Capítulo 4

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CAPÍTULO 4

Amélia

Agora estou sozinha, tenho que andar e me defender sem ninguém ao meu lado para dizer tudo o que tenho que fazer. Desde que cheguei aqui, só ouço que tenho que fazer isso ou aquilo, que não há outro jeito, que não tenho escolha. Estou cansada.

Montei no cavalo e escuto novamente as informações que Joseph me passa enquanto analiso o mapa que ele me dá.

- Faça uma boa viagem, e chegue viva. - Fiz um aceno afirmativo com a cabeça, e segui meu caminho. Mas não o caminho que eu deveria seguir. Eu precisava de respostas, e era isso que eu ia ter.

A princípio, segui o mapa, à caminho de Cutaly, atravessei uma floresta razoavelmente grande e me deparei com um rio, onde resolvi parar e bolar um plano. Desci do cavalo e fui até à margem do rio, e no mesmo instante, o cavalo começou a se agitar, quando me virei pra trás, senti uma forte pancada na cabeça e tudo ficou preto.

As únicas coisas de que me lembrava eram flashes de dois homens brigando e de ser arrastada na terra, só esperava não ser enterrada viva, seria desesperador.

Depois de um tempo, acordo em um lugar desconhecido. Sinto que meus ouvidos estão trancados e apitando, e com certeza, estou morrendo de febre. Tentei várias e várias vezes me levantar da cama, mas todas as vezes eu ficava tonta e caía de volta na cama. Tentei reconhecer o lugar o máximo possível, é um lugar bem simples, uma espécie de cabana, tento reparar nos detalhes mas escuto vozes vindo de trás da porta, uma era muito familiar, a outra era de uma mulher, e ainda uma terceira voz, mais grave. De repente, a porta se abre.

- Pai?!

- Amélia! – Ele diz, vindo a mim num abraço apertado e de saudade, como se não nos víssemos a anos.

- Pai, o que está acontecendo? – Digo, mais seca do que eu gostaria

- É uma história muito longa, está ardendo em febre, por que não descansa um pouco, e quando estiver melhor nós conversamos?

- Não, não vou esperar. Eu não quero isso, sempre tenho que esperar pelas respostas, só sei que isso tem mais haver comigo do que eu imagino, por favor, me diga o que há, ou procurarei as respostas sozinha.

- Tudo bem. Eu sempre tive um sonho, e a partir de um momento ele estava tão próximo de se tornar realidade e eu... estava tão entusiasmado. Me chamaram de louco, disseram que eu precisava me tratar, mas eu insisti tanto no meu sonho que acabei perdendo o emprego.

- Sonho?

- Sim. Quem nunca pensou na possibilidade de viajar no tempo, voltar pro passado, ver seu futuro? Mas, comigo foi diferente, eu queria ter uma história. Uma história em que fosse um bom pai, que você e sua irmã fossem felizes. Eu queria escrever a nossa vida de novo. Por isso minha ideia era criar um baú, com uma história escrita dentro, assim quem fosse usar a máquina, estaria vivendo através da história escrita. Eu escrevi a história baseada na sua vida, na de Esther e na minha. Mas se uma pessoa diferente entrar na história em que não há pertence, a história é contada errada.

- Isso é incrível mas...

- Mas ninguém acreditou em mim, ninguém acreditou que fosse possível. Eu fiquei muito paranoico com isso, então quando me dei por conta, já tinha roubado o protótipo da máquina do tempo. Eu modifiquei-a e tudo estava dando certo, até que sua mãe apareceu. E ainda mais louca que eu, ela queria entrar numa história, viver em uma e estava exigindo isso, e se eu não fizesse isso, ela me entregaria ás autoridades. Eu não tinha escrito direito a nossa história, e era a única disponível, então viemos parar aqui. Bárbara não pertence a essa história, por isso as coisas não estão ocorrendo como eu gostaria.

Entre Princesas - Vol 1Where stories live. Discover now