Capítulo 2

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Novamente estávamos em seu quarto, aquele grande e ilustre quarto, meu coração começou a palpitar, minhas mãos a tremer e não consigo parar de pensar se meu plano realmente irá funcionar. No fundo da sala sobre um criado-mudo há uma estátua do que algum dia foi chamado de Torre Eiffel, será exatamente isso que usarei para meu apaga-lo.

Pego um copo de whisky e me sento na poltrona ao lado do criado-mudo e começamos a beber, comemorar, rir, lembrar dos velhos tempos. Após aproximadamente uma hora de uma boa conversa, eu digo:

-Enfim, eu realmente acho que sua ideia vai funcionar já selecionei um bom pessoal que pode ser útil para nossos fins, deixe-me te mostrar a lista que fiz.

Levanto da poltrona com dificuldades, fingindo estar sob os efeitos do álcool, então meu irmão começa se aproximar para me segurar. Coloco uma das minhas mãos sobre a estátua de modo que pareça que estou me apoiando e quando ele está a uma distância que tenho certeza que irei acerta-lo, levanto minha mão e acerto a estátua em sua cabeça, fazendo-a se dividir em duas partes, e ele cair no chão totalmente desacordado. Rapidamente o arrasto até a mesma poltrona que estava sentado a alguns instantes e amarro seus pés e suas mãos de modo com que tenho certeza ele não conseguirá sair de lá tão cedo.

Finalmente eu posso dizer a verdade a todos sem ter problemas, e é exatamente isso que farei, passei o resto da noite em claro observando-o, com medo dele acordar.

Durante o amanhecer meu irmão aos poucos foi abrindo os olhos, e começou a gritar e me xingar, sem pensar duas vezes pego uma de suas camisas que estava jogada no chão e a coloco em sua boca impedindo-o de continuar gritando, espero que ninguém tenha ouvido aquele berro.

-Bom dia Pessoal, Hoje venho trazer informações reais sobre o que está acontecendo nessa nave. Meu irmão, John, não foi totalmente sincero. Apesar de preferir fazer mais estudos, a terra é habitável sim. E precisamos sim ir para lá, nosso tempo aqui está acabando. Segundo nosso técnico temos oxigênio para mais meio ano. Só que temos um grande problema, com a perda de algumas naves durante a chuva de meteoros em 2045. Não temos capacidade de levar todos, e sinceramente, não cabe a mim essa decisão. Caso alguém queira se voluntariar para ficar na nave e esperar a próxima viagem, por favor se identifique!

Após alguns segundos de silencio total, um tripulante que apresentava ter seus 70 anos se levantou, e disse quase gritando.

-Eu fico! Já estou velho e se tiver alguma chance de minha netinha correr pela grama, sentir o vento em seu rosto como eu senti, valerá a pena ficar aqui e aguardar pelo inevitável.

O ambiente se encheu de murmúrios e após alguns minutos outras mãos se levantaram e sinceramente, fiquei sem palavras com a atitude dessas pessoas. Pensei que todos só se importariam com sigo mesmas e que ter desmaiado meu irmão não valeria de nada. Felizmente, a humanidade me surpreendeu mais uma vez.

-Eu realmente queria que não tivesse que ser assim, porem temos pouco tempo de oxigênio, portanto quero que todos que se voluntariaram continuem nesta sala, o resto voltem a seus postos.

Peguei os dados e agradeci pessoalmente a cada um que se voluntariou para ficar, por incrível que pareça quase metade daquelas pessoas se voluntariaram. Pelo visto todos tem um ente querido que não querem que sofra com os dias que virão.

Me lembrei de que preciso soltar meu irmão. Então após terminar de organizar todos os dados dos voluntários vou diretamente para a cabine dele.

Ao entrar lá posso perceber por seu olhar que ele está furioso, deve ter achado que eu causei um caos na nave contando a todos a verdade e que acabei com a raça humana. Sem demorar muito vou desamarra-lo e ao me aproximar digo:

-John, desculpe por isso, não leve ao lado pessoal, eu tinha de contar a verdade a todos, não temos esse direito de esconder a verdade deles. Droga cara, eles precisavam saber pelo que vão morrer. – retiro sua mordaça

-Você oque? Estamos mortos!! Estamos todos mortos!! – Ele solta uma risada histérica

- espere, por incrível que pareça, no final deu tudo certo, mais de duzentas pessoas deram seus nomes para ficarem na nave, talvez ainda haja esperança.

Assim que o desamarro, ela se vira em minha direção e acerta minha face com uma força capaz de me derrubar no chão e me deixar desnorteado.

-Isso foi pela estatua que você quebrou. – enquanto ainda terminava de falar ele chuta meu estomago. -e isso por ter me deixado amarrado na porra dessa cadeira!

Não sei nem dizer quanto tempo fiquei deitado ali naquele chão, acho que acabei dormindo ali mesmo, para um homem que nunca bateu em nada ele tem uma força impressionante.

No outro dia acordo um pouco tonto e ainda com bastante dores pelo corpo, vou ao banheiro e me olho no espelho, meus cabelos loiros estavam totalmente bagunçados, envolta de meu olho esquerdo um enorme roxo, esse rostinho britânico já esteve em melhores condições.

Voltei para minha cabine e fiquei lá por algum tempo, passei horas e horas olhando para meu computador, comtemplando a última vez que veria aquele álbum de fotos, tirei aquela foto da moldura quebrada e a guardei em meu bolso.

Finalmente, em casaWhere stories live. Discover now