Prólogo: Blood

534 37 6
                                    

Ouço Sonya dar seu último grito de aviso quando tiro os pés dos pedais da bicicleta e eles começam a rodar por conta própria, eu tive a inútil idéia de descer a rua assim. Ela logo vai ganhando velocidade e quando me dou conta o vento gelado do fim de tarde já está batendo no meu rosto, fazendo com que meu nariz, provavelmente, esteja da cor de um tomate. Prevejo um final desastroso e quando percebo a merda que eu fiz já é tarde demais.

Meus dedos apertam os freios e a bicicleta para bruscamente, me lançando para frente. Sinto meu rosto e minhas mãos queimarem quando arrasto no chão, em seguida um líquido quente e viscoso envolve minha bochecha, e um cheiro forte chega ao meu nariz.

Ao tentar me levantar sinto uma forte dor nas pernas e mãos que, ao ver toda aquela quantidade de sangue, começam a tremer. Toco minha cabeça, mas não achei nenhum corte profundo o bastante para causar aquilo.

Aos poucos mais e mais jatos de sangue vão sendo expelidos, agora acho que sei de onde vem. Meus olhos param em uma canaleta no pé do barranco, onde há um cano que dá na mata. Parece que ele precisa de um tampão. Jatos e mais jatos saem de lá. Ele foi projetado para que a mata não fique cheia de lama nos dias chuvosos.

— Sonya! — Grito por minha irmã mais velha, que já vinha descendo a rua com seu namorado, Ben. Ao ver a cena ela fica aterrorizada e começa a correr em minha direção. Com certeza imaginando o tanto de pontos que terei de levar.

— Newt! — Ela limpa o sangue da minha cabeça com sua mão. — Não me deixa, Newt. Vamos para o hospital.

— Eu estou bem, Sonya. — Falo mostrando que minha testa sofreu apenas alguns arranhões. — Mas parece que algo lá em cima não está.

— O que quer dizer? — Ela franze a sobrancelha.

— Esse sangue não é meu. — Aponto para a canaleta menarca.

Sonya estuda todo aquele sangue por alguns segundos e em seguida conclui:

— Isso foi apenas algum animal.

— Jura, Sonya? — Falo em tom irônico. — Eu já estava começando a achar que esse sangue fosse de algum alien.
Ela revira os olhos.

— O que você quer que eu faça?

— Me ajude a levantar e iremos até a mata.

Sonya me encara como se eu acabasse de cometer um crime.
Meus joelhos, mão e cabeça ainda doem. Caminho com dificuldade, apoiando em Ben e Sonya.

Estamos na entrada da mata, nada de suspeito.

— Vamos entrar. — Falo forçando meus braços contra os ombros dos dois.

— Tem certeza, Newt? — Pergunta Sonya, apreensiva.

— Absoluta, não é normal toda aquela quantidade de sangue.

Começamos a caminhar lentamente por entre as folhas secas e galhos quebrados. Minha perna dói quando tento forçá-la no chão.

Alguns minutos e já estávamos na pequena abertura que dava até o cano. Mas não havia nada lá, apenas as marcas de sangue deixando uma grande quantidade de folhas com aquele vermelho escuro.

Running With the Wolves (Newtmas Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora