No final da tarde de domingo, Emily Fields seguiu uma velha senhora com um andador até a esteira rolante do Aeroporto Internacional de Des Moines, arrastando sua velha sacola de natação. A sacola continha seus bens mais preciosos — suas roupas, seus sapatos, suas duas morsas de pelúcia, seu diário, seu iPod, e várias cartas de Alison DiLaurentis, cuidadosamente dobradas, das quais ela não conseguira se separar. Quando o avião estava sobrevoando Chicago, ela percebeu que tinha esquecido as roupas de baixo. Mas era o que merecia por ter arrumado a bagagem com tanta pressa naquela manhã. Ela só conseguiu dormir durante três horas, traumatizada depois de ver o corpo de Hanna ser atirado para o ar quando aquela van a atropelou.
Emily chegou ao terminal principal e se enfiou no primeiro banheiro que conseguiu encontrar, espremendo-se para passar por uma senhora muito gorda vestindo jeans muito aper-tados. Ela olhou fixamente para seu reflexo no espelho sobre a pia e viu as olheiras profundas em seu rosto. Seus pais tinham mesmo feito aquilo. Eles tinham realmente mandado Emily para Addams, Iowa, para morar com sua tia Helene e seu tio Allen. E tudo porque A havia denunciado Emily para a escola inteira, fazendo com que a mãe de Emily a flagrasse abraçando Maya St. Germain, a garota por quem ela estava apaixonada, na festa de Mona Vanderwaal na noite anterior. Emily estava consciente do acordo — ela havia prometido participar do programa de "cura para os gays" da Tree Tops, para se livrar de seus sentimentos por Maya, ou então era adeus Rosewood. Mas quando ela descobrira que até mesmo a sua conselheira na Tree Tops, Becka, era incapaz de resistir a seus impulsos, ela desistira.
O aeroporto de Des Moines era pequeno e tinha apenas dois restaurantes, uma livraria e uma loja que vendia bolsas Vera Bradley coloridas. Quando Emily chegou à esteira de bagagem, ela olhou em volta, insegura. Tudo de que se lembrava a respeito de seu tio e de sua tia era a super-rigidez deles. Eles evitavam tudo o que pudesse estimular impulsos sexuais — até mesmo comida. Enquanto observava a multidão, Emily quase esperava ver o fazendeiro de rosto sério e alongado, junto a sua amarga esposa, daquele quadro famoso, o American Gothic, ao lado da esteira de bagagem.
— Emily.
Ela se virou. Helene e Allen Weaver estavam encostados em uma máquina de alugar carrinhos, as mãos nas cinturas. A camisa de golfe cor de mostarda de Allen, enfiada para dentro da calça, deixava sua barriga proeminente ainda mais óbvia. O cabelo curto e grisalho de Helene parecia engordurado. Nenhum dos dois estava sorrindo.
— Você despachou alguma bagagem? — perguntou Allen, mal-humorado.
— Uh, não — disse Emily, educadamente, perguntando-se se deveria abraçá-lo. Tios e tias normalmente não ficavam felizes em ver os sobrinhos? Allen e Helene pareciam simplesmente irritados.
— Bem, vamos, então — disse Helene. — São duas horas de viagem até Addams.
O carro deles era uma perua antiga, com console de madeira. O interior cheirava a purificador de ar com aroma de pinho, um cheiro que sempre fazia Emily se lembrar das longas viagens de carro ao longo do país, com os avós rabugentos. Allen dirigia a pelo menos vinte e cinco quilômetros por hora abaixo da velocidade máxima permitida — até mesmo uma velhinha frágil que se esforçava para enxergar por sobre o volante os ultrapassara. Nem seu tio, nem sua tia disseram uma palavra durante a viagem inteira — nem para Emily, nem entre si. Estava tudo tão quieto que Emily podia ouvir o barulho de seu coração se partindo em milhões de pedacinhos.
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Inacreditáveis - Pretty Little Liars
AléatoireDepois de tantas coisas acontecerem,a História não acaba neste livro original de pretty little liars.nesse livro Hanna lembra de tudo,E descobrimos quem é -A. Obs: Este livro não é uma Fanfic