2: Mad Sounds

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Os dois entram na frente, já que Sonya ficou procurando seu celular que caiu em algum lugar do carro.

Agora, com Thomas exalando saúde e beleza, a dupla de irmãos chamaria toda a atenção da festa para eles. O que mais me intrigou foi como ele se curou tão rápido em questão de horas.

Sonya arruma seu vestido e fecha a porta do carro.

Sirenes soam em algum lugar na cidade, no mesmo instante em que uma ambulância passa por nós.

— Podemos entrar? — Sonya segura a mão de Ben e ambos vão andando na frente. Tento ver se a ambulância vai virar a rua em direção à floresta ou ir direto em direção aos limites do condado. — Newt!

Ando rapidamente para acompanhar os dois, que entram no apartamento. A ambulância foi direto.

***

A música alta me incomoda, mas tento relevar.

Sonya se juntou à Harriet e outras meninas, inclusive Teresa, a garota nova.

Meus olhos vagueiam à procura de algo que me nego a aceitar. O irmão dela.

Vou até a mesa e pego um copo. Abro uma garrafa de Askov e despejo uma quantidade considerável.

Thomas conversa com uma garota na entrada da cozinha. Ele sorri. Deve ser um assunto muito interessante. Ela sorri também. Ele se aproxima dela. Ela encara seus lábios. Sinto algo escorrer por entre minhas pernas. Thomas a abraça.

Meu copo está no chão e William me dá tapinhas no braço como forma de desculpas. Droga!

Vou até Harriet e suas amigas. Elas encaram a mancha de vodka na minha calça.

— Você mal chegou, Newt. — Dispara Sonya. As outras dão risada e eu finjo rir também.

— Onde fica o banheiro, Harriet? — Pergunto ignorando o que Sonya acaba de falar.

Harriet aponta para a porta e volta a sua atenção para as meninas.

***

Lavo minhas mãos, e quando abro a porta me assusto com Thomas, ele está parado ao lado da entrada do banheiro. O moreno sorri com os olhos ao me ver.

— Olá, Newt. — Em seguida, entra, me deixando para trás. Ele não percebeu a mancha na minha calça, um mico a menos.

Pessoas se beijam e dançam por todo o apartamento e eu apenas observo.

Scott, um amigo em comum das meninas, está agarrado com um garoto. Ashley, beija Minho enquanto dança. Ariana e Tyler discutem por algo que não consigo decifrar.

E Thomas acaba de sair do banheiro.

Ele sussurra algo no ouvido de Teresa e começa a ir em direção à saída.

Abro caminho por entre o mar de pessoas que me cercam e tento chegar na saída do apartamento sem perder Thomas de vista. Alguém aperta meu braço.

— Newt! — Teresa sorri. — Você já está indo?

— Sim, não estou me sentindo muito bem. — Passo a mão na barriga, torcendo para que ela entenda o recado.

— Vamos — ela começa a me arrastar pela sala —, vou pedir para Ben te levar. Você deve estar com pressa.

— Ah, não! — Tento me soltar, mas ele aperta mais meu braço, e, por um momento, eu pensei ter visto seus olhos mudarem de cor. Ficarem amarelos. — Eu consigo ir andando.

— Por favor, Newt. — Ela faz cara de cachorro abandonado. — É perigoso sair por aí sozinho à noite. Principalmente depois do ataque na floresta.

— Eu sei, eu só…

— Vamos, Newt! — Teresa agora segura minha mão. E mais uma vez posso sentir o calor descomunal que vem dela.

Ela se junta às meninas novamente, espero um pouco. Mais precisamente, até ela parar de me olhar a cada cinco segundos.

Eu corro. Não ligo se estou esbarrando em todo mundo e nem mesmo olho para trás.

Sinto um alívio ao sair daquele local. É como se eu estivesse sido mantido refém, mas seja lá o motivo de eu estar aqui fora agora, já perdi Thomas de vista. A única coisa que me resta é voltar para casa.

Fecho minha blusa de frio, coloco meu capuz e saio andando.

***

A única pouca iluminação que há perto da mata é a que vem da lua, que hoje está cheia e totalmente iluminada.

Passo pela mesma canaleta na qual caí há uma semana. As marcas de sangue ainda estão lá.

Ouço algumas folhas secas se quebrarem quando passo, mas ao olhar para o chão percebo que não há folhas nele. Apresso o passo e elimino a possibilidade de olhar para aquela mata ou até mesmo por cima dos ombros.

Meu coração quase para quando algo rola ladeira abaixo e para bem na minha frente. É um homem. Suas roupas estão rasgadas e há sangue por todo seu corpo. Solto um pequeno grito.

Minhas pernas fraquejam e minhas mãos tremem quando ouço-o falar meu nome.

— Me ajude. — Uma grande quantidade de sangue é expelida de sua boca.

O ar que entra em meus pulmões não são suficiente para preenchê-los. Thomas levanta sua mão, esperando que eu a agarre e o ajude a levantar.

— Thomas! — Finalmente uma palavra consegue sair da minha boca. — Meu Deus!

***

Cá estou, voltando para casa sujo de sangue mais uma vez. E como da última vez, o sangue também não é meu.

Thomas se apoia em meus ombros, enquanto eu o arrasto até o fim da rua. Ele já não tem forças para ficar de pé. A única coisa que ele consegue fazer é gemer de dor cada vez que seu pé esbarra em uma pedra.

— Estamos chegando. — Sussurro quando vejo as luzes da varanda acesas.

Ando por mais alguns metros e coloco Thomas sentado no degrau, suas costas apoiadas no corrimão. O garoto ameaça cair, mas passo seus braços por entre as grades, fazendo com que ele fique “preso”.

Procuro as chaves no bolso da calça.

Ao abrir a porta um silêncio incômodo toma conta da sala de estar, minha mãe já dormiu.

— Vamos, Thomas. — Tiro seus braços da grade e coloco-os novamente em meus ombros. — Eu vou precisar que faça uma força para tentar andar. Não quero que minha mãe acorde.

Ele apenas confirma com a cabeça, em seguida sinto ele colocar um pouco mais de peso nos braços. Thomas dá um passo.

— Isso! — Acabo comemorando um pouco alto.

Começamos a andar lentamente para dentro de casa. Fecho a porta com o pé, enquanto vamos até a escada.

— Você consegue subir? — Pergunto. Ele faz força, mas quase cai.

Meu braço segura suas pernas e em seguida faço um pouco de força para levantá-lo. Me admiro ao perceber que Thomas é mais pesado do que eu esperava.

Ele encosta sua cabeça em meu peito quando começo a subir as escadas. Com muito esforço.

Meus braços já estavam pegando fogo quando o soltei no chão.

— Vou te dar um banho, vamos

Running With the Wolves (Newtmas Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora