Chapter VIII

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"Now you're just a ghost. When I look back never would known that you could be so cold like a stranger vanish like a vapor" - Ghost, Katy Perry

Louis não conseguiu passar a noite no Instituto, se sentia deslocado em sua própria casa. Acordou Liam com sussurros, avisando que sairia e que ele não precisava se preocupar. O moreno acabou preso em seus próprios pensamentos, fazendo deles seu guia pela cidade. Vagou por quase duas horas por Londres, pelas ruas vazias e frias. Louis sempre se sentiu melhor enquanto caminhava, era uma espécie de terapia para ele. Conseguia organizar seus pensamentos de forma leve e harmônica, não tinha pressa e muito menos pressão. Era só ele e a rua.
Quando voltou para o Instituto, ficou encarando a construção por longos minutos se indagando se deveria entrar ou não. A sensação ruim que Nora havia lhe dado de presente ainda estava lá, entrelaçado em suas entranhas. Cada palavra ecoando em sua mente. Nem se quisesse iria conseguir ter uma boa noite de sono no Instituto. Não hoje.
Voltou a caminhar, mas desta vez com um destino certo na cabeça. O caminho até o apartamento de Harry já estava gravado em sua cabeça, por mais estranho que isso soava. Harry já estava gravado em sua cabeça.
Era tudo recente demais, novo demais. Ele e Harry só tinham trocado alguns beijos, mas os olhares e sugestões se estenderam por semanas. Louis não conseguia nomear o que sentia pelo feiticeiro, mas sabia que sentia. Tinha uma forte necessidade de falar com ele o dia inteiro, esperava que essa necessidade fosse recíproca.
Louis sempre teve o escudo de um bom caçador de sombras, bloqueava seus sentimentos e discutia com qualquer um que não fizesse o mesmo – o que fazia frequentemente com Liam. Mas, a verdade era que tudo aquilo era uma grande mentira. Louis era uma pessoa intensa, sentia tudo duas vezes mais do que o comum e o esperado. Era extremamente assustador e, de certa forma, confortante. Gostava de sentir-se bem com o simples movimento das folhas quando o vento brinca com elas. Mas, havia o outro lado.
Quando Louis se irritava, ele realmente se irritava.
Não conseguia parar de pensar sobre o assunto por dias, chegando a ter pensamentos macabros. Não se orgulhava, mas era o que era. Sua mãe sempre lhe disse que sua intensidade quanto os sentimentos era uma dádiva neste mundo cheio de ódio. Louis gostava de sua visão de mundo, sempre gostou.
Com um suspiro cansado, o caçador de sombras colocou a mão na maçaneta da porta de Harry e abriu silenciosamente, temendo que o feiticeiro estivesse dormindo. Todo o apartamento estava escuro, fazendo Louis tatear a parede em busca do interruptor. Uma luz no fundo da sala se acendeu e isso era o suficiente para que ele fosse até o quarto de Styles. Com passos de pena, Louis passou pelo corredor e abriu a porta de seu quarto.
Harry estava jogado em sua cama, as pernas longas espalhadas no lençol roxo escuro e enroladas na colcha vinho. Louis não pôde deixar de sorrir com a cena. Quando conheceu Harry não conseguiria imaginar aquela cena nem em um milhão e anos. Ficou contente que pôde de fato presencia-la.
Louis fez o seu melhor para não esbarrar em nada no quarto grande do feiticeiro, mas quando bateu no piano causando um estrondo, desejou ter usado uma runa que melhorasse sua visão. Viu o corpo de Harry se remexer e o cacheado sentou em sua cama, coçando os olhos da forma mais adorável possível. Louis engatinhou na cama, ficando de frente com um Harry sonolento.
"Hey..." Louis sussurrou, selando seus lábios demoradamente. Sorriu levemente ao sentir a mão de Harry apertar sua cintura.
Eles se separaram, o feiticeiro ainda com os olhos semi-abertos. "Aconteceu algo?" A voz rouca ecoou pelo quarto escuro, fazendo Louis umedecer seus lábios e controlar a súbita vontade de agarrar Harry ali mesmo.
"Não quero ficar no Instituto, é só." Ele respondeu ainda sussurrando.
Harry assentiu levemente e puxou Louis pela cintura, fazendo com que o nephilim deitasse na cama graciosamente. O feiticeiro rapidamente enlaçou seus braços no de olhos azuis, deixando-o ainda mais perto. O suspiro inquieto de Louis fez Harry despertar.
"Quer conversar ou algo assim?" Ele pergunta apoiando-se nos cotovelos para ver o rosto delicado do outro.
"Nora me disse para acabar as coisas entre a gente." Ele soltou rapidamente, esperando a reação de Harry.
"Oh, isso é chato." Sua voz tinha um tom desinteressado, fazendo a sobrancelha de Louis erguer.
"É, acho que é um pouco mais do que chato, já que isso é claramente um empecilho se a gente quiser ter algo sério mais pra frente." Ele solta com uma pequena risada, mas rapidamente para ao sentir Harry se afastar. A expressão confusa, quase debochada, no rosto de Harry faz Louis tentar se explicar o mais rápido possível. "Não estou dizendo agora. Mais pra frente, sabe?"
​Harry sorriu desconfortável, tentando tirar toda a tensão da conversa. O feiticeiro arregalou os olhos e olhou para o oposto de onde Louis estava. O nephilim se levantou, ficando na mesma altura que ele.
"O que foi?"
Harry riu desacreditado. "Louis, não é possível que você tenha pensado que éramos... algo." Louis sentiu seu coração desgrudar das artérias e descer suavemente até seu estômago. "Vamos lá, não pode estar falando sério."
Louis apenas o encarou, sem reação nenhuma. Harry arregalou os olhos mais uma vez.
"Ah, certo. Você está falando sério, okay." Ele sussurra para ele mesmo, deixando Louis irritado. "Não dá para ter algo entre nós, seria totalmente estranho. É só um lance. Nada demais."
A medida que Harry ia falando, Louis perdia um pouco de sua cor. Poucas vezes na vida Louis ficou sem palavras e dessa vez, foi a pior de todas.
"Eu achei que nós..."
Harry riu fraco. "Não tem 'nós', Louis. Nunca teve."
Louis semicerrou os olhos tentando organizar os pensamentos desenfreados que corriam por sua mente. Ele olhou para um ponto fixo no lençol roxo e murmurou algumas coisas que nem mesmo ele tinha entendido.
"E-Eu achei que... Isso não parece certo pra você?" Ele sussurra ainda tentando entender tudo.
"Parece, Lou. Por isso não devemos estragar com algo sério."
"Ah, vá se foder, Harry." Louis saiu da cama com um pulo, pegando seus tênis e os calçando.
"Você não deveria falar assim comigo, caçador de sombras." Harry levantou indignado, apenas em suas cuecas.
Louis o encarou incrédulo. "Oh, voltamos à estaca zero. Ótimo."
O nephilim caminhou em passos rápidos para fora do quarto, sendo seguido por Harry. Louis parecia confuso demais até mesmo para achar a porta. O feiticeiro apressou os passos e pegou o braço do caçador de sombras, impedindo que ele se aproximasse mais da porta.
"Para com isso, Louis. Por favor." Ele tinha uma expressão séria, quase incrédulo com a atitude do menos. Louis encarou a mão grande envolvendo seu braço e o puxou rapidamente.
"Quando planejava me contar que está a ponto de petrificar, Styles, huh?" Louis sorriu irônico. "Ia esperar eu te contar mais algum segredo meu?"
Harry colocou as mãos nas têmporas. "Agora você está sendo ridículo. Sabe como é para um feiticeiro dizer isso, é quase uma vergonha." Sua voz trêmula quase fez a postura do nephilim se desmanchar, mas ele apenas balançou a cabeça negativamente.
"É, deve ser parecido com ter sangue de fada sendo um nephilim."
Louis se afastou e colocou a mão na maçaneta, mas não abriu a porta. Parou ali por alguns segundos e virou-se novamente para Harry, que continha uma expressão neutra em sua face.
"Por alguns dias, eu realmente achei que tudo o que ouvi sobre você era mentira." Sussurrou. "Mas, acho que preciso parar de ser teimoso."
Harry abriu a boca para dizer algo, mas desistiu no meio do caminho. Uma faísca de esperança se acendeu no corpo de Louis, mas não era mais nada além daquilo. Uma simples e momentânea faísca. O caçador de sombras abriu a porta e saiu, entrando rapidamente no elevador. Assim que as portas se fecharam, ele abraçou seus braços e fechou os olhos fortemente.
Eu não ligo pra ele. Eu não ligo pra ele. Eu não ligo pra ele. Eu não ligo pra ele.
Louis repetia a frase para si mesmo como a espécie de um mantra, tentando convencer-se disso. A razão pela qual teve que repetir essas cinco palavras durante todo o percurso até o Instituto era porque sabia que eram mentira.
...
Louis entrou em seu quarto e ouviu o leve barulho do chuveiro ligado vindo de seu banheiro. Franziu o cenho e olhou para as roupas, que não eram dele, espalhadas como uma trilha até o pequeno banheiro de seu dormitório. O caçador de sombras olhou para sua escrivaninha e sorriu ao ver o anel com um grande "M" talhado no metal. Pegou o anel com cuidado e deitou-se na cama, esperando ansiosamente para que o barulho do chuveiro cessasse.
Assim que ouviu o baixo estralar da fechadura da porta, saltou da cama e correu até a figura esguia de Zayn. Pulou em seu corpo, enlaçando sua cintura definida com as coxas grossas. Pode sentir o peito molhado do amigo contra o seu. Ouviu a risada familiar de Malik e sentiu seu peito ficar mais leve diante do som tão agradável e melancólico que acabara de ouvir. Zayn rodou Louis, colocando as mãos em suas costas para que ele não caísse.
Os dois riam como duas crianças, esquecendo completamente que estavam em plena madrugada e que parte dos caçadores de sombras ainda estavam dormindo.
Quando Zayn finalmente o soltou, Louis corou ao ver que a única coisa que sóbria seu corpo bonito era uma toalha. A pele morena em um perfeito contraste com a branquidão da toalha enrolada em sua cintura. Zayn o puxou pelo braço, depositando um beijo demorado em sua testa.
"Eu senti tanta sua falta, Lou." Ele sussurrou, apertando o de olhos azuis contra seu peito úmido e afagando seus cabelos lisos. Louis abraçou sua cintura carinhosamente.
"As coisas não são as mesmas desde que você foi embora, Z."
Louis se afastou querendo encarar o rosto do amigo de longa dada, se surpreendendo ao ver o famoso sorriso de Zayn, aquele que ele colocava a língua entre os dentes e parecia um filhotinho de leão. Louis adorava aquele sorriso.
Os dois sentaram-se na cama, conversando sobre o ano em que estiveram afastados. Zayn foi treinado por muitos anos junto de Liam e Louis, já que os Payne e os Malik eram famílias aliadas há séculos. Era de se esperar que os três se tornassem inseparáveis, mais com Zayn e Louis não precisou muito esforço.
Com os anos se passando, além de Liam, Tomlinson tinha Zayn para cuidar dele em todas as missões. Na época, Louis xingava os dois pela preocupação exagerada, mas hoje sentia muita falta de quando tinham seus 14 anos e enfrentavam aventuras juntos. Quando tinham 15 anos, Zayn e Louis se beijaram e acabaram entrando em uma pequena amizade colorida que durou três anos. Nenhum dos dois tinha interesse romântico, longe disso. Liam veio a descobrir um ano depois que de fato começou, já que os dois faziam questão de serem discretos.
Até que, no ano passado, Zayn decidiu mudar-se para o Instituto de Nova York alegando que eles precisavam de mais gente lá. A despedida for carregada de abraços e lágrimas.
"E você, o que tem feito por aqui?" Perguntou acariciando a bochecha redonda de Louis rapidamente. Ele pensou em contar sobre os demônios híbridos, ou até mesmo sobre Harry, mas não queria gastar preciosas horas com o amigo falado de tragédias.
"Nada demais. Aposto que Nova York é muito mais animado." Louis sorriu singelo.
Zayn franziu o cenho. "Agora eu estou definitivamente convencido de que algo está acontecendo com você." Ele se aproximou do menor e pegou em suas mãos, acariciando-as. "Me conta."
Louis encarou os olhos castanhos de Zayn por alguns segundos, ponderando se contaria ou não. Com um longo suspiro, o nephilim de olhos azuis desabafou com o amigo. Contou tudo sobre o Instituto, os demônios híbridos, o ataque de Liam e Nora e, principalmente, Harry. Todo o tempo, Zayn permaneceu acariciando o braço de Louis de forma carinhosa, incentivando o menino a falar cada vez mais.
Zayn sempre teve esse encanto nas pessoas. Não havia nada que Zayn não conseguia com seu charme e sorriso. Louis odiava e amava aquilo no amigo.
"Nem conheço o sujeito, mas esse tal Henry soa como um babaca, Boo." Louis se segurou para não revirar os olhos para o apelido de infância.
"É Harry." Zayn deu de ombros. "Não achei que ele era um babaca." Sussurrou chateado. Zayn se aproximou e depositou um beijo lento e caloroso nas bochechas macias de Louis. Quase automaticamente, o de olhos azuis segurou a mão se Zayn aproximando-se.
Louis conseguia ver as pupilas do moreno dilatando-se lentamente enquanto ele roçava seus narizes. "Tenho um jeito ótimo de te fazer esquecer disso, Louis."
Tomlinson assentiu com um sorriso malicioso crescendo em seus lábios. Rapidamente, Zayn alcançou a camiseta preta de Louis e a tirou, sorrindo para o abdômen magro e definido do menor. Louis juntou seus lábios com agressividade, pressionando seu corpo contra o do amigo fazendo-o deitar sobre o colchão macio.
Nada como um alívio de tensão de vez em quando, não é?
...
Os passos largos de Harry ecoavam pelo corredor e o feiticeiro se insultou por causar tamanho barulho logo de manhã, no período em que os caçadores de sombras acabavam de voltar de suas missões. Ele olhou pela janela o sol subindo, com seus raios claros atrapalhando sua visão. Subiu rapidamente as escadas e sentiu seu coração acelerar.
Não era uma pessoa que pedia desculpas com frequência. Na verdade, encarava aquilo como um sinal de fraqueza. Certo ou errado as palavras já tinham sido ditas e para ele não fazia sentido dizer outra palavra para consertar tudo. Não tinha nexo nenhum.
Parou em frente ao dormitório de Louis e suspirou, falando baixinho para si mesmo as palavras que havia ensaiado em seu apartamento. Por incrível que pareça, Harry sentiu saudades de Louis nas poucas horas que ficaram separados. Talvez tenha sido resultado de saber que o nephilim já não partilhava um sentimento confortável com o feiticeiro. Louis estava bravo e aquilo não agradava a Harry. Nem um pouco.
Abriu a porta com nenhuma delicadeza chamando Louis com a voz amena e calma. Sua mão não saiu da maçaneta dourada e seus olhos se prendaram na cama do nephilim. Na cama que ele partilhava com outro homem.
Louis estava enroscado entre os lençóis brancos e o corpo musculoso do homem moreno ao seu lado. Os dois dormiam profundamente, suas costas desnudas e as roupas no chão denunciavam tudo o que havia acontecido ali.
O feiticeiro respirou fundo, organizando a mente para que não fizesse nenhuma burrada. Harry fechou a porta lentamente, desconcertado pelo que tinha visto. Se esqueceu por breves momentos o que veio fazer ali, mas quando lembrou tratou de fechar a porta de uma vez. Seus pés correram até as escadas, indo para fora do Instituto. 
...
Louis grunhiu ao sentir o sol incomodar seu sono. Tentou voltar a dormir dezenas de vezes, mas não teve sucesso em nenhuma das tentativas. Levantou-se e vestiu sua cueca. Tomou um banho rápido e saiu já vestido com calças pretas e uma regata igualmente preta, deixando a vista todas suas runas. Quando saiu do cubículo que era seu banheiro encontrou Zayn já vestido, lendo um de seus livros.
Assim que o moreno viu Louis, sorriu. O de olhos azuis sorriu e volta e se jogou na cama, deitando ao seu lado.
"Nora passou aqui. Disse que precisa que você aquele envelope até a casa de Harry." Zayn apontou para um envelope branco sobre a cômoda próxima a porta. "Posso fazer isso por você, se quiser."
Louis bufou alto, quase impaciente. Ele negou agradecendo o amigo com um beijo na bochecha. Logo se levantou, calçando suas botas grossas.
Louis virou-se para Zayn, que levantou seu olhar por cima do livro. "Deveria ver Liam, ele vai ficar muito feliz de te ver, Z." O moreno assentiu e deixou o livro sobre a cama desarrumada. Deu um beijo na bochecha de Louis e seguiu a passos rápidos até o quarto de Liam.
O nephilim não pode conter o sorriso ao lembrar que os três estavam juntos depois de tanto tempo. Cogitou a ideia de organizar uma pequena viagem a idris só para relembrar os velhos tempos.
Passou a mão pelo envelope e o apanhou, mas antes que pudesse sair do quarto, viu um pequeno papel que estava sendo escondido pelo envelope branco. Louis pegou este e reconheceu o papel como sendo o mesmo do poema que tinha recebido a dias atrás. A letra era exatamente a mesma.
"Eu teria perdoado seu orgulho se ele não tivesse ferido o meu. – Jane Austen, Orgulho e Preconceito."
Louis apertou as pálpebras pensando no quão burro ele era. Teve certeza de que quem havia mandado o poema a dias atrás e esta frase era Harry. Percebeu que ele provavelmente o viu na cama com Zayn, já que o papel não estava ali na noite anterior.
Colocou o papel em seu bolso desajeitadamente e agarrou o envelope, descendo as escadas de dois em dois degraus. Correu o mais rápido possível em direção ao apartamento de Harry, a única coisa que tinha em mente era como iria se explicar ao feiticeiro.
...
A expressão de Harry a porta não era das melhores. O copo com algumas gotas de whiskey em sua mão apontavam que ele provavelmente já havia bebido-o inteiro. Louis engoliu em seco.
"Oh, achei que tinha visitas hoje, Nephilim." Ele riu amargo e tombou o copo em sua boca, fazendo uma careta quando percebeu que não havia mais bebida ali. Harry não estava bêbado, estava alto.
Saiu da frente da porta, deixando livre o caminho para que Louis pudesse entrar. Nas profundezas de sua alma, Harry desejava desesperadamente que o garoto entrasse sem que ele precisasse pedir diretamente. Seu corpo tremeu quando ouviu seus passos em sua direção.
"Sobre o que você viu, eu-"
"Não, Louis. Quem vai falar sou eu." Harry se virou, encarando os olhos azuis do caçador de sombras. Por um segundo, pensou em engolir seu orgulho e deixar tudo no passado, mas a bebida fluindo em seu sangue o deixava levemente vingativo. "Eu fui te pedir malditas desculpas depois que você veio me dar um discurso sobre termos algo sério, segredos e toda essa merda. Mas, chocante! Você é um hipócrita, Louis." Harry riu rouco.
Louis abriu a boca para retrucar, mas o olhar sombrio de Harry sobre si o fez calar imediatamente. O feiticeiro parecia muito muito bravo.
"Como você conseguiu cogitar ter algo sério quando, depois da primeira discussão, você dormiu com outro?" Harry tinha o tom de voz mais baixo, deixando transparecer parte de sua chateação. Louis desejou abraça-lo. "Como isso funcionaria, huh? Me diga." Ele colocou o copo sobre a mesa da sala. "O que faríamos quando você tivesse 60 anos e eu ainda aqui, com minha aparência de 20? Como poderíamos ter uma vida normal?"
Louis olhou para os próprios pés sentindo o peso das palavras do feiticeiro sobre a sua nuca. Tinha que confessar que nunca tinha pensado sobre isso a fundo. Só pensou nos pontos positivos, não chegou realmente a parte onde as coisas ficam complicadas. Talvez não quisesse pensar sobre isso. Queria pensar que poderia ter algo que não era complicado pela primeira vez na vida.
Viu de canto de olho, Harry sentar na poltrona roxa na extremidade da sala. O silêncio profundo permitia que ouvissem a respiração um do outro, e de alguma forma aquilo acalmou ambos. Louis colocou o envelope ao lado do copo que minutos antes estava nas mãos de Harry e encarou seus olhos verdes por alguns segundos antes de virar-se e caminhar até a porta.
"Não vai agora." Harry pediu, levantando da poltrona. Louis o olhou. "É perigoso você sair sozinho... por causa do demônios híbridos, sabe." O desconforto na voz de Harry fez Louis desejar ainda mais sair dali.
"Acho que o melhor pra nós dois é que eu saia agora."
Com um sorriso sem graça, Louis fechou a porta do apartamento e sumiu da visão do feiticeiro. Por mais que quisesse, Harry não foi atrás dele. Seu orgulho o colou ali na sala, impedindo-o de fazer qualquer coisa. Fechou os olhos e se jogou na poltrona, deixando seu corpo relaxar ali. Pensamentos desorganizados fluíam e se esbarravam em sua mente, causando uma leve dor de cabeça no cacheado.
Era exatamente por isso que não quis se envolver em todos esses anos. Era difícil demais. Doloroso demais.
Abriu os olhos e os pousou onde o envelope que Louis trouxera estava. Se inclinou para pegá-lo e desdobrou o papel cuidadosamente enquanto suspirava. Franziu o cenho ao ver o escudo da família de Nora no topo do papel.

Apesar de nossas desavenças, sou uma mulher de palavra e vim cumprir nosso trato: te manter atualizado sobre tudo. Fui tratada por outro feiticeiro, que prefiro não citar, depois que fui atacada e este feiticeiro detectou a presença do sangue seelie em um de meus ferimentos. Certamente não era meu, então suponho que venha de quem quer que tenha criado estes demônios híbridos. Concluo então que estas aberrações são fruto das fadas.
Venho comunicar que Louis Tomlinson será preso por ordem da Clave, já que era o único ciente de todas as missões onde nossos caçadores foram atacados por tais demônios. Seu sangue seelie o incrimina e receio que não há nada que você possa fazer quanto a isso.
Espero que tenha recebido essa carta com nada além de alegria já que viu que estou cumprindo nosso trato.
Nora Druberg – Chefe do Instituto de Londres

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