Running With the Wolves (Newtmas Fic)

1: He Passed My Way

1 Semana Depois

Toda a escola já estava sabendo do incidente na floresta, mas não por minha causa. A polícia havia descoberto um corpo há 800 metros da floresta, quase na entrada da cidade, não há identificação, mas afirmaram que a causa foi um urso.

Não há ursos na cidade.

***

A senhora Elliott, responsável pela cantina da escola coloca uma caixa de suco na minha bandeja.

— Deu 10 dólares, filho. — Ela fala checando a caixa registradora.

— Mas…

— Um suco e dois cheeseburger.

Tiro uma nota de 10 do bolso da calça e deixo-a no balcão, saindo em direção à mesa de Sonya, que está sentada com uma garota de cabelos escuros que nunca vi na escola.

Escorrego a bandejas na mesa e me sento ao lado de Ben.

— Olá, Newtie! — Sonya finge surpresa ao me ver. — Já conheceu Teresa?

A garota sorri e acena.

— Prazer — estendo a mão —, Newt.

— Teresa. — Ela aperta minha mão, e por um momento, sinto um calor exagerado. Suas mãos são delicadas e macias, porém quentes e um pouco úmidas. A garota semicerra seus olhos e solta minha mão logo em seguida.

— De onde você veio? — Questiono-a, enquanto abro meu suco.

— Inglaterra — ela olha por cima do ombro e volta a falar —, eu e meu irmão viemos passar um tempo com meu pai.

— Você tem um irmão? — Sonya sorri com os olhos.

No mesmo instante um garoto de olhos escuros, diferentes dos de Teresa e aparência doentia fica parado ao lado de Teresa.

Ele tinha olheiras, como se não dormisse há dias. Seus lábios estavam secos e rachados. Sua pele mais pálida do que deveria ser, percebo também que suas bochechas sumiram. Seu cabelo está seco e sem vida. Ele está suando um pouco e sua expressão é de cansaço extremo.

— Thomas! — Teresa sorri ao garoto.

Sonya e Ben carregam a mesma expressão que eu… incredulidade.

— Pessoal — a garota se posiciona ao lado do ser febril —, este é meu irmão mais novo, Thomas.

Todos dizemos “Oi” ao garoto, que sorri -- fazendo com que saia uma pequena quantidade de sangue dos seus lábios -- e estende a mão.

Quente. Assim como a de Teresa.

— Ele está meio adoentado esses dias — ela dá dois tapinhas no banco e o garoto se senta no mesmo lugar —, mas logo logo ele estará melhor.

O garoto é bonito, consigo ver isso, mas sua aparência, com certeza, não é a das melhores no momento. Seus olhos encontram os meus, eu desvio para Sonya que está conversando algum assunto qualquer com Teresa.

Ele ainda está me olhando, posso sentir seus olhos doentios em mim.

O sinal toca e os dois se apressam em sair da mesa, nos deixando para trás.

— Vocês viram a cara do irmão dela? — Ben limpa a boca com um pedaço de guardanapo.

— Péssimo. — Falo.

— Espero que ele melhore logo. — Sonya junta as embalagens de comida em sua bandeja. — Que horas a festa da Harriet começa?

— Ela me mandou uma mensagem ontem, às 19:00. — Falo.

Harriet marcou de dar uma festa hoje, já que seus pais não vão estar em casa pelo resto da semana.

Me pego pensando se o garoto novo e sua irmã vão estar lá, mas afasto esses pensamentos no mesmo instante e me levanto.

+++

O vapor toma conta do banheiro, quando saio do box, a única coisa que vejo é minha silhueta na frente do espelho. Pego meu celular, que no momento está tocando músicas, e vou até meu quarto.

Abro o guarda-roupas e me sento na cama, encarando uma infinidade de blusas e calças, totalmente amarrotadas.

— Uni Duni Tê! — Fecho meus olhos enquanto meu dedo aponta para três diferentes direções. — O escolhido foi você!

Abro os olhos e percebo que escolhi uma blusa branca com triângulos pretos espalhados. Visto-a.

Agora só preciso achar a minha calça preta favorita.

Alguém bate na porta.

— Newt! — Sonya grita do outro lado. — Ben já está nos esperando! É melhor se apressar!

Começo a jogar as calças para trás em busca da tão desejada preta. Quando finalmente a acho, tiro a toalha que está amarrada na cintura, visto minha cueca e por fim a calça.

Pego meus sapatos que deixo sempre debaixo da cama.

+++

Ao descer as escadas vejo Sonya e Ben se beijando no sofá, enquanto minha mãe provavelmente está no quarto.

Pigarreio para chamar atenção.

— Podemos ir?

— Ahn… claro! — Sonya arruma seu cabelo enquanto Ben fecha sua jaqueta e vai até a porta.

Sonya fica para trás avisando à minha mãe para onde iríamos, Ben e eu entramos no carro primeiro. Sento no banco de trás e começo a olhar em direção à floresta. As cenas de todo aquele sangue voltam e algo chama minha atenção. Não há ursos na cidade, os policiais sabem disso, nunca houve relatos de ataques de ursos. Como podem acusar um urso? E por que fizeram isso?

Um cheiro agradável e doce toma conta do carro, junto com uma fumaça cinza-clara e tira minha atenção sobre o ataque.

— Está fumando? — Pergunto olhando em direção à porta, Sonya não gosta que Ben fume qualquer coisa, mas principalmente maconha.

Ele me oferece, e eu rapidamente pego o pequeno cigarro da mão dele e dou uma tragada profunda.

Ouço a porta bater e acabo engolindo a fumaça, me fazendo engasgar. Sonya está vindo. Ben joga o cigarro de maconha para fora do carro e posiciona as mãos no volante, como se não estivesse fazendo nada, enquanto eu me acabo de tossir.

— Oi, Sonya. — Falo tossindo tentando disfarçar o máximo possível — Por que a demora?

Ela olha ao redor e inspira com um ar desconfiado.

— Newt… — Ela semicerra os olhos — você estava fumando?

— O quê? — Finjo desdém. — Você sabe que não faço mais isso.

— Newt, o carro está fedendo tanto que daqui a pouco vai nascer uma muda de Cannabis.

Pego meus fones e ligo alta o bastante para não ouvir Sonya e Ben discutindo mais uma vez.

+++

Ao chegar na porta do apartamento de Harriet já consigo ouvir a música alta.

— Vocês acham que a garota nova veio? — Sonya dá os últimos retoques em sua maquiagem no retrovisor do carro.

— O irmão dela parecia mal, acho que ele deve estar sob cuidados. — Falo.

Ao sair do carro esbarro com o ser de aparência doentia que nos cumprimentou na escola mais cedo. Thomas estava radiante, não havia mais olheiras em seus olhos. Seu cabelo tinha uma aparência macia e seu sorriso poderia ser visto há quilômetros. Sua pele rosada, assim como sua boca.

— Cuidado, Newt. — Ele sorri.