Aurora encerrou a carta com "A gente se vê nos tombos da vida..." e depois de anos, Aurora e Heitor se esbarram em uma rua bastante movimentada na grande São Paulo, e resolveram conversar sobre tudo em uma cafeteria próxima dali.
— Sabe Heitor, eu não fiquei magoada pelo nosso fim, mas fiquei pela forma como você terminou. Se você teve a audácia de olhar em meus olhos pra me conquistar, por que não teve a coragem de me olhar nos olhos pra se despedir?
— Aurora, eu sabia que o certo era ir, se eu tivesse encarado esses par de olhos castanhos, eu teria desistido.
— Não foi só você que viveu numa guerra fria contra seus sentimentos. Mas tudo bem, sem mágoas, sem ressentimento, só precisava te perguntar isso. Vamos deixar o passado em seu lugar, o que passamos ficou pra trás. Me conta, e essa aliança em seu dedo? Tá feliz?
— Eu tô feliz com ela, mas me pergunto todos os dias se estaria mais feliz ao seu lado, e meu coração sempre responde que sim.
Aurora permaneceu em silêncio, abaixou sua cabeça e chorou quieta. Heitor segurou sua mão, com o dedo secou a última lágrima que escorria de seus olhos quentes como o verão, e sorrindo disse:
— Não chore, porque eu ainda te amo, é você a mulher da minha vida.
— Então fique comigo! - Aurora como sempre uma mulher forte e determinada.
E nisso o silêncio reinou por minutos. O café frio e amargo, enquanto o amor continuava doce e quente.
Aurora e Heitor mexiam na bolsa, revelando a última carta que receberam um do outro, e os dois se surpreenderam ao ver que as cartas estavam muito bem cuidadas, mesmo depois de muitos anos.
— É... realmente existem coisas que o tempo não apaga. - Disse Heitor com os olhos encharcados.
— E o brilho dos teus olhos me olhando é uma dessas coisas. - Disse Aurora com todo seu charme. — Mesmo o mundo vivendo nesse outono, onde tudo cai e nada permanece, só me basta o teu olhar pra florescer e sentir tudo de bom nascendo dentro de mim.
— Preciso ir. - Disse Heitor secando os olhos. — Posso te ligar outro dia?
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Uma Última Carta
ContoUma pessoa que diz te amar, mas erra sempre, pede perdão e depois faz tudo de novo umas trezentas vezes. Isso é amar? E você que diz amar, mas perdoa sempre os mesmos erros trezentas vezes. Isso é amar demais ou se amar de menos? Se a pessoa não mud...