Não consegui dormir à noite toda. Agora meu corpo reclama, meus olhos reclamam e minha sanidade, que já não estava boa, está ainda pior. Hoje é domingo e graças ao bom Deus por isso, embora eu esteja de férias, e todo dia seja domingo, por enquanto.
Terça à noite, teríamos uma reunião como grupo na casa do Miguel ou do Alex que é onde ficam a maior concentração de comidas gostosas. Isso na verdade quer dizer que é onde existe comida, porque eu e o Enzo solteiros só temos leite (muitas vezes estragado), cerveja e água para oferecer, e bendito seja quem inventou o delivery.
Starbucks.
Se ontem ela estava com um copo de café daqui, deve gostar muito. Então provavelmente virá. Fiquei sentado por quase uma hora, já estava perdendo as esperanças, quando ouvi sua voz. Ergui a cabeça que havia encostado na mesa.
Maya estava ainda mais linda que me minha memória foi capaz de recordar durante esses anos. Mal podia acreditar que ela estava ali. A mulher da minha vida, depois de tanto tempo, finalmente, ao meu alcance. Sentia que a qualquer momento, meu coração poderia correr em sua direção, sozinho. Ela estava acompanhada de uma garotinha. Devia ter uns quatro ou cinco anos, cabelos de anjo castanhos claros e os olhos cor de mel mais lindos que já vi em minha vida. Me lembrava alguém, mas não conseguia identificar.
–Mamãe, depois quelo aquele usinho, o marrom beeeem glandão assim – Ela abriu os braços para mostrar o tamanho do urso. Mãe? Ela disse mãe?
–Tudo bem, querida – Falou sorrindo e estava encantadora. Usava uma calça jeans cintura alta, uma blusa branca que mostrava parte de sua barriga, destacando suas curvas, e um óculos que agora estava no alto da cabeça, maquiagem leve e aquele sorriso encantador que só ela sabia dar.
–Bom dia, um chocolate clássico e um expresso com chantilly, um brownie meio amargo e um bolo de limão, por favor, Soraia – Falou simpática com a atendente que sorriu para ela depois de fazer os pedidos. Ela e menina sentaram em uma mesa e eu fiquei as observando de longe por um tempo, conversavam e se divertiam muito juntas, a garota pegou o celular de Maya e começou a tirar algumas fotos das duas.
A mulher que as atendeu levou o pedido a mesa delas e a garotinha completamente feliz puxou seu prato de brownie e o atacou. Maya fez um coque alto na cabeça como fazia quando ela faria algo que conquistaria sua atenção em nossa adolescência. Levantei, sentindo minhas mãos suarem e caminhei até sua mesa.
–Olha mãe, aquele moço da banda! O que você não gosta – A garotinha disse antes que eu chegasse, Maya virou-se com a expressão assustada, e parecia um tanto constrangida por ter sido entregue pela filha.
–Acho que sua mão tem os motivos dela pra não gostar de mim – Falei para a garotinha parando ao seu lado na mesa, sentindo meu coração mais parecido com o batuque eufórico de uma escola de samba – Mas aposto que ela gosta dos demais integrantes. – A pequena sorriu, e eu aceitei isso como um convite para me sentar com elas.
–Sim! Ela gosta muuuuuuuito do Alex – Confidenciou dando ênfase a palavra – Mas a mamãe fica tliste quando ouve uma musica que você canta – Continuou deixando-a ainda mais sem graça. Essa música em questão, foi inspirada na carta de despedida que Maya deixou para mim junto com a caixa preta que ainda mantenho escondida em meu closet.
–Filha – Maya chamou fazendo com que pequena a encarasse – Termina de comer, não sabe que não podemos falar com estranhos? – Ela parecia desconfortável comigo ali.
–Ele não é estlanho, mamãe – Ela falou como se fosse a coisa mais obvia do planeta – Semple vemos ele na Tv, lembla – Completou, e eu concordo inteiramente com a sua lógica.
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Depois do Fim [Hiatus]
RomanceO mulherengo Davi Vasconcelos, astro da banda de Rock "The Kings" sempre quis reencontrar sua primeira namorada, Maya. Mas vê sua vida mudar completamente quando seu amor de adolescência retorna a sua vida anos após um rompimento trágico, anunciando...