhores do país, e sempre estava bem colocada em rankings mundiais. Mas ao entrar na universidade de seus sonhos, percebeu que talvez aquilo não fosse o que sempre quis, mas, já que estava lá, não poderia perder essa oportunidade.
Arquitetura, seu curso dos sonhos, é realmente era. Seu problema com a universidade não era a universidade em si, muito menos o curso, já que o amava, mas as cobranças e pesos que a afundavam dentro de sua própria escuridão, causada pela luz excessiva do nome, sim, a faculdade brilhava tanto, que suas sombras tornaram-se os alunos.
Toda essa inquietação, fora causada pelo final do semestre, notas a saírem naquele dia deixava a todos em um clima maluco, onde tudo se misturava, mas não se encaixava. 23:58. Em dois minutos as notas sairão. Joana sabia que tinha ido bem, mas mesmo assim, seu costume, ou melhor, seu início de ansiedade, não a deixava ficar tranquila. Cronometrando o tempo, tentava se acalmar, mas parecia que a cada segundo que passava o próximo ficava mais longo e mais longo e mais longo. Até que o tempo parou. Joana se viu, caindo, de um céu feito em um degradê perfeito, do azul da noite ao amarelo alaranjado do início do dia. Era uma sensação indescritível. Era doce, fazia cócegas, tinha um aroma agradável de flores. A incomodava que não sentia nada em sua pele, e de repente, tudo foi sumindo, mas ao mesmo tempo, começou a sentir frio. O vento frio que ia ficando mais forte, conforme as sensações iam sumindo. Um completava o outro. Opostos convergentes. Joana percebia que aquilo não era real, mas queria ficar lá mais tempo. Sua vida estava um desastre. Abriu o olho e viu o relógio digital em sua parede. 00:20. Havia desmaiado. Ficou em um estado de morte de ações por vinte e dois minutos.
Suas notas haviam saído, como ela já havia calculado, nota máxima em quase todas, menos em uma matéria que faltou um ponto. Não entendeu o por que tudo aquilo a afetava. Sabia que não era bom, mas não tinha controle sobre isso. Retirou os cadernos com anotações de sobre a cama, e puxou a coberta esticada, deitou-se e fechou os olhos. Começou a pensar e chegou a duas conclusões:Estava com muito sono, e desgastada, precisava tirar férias bem longas.
Era ansiosa de carteirinha, a sociedade havia a criado assim, notas e obrigações que a tomaram por um ódio incontrolável do incerto, do novo, e isso a desgastava, dependia do sistema que vivia para poder viver, mas desenvolveu um ódio profundo ao entender que o sistema tentava transformar todas as pessoas diferentes em um padrão igual, que necessita estar ansioso para poder se encaixar. Decidiu então, começar a levar a vida de um jeito mais leve, não fugindo das obrigações e cobranças, mas andando de um jeito que isso não pesasse para ela.

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Sentimentos à Flor da Pele
DiversosUma coletânea de historias aleatórias, sendo que parte delas são baseadas em estados emocionais, acho que é uma história para ser mais reflexiva. Espero que gostem de ler!