"Claro! - Respondeu Aurora.
Uma semana depois, Heitor ligou pra Aurora e marcou um novo encontro na mesma cafeteria.
— Você deixou tantas coisas, tantos sentimentos e memórias espalhadas pela casa e em mim, que a saudade se tornou tão grande que me faz te enxergar em tudo. - Aurora dizia enquanto admirava o homem que tinha em sua frente. — O que fez durante esses anos?
— Eu sei o quanto dói, também doeu em mim, ainda dói, mas o amor ainda é maior. - Enquanto as palavras saiam de sua boca, Heitor segurava a mão de Aurora, delicadamente. — Bom, eu fui embora pro Canadá, lá conheci a Anne, uma brasileira, acabamos nos apaixonando e casando. Recentemente conheci um empresário de São Paulo e ele me fez uma proposta de trabalho irresistível. Eu a chamei pra vir comigo, mas ela não quis. Então, ela ficou no Canadá cuidando das coisas, enquanto eu estou aqui resolvendo se fico ou não. E você Aurora, o que você fez?
— Ah, entendi! Eu me formei em Direito. Conheci alguns caras legais, mas não cheguei a me apaixonar por ninguém, você sabe como sou fechada. São falsos amigos e falsas pessoas por todos os lados nos cercando, nos iludindo, nos fazendo acreditar em uma importância que na verdade não temos na vida delas. Mas tudo estava indo bem, até que minha mãe ficou bastante doente e eu tive que voltar pra São Paulo pra cuidar dela.
— A boa notícia é que nada está totalmente perdido, ainda há pessoas que se importam conosco, são poucas, mas ainda existem, Aurora - Dizia Heitor, demonstrando um sorriso intenso e sincero. — Parabéns pela formação. Espero de coração que sua mãe fique bem, mande lembranças minhas a ela. Fim do mês tenho que voltar pro Canadá, mas no outro mês estarei de volta pra São Paulo, aí podemos nos reencontrar novamente?
— Claro. Podemos sim!
Se despediram com um abraço demorado e bem revelador. Às vezes, é bom a gente se recolher pra poder se reinventar em outro lugar e às vezes esse lugar é dentro de nós mesmos, onde estávamos perdidos há muito tempo.
Heitor voltou para o Canadá, contou sobre o reecontro com Aurora para Anne e que percebeu que ainda a amava. Anne já não aguentava mais essa história e terminou com Heitor.
Ela já não queria mesmo se mudar pra São Paulo com ele, porque nunca o apoiou nos planos. Ela sempre foi uma mulher rica e mimada, tudo tinha que ser do jeito dela.
Heitor como sempre, não deixava de viver os seus planos por causa de ninguém, apressou a sua volta pra São Paulo e resolveu se mudar de vez para lá.
Chegando em São Paulo, ele ligou pra Aurora, convidando-a para a mesma cafeteria do dia em que se reencontraram.
Aurora chegou deslumbrantemente linda e bem provocante. Heitor ficou paralisado ao vê-la. De imediato, Aurora reparou que Heitor estava sem aliança, mas se manteve discreta e não quis perguntar nada e deixou o clima rolar.
— Meu coração decidiu sair do peito pra te acompanhar nessas estradas que você percorreu sem mim. O nosso fim aconteceu, foi cada um pro seu lado e sofremos com isso, mas nós vamos superar tudo isso, juntos. - Aurora falava com os olhos brilhando e cheios de água. — Já foi, mas você ainda está dentro de mim. Já passou, mas a nossa história ainda permanece viva em cada parte minha. O meu coração ainda te ama e sente a tua falta, Heitor.
Na cafeteria, uma música começou a tocar, era a trilha sonora do relacionamento deles. Eles se entreolharam e Heitor tão romântico e sedutor a convidou pra dançar, enquanto lá fora caia um temporal.
Aurora só conseguia pensar naquele momento, a chuva são lágrimas de almas que nunca conseguiram amar, e ela teve a sorte de ter alguém, um relacionamento que passou por problemas, mas que mesmo assim manteve-se com a chama acesa.
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Uma Última Carta
Cerita PendekUma pessoa que diz te amar, mas erra sempre, pede perdão e depois faz tudo de novo umas trezentas vezes. Isso é amar? E você que diz amar, mas perdoa sempre os mesmos erros trezentas vezes. Isso é amar demais ou se amar de menos? Se a pessoa não mud...