Feels are one weakness

Deveres

Lembranças surgiam na minha mente, as boas, as ruins, vivi 20 anos naquela merda, eram muitas lembranças, não queria lembrar, não queria sentir saudades ou dor, so queria fazer o reconhecimento para procurar lugares que facilitariam a minha fuga.
Meu irmão falou que precisava de mim aqui, eu acreditava nele, não queria decepciona- lo ainda mais, eu o havia abandonado quando ele mais precisava de mim, e eu não me arrependia, tinha feito a melhor escolha para nós dois, mesmo ele não sabendo disso, e eu teria que fazê-la de novo.
Simon não havia falado nada, estávamos andando sem rumo já por um tempo, e nenhum de nós falamos absolutamente nada, aquele silêncio estava me matando, não conseguiria ignorar as vozes na minha cabeça por mais tempo se não me distraísse de verdade.
- Seu nome é francês, e observei que você fala francês perfeitamente,só uma pessoa que nasceu lá conseguiria ter um sotaque francês perfeito como o seu.- observei.
- Não esperava que você fosse uma pessoa tão observadora assim, princesinha.Mas a onde você quer chegar com essa observação?- ele falou diminuindo os passos e me analisando de novo.
- Me chame de princesinha novamente e você ficará sem uma bola. Quem é você? Quero a verdade.- entrei numa porta que dava para o jardim, acho que o jardim era uma das coisas que eu mais sentia falta de lá.
- Simon Jaxon Terceiro.-ele falou abaixando a cabeça.
- O que o príncipe francês, futuro rei da França, está fazendo aqui em Londres?Sequestrando pessoas? Sendo o guarda de uma princesinha?- falei sentando em um banco, ele ficava debaixo de uma árvore enorme, que fazia uma sombra maravilhoso, foi ali que eu dei meu primeiro beijo, que me apaixonei pela primeira vez.
- Estou representando meu pai em acordos entre a Inglaterra e a França .- ele falou sentando-se ao meu lado.
- Você poderia me dizer que acordos são esses?- perguntei, será que foi por causa desses acordos que meu irmão cismou em me manter presa aqui?
- O mundo está entrando em guerra novamente, princesinha. Temos que unir nossas forças o mais rápido possível para defender nossos reinos.- ele falou ficando sério, seus olhos estavam fixos numa fonte e seus pensamentos estavam bem longe.
-De que tipo de união você está falando?- perguntei juntando os pontos, mas tinha uma coisa que não fazia sentindo, a última coisa que Travel havia falado, era muito contraditório.
- Casamento.- sua voz transmitia o horror que ele sentia pelo que essa palavra representava.
Minha voz havia sumido, não podia ser, não podia ser. Não fazia o menor sentindo.
"Parece que ele é o único que consegue te por na linha, e eu sei que você nunca gostaria daquele libertino irresistível, então vocês formam o par perfeito" Essa frase ecoava sem parar na minha cabeça, não fazia sentindo, não fazia, eu devia estar criando paranoias somente isso, mas o príncipe Jaxon não tinha uma irmã?
Ah Travel, você nunca me deixaria casar com um libertino irresistível a menos que eu quisesse.
- Sua irmã e meu irmãozinho?- perguntei, sempre ouvi falar que a princesa francesa era a definição de beleza em uma pessoa.
- Correto.- ele falou deixando escapar um sorriso.
" Você sabe o seu destino, não tem como fugir dele, Nathaly."
Elas estavam voltando, aquilo me consumia aos poucos, queria gritar mas não podia, eu tinha que ir embora, mas uma nova guerra mundial? A última havia destruído o mundo, somente alguns escolhidos sobreviveram,acho que não aguentaríamos uma nova guerra. Era por isso que Travel queria me manter aqui, ele queria me proteger, nenhum reino era aliado do outro quando se tratava de guerra, por isso o casamento, o casamento era a união mais forte entre países, era aquela união inquebrável, selada com sangue, literalmente.
Minha dor de cabeça havia voltado, era muita coisa pra mim digerir de uma vez.
" Só você poderá salvar a todos, a guerra os destruíra você sabe disse, não tem como negar isso. Só você poderá ganhá-la e salvar bilhões de vida."
" NÃOOOO, ESSE NÃO É O MEU DEVER, EU NÃO O QUERO, NÃO, NÃO. CALA A PORRA DA SUA BOCA. "
Lágrimas surgiam nos meus olhos, minha cabeça doía, era muita coisa acontecendo, eu queria sumir, não aguentava isso, era muita coisa pra mim, parecia que iria explodir.
- Nathaly?Ta tudo bem?- Simon perguntou não conseguindo disfarçar a preocupação na sua voz.
- Aham, só preciso voltar pro meu quarto.- abri os olhos, não havia percebido que estava chorando e tremendo. Tentei levantar, mas minhas pernas falharam, caí no chão.
Tentar ignorar as vozes,consumiu toda a minha energia, eu estava fraca demais, não podia mais ignora-las,teria que enfrentá-las, senão não aguentaria muito tempo viva no castelo.
- O que aconteceu?Guardas, guardas, chamem o rei.- Simon gritou estranhamente preocupado demais.
- Me leva pro meu quarto, só preciso dormir um pouco.- falei, minha voz estava começando a falhar.
Não lembro de mais nada, só de Simon me carregando no colo pro meu quarto, e me colocando na cama. Depois de um tempo, lembro de ter escutado a voz dele e do meu irmão discutindo, mas não consegui distinguir as palavras.
Acordei assustada, mas renovada.
" Aprendeu a lição princesinha? Quanto mais voce tentar ignorar a gente, e a profecia, pior e mais fraca você ficará."
" Que merda vocês querem que eu faça? Que eu mate meu irmão e roube a coroa dele?"
" Não, não queremos mais isso. Temos planos melhores... você tera que se casar com Simon."
" Como assim? Me casar com ele?"
" Depois se quiser pode mata-lo, na verdade você terá que mata-lo, faça ele se apaixonar por você, ou faça ele te desonrar e certifique-se de que seu irmão os pegue, e o faça casar com você."
" Por que?"
" Porque isso servirá para o bem maior. Nunca se esqueça que os fins justificam os meios, então não fique com a consciência pesada minha pobre criança, você precisa fazer isso, senão toda a raça humana acabará de vez, o destino de bilhões de vidas está nas suas mãos. Nunca se esqueça disso."
" Quanto tempo eu tenho?"
" Pouco, muito pouco tempo."
Lágrimas brotavam sem parar dos meus olhos, eu teria que aceitar o destino, se eu não aceitasse estaria sendo egoísta pra caralho, bilhões de vidas dependiam de mim, já havia fugido por muito tempo do meu dever, agora eu teria que encara-lo, mesmo que isso matasse minha alma aos poucos, eu seria forte e cumpriria com o meu dever.