Capítulo 2

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Caro leitor, já acordaram de um sonho que pareceu ter levado anos de sua vida? Já se arrependeram de ficar nesse canto escuro apenas observando?”

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— Certo eu vou sair amanhã, te vejo em alguns dias - Cibele se levanta e faz uma reverência

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— Certo eu vou sair amanhã, te vejo em alguns dias - Cibele se levanta e faz uma reverência.

Ela sabia que não era sábio fazer chacota do príncipe mas ela não conseguiu resistir rir enquanto se virava e ia até Gibens, seu amigo tinha um sorriso sábio no rosto — Ele sabia, mas era claro! em vez de simplesmente falar “Seu cliente é o príncipe” ele deixou Cibele descobrir sozinha, talvez um teste de suas habilidades.

— Cuide do garoto, ele está pagando bem - diz ela colocando o braço no balcão. Cibele olhou para a mesa em que estava e o príncipe ainda estava lá parado — Diga a ele o ponto de entrega, acho que não preciso avisar que se ele levar soldados vai ser o primeiro a morrer.

Gibens segura uma risada enquanto seca um copo com um pano sujo, ele balança a cabeça como se dissesse “Só mesmo você para ameaçar o príncipe” mas aquela parte não era uma piada — Não importa quem seja, se o coração ainda bate significa que pode ser morto.

— Ele esconde alguma coisa - Gibens diz baixo, até mesmo ela ouve apenas um sussurro de voz.

— Eu sei, eu vou descobrir oque é… até mais velho - Cibele tira o braço do balcão e sai pela porta perdendo o aceno sério de seu amigo.

Cibele anda a passos lentos deixando a chuva molhar seu rosto como uma velha amiga, ela não repara em um jovem seguindo seus passos até porque ninguém nunca a seguiu antes, em vez disso ela pensa no passado, em antes de perder parte de seu coração — Todos os jovens sombras sabem de algumas coisas, coisas que mesmo que não sejam proibidas são demasiadas rudes de se perguntar, coisas como.

“Quem é meu pai?”
“Por que apenas nós carregamos uma marca?”
“Por que não temos poderes?”

Cibele só foi rude uma vez na vida, ela sempre soube por que carregava a marca, ela era uma sombra e todos como ela carregavam, ela tampouco perguntou sobre seus poderes, diferente dos outros ela sempre os sentiu, sua marca cresceu tanto quanto ela ocupando toda a extensão de suas costas e mesmo assim não conseguiu conter seus poderes… não, ela não foi rude assim, ela queria saber quem era seu pai — Ela não sabia se tinha nascido de um abuso ou não, dependendo da resposta ela teria duas opções, a primeira opção seria matar o desgraçado que a trouxe ao mundo, a segunda seria procurar ele e… Cibele nunca chegou a pensar no resto, ela falaria com ele? Perguntaria se ele havia amado sua mãe? Ela não sabia.

Não demorou muito para a floresta ser a única coisa que a cercava, ela já havia se acostumado a andar tão silenciosamente quanto um fantasma, um barulho de passos esmagando folhas secas lhe chamou atenção. Cibele não parou, embora estivesse curiosa quem a perseguia estava sozinho e não era muito silencioso, então ela continuou seu caminho — Se quem a perseguia não conseguia nem mesmo fazer isso em silêncio então não tinha chance de matar ela.

Não demorou muito para chegar a sua cabana, o perseguidor estava cada vez mais lento e a chuva havia diminuído para uma garoa fina que regava as folhas como um beijo suave. Cibele não queria ver sua mãe com o corpo encharcado então parou na soleira da porta.

— Mizinuô xiv - Ela entoou seu chamado ao fogo. Seu corpo esquentou como se chamas dessem pequenas lambidas em sua pele sem queimar, o vapor das roupas assim como do seu cabelo secando faziam seus olhos arderem, em menos de um minuto seu corpo e roupas estavam totalmente secos — Mizinuô rhak — Ela disse mandando o fogo embora.

Cibele sabia que o perseguidor ainda a estava seguindo, ele havia parado a duzentos metros da casa e estava esperando, observando de longe, ela fechou a porta sem olhar para trás deixando que ele pensasse que ela não sabia que ele estava ali — Não importava mesmo, depois daquele dia ela nunca mais voltaria aquela velha cabana, provavelmente ela nunca mais voltaria para aquela vila sem nome depois daquele trabalho. Cibele foi direto para o quarto da mãe, a mulher quase sem vida estava sentada olhando pela janela.

— Estou aqui mamã - Cibele disse se sentando ao lado da mãe.

Seu coração se partia em dois toda vez que a olhava, segurando sua mão ela sentiu os ossos dos dedos e as articulações.

— Você se parece mais com seu pai do que comigo sabe, ele sempre questionava tudo, ele queria saber o segredo de todo mundo… - Margô diz com um fio de voz. Cibele ajuda sua mãe a deitar com tanto cuidado, como se a mais velha fosse uma rosa de cristal — Eu me arrependo de nunca ter dito ao Kebian que eu o amava… você têm os olhos do seu pai querida… deixe-me olhar seus olhos? Uma última vez.

Cibele se aproximou até seu rosto estar tão perto do de Margô que ela podia sentir a respiração da mais velha. Ela ficou ali por alguns minutos vendo a respiração ficar cada vez mais curta, mais rasa — O olhar contra olhar não cessou até Cibele ver o brilho sumir daqueles olhos que ela tanto amava, a respiração parou e então ela sentiu o espírito de Margô deixar o corpo já moribundo.

— Desculpe mamã, se eu fosse mais esperta você estaria bem agora.

Cibele sabia por que sua mãe morreu tão jovem, afinal de contas a expectativa de vida de um Elfo era de centenas de anos, até mesmo era difícil ver um de sua espécie com o rosto envelhecido — Esse era o problema de ser um amaldiçoado, alguém com a marca negra nunca vivia muito, os poderes de um Elfo, seu dom de se comunicar com os elementos era o que os mantinha vivos, sem isso eles definham até morrer de uma forma ou outra. Isso não ia acontecer com ela, ela não deixaria a marca negra vencer.

Cibele Phiyam iria achar uma forma de tirar a marca negra dela e de todos os sombras, ela iria fazer isso ou iria morrer tentando — Não importa o preço que isso cobre, ela não tinha mesmo mais ninguém no mundo que ela amasse de verdade, de qualquer forma aquilo teria que esperar, agora ela devia ir em uma missão e esquecer de uma vez por todas que em seu peito batia um coração. Por uma última vez ela olhou para Margô que ainda tinha os olhos abertos, com os dois dedos da mãos direita Cibele fechou os olhos da mais velha e recitou o que todos os sombras recitavam aos mortos.

— Naveg Prio dfi wivy
“Que a deusa lhe acolha”

Cibele não deu atenção as lágrimas que caiam enquanto ela se levantava e saia da casa, mesmo com sua promessa de nunca olhar para trás em mente ela não pode evitar, ela olhou para a casa enquanto o chuvisco molhava seu corpo novamente e encobria as lágrimas que ela nunca mais deixaria cair.

— Mizinuô xiv, Caleneie - Cibele chamou o fogo novamente, mas dessa vez ela pediu a ele que queimasse tudo, ela nunca mais voltaria ali.

O fogo não era apenas destruição, ele também era a purificação, enquanto as chamas encobriam a pequena casa Cibele se virou, ela foi embora sem hesitar uma segunda vez, deixando para trás três anos de memórias, ela entrou na floresta e ao longe ouviu passos descuidados que voltaram a seguir os seus — Aquilo não era importante, ela continuou seu caminho sem se importar com seu seguidor, ela ia voltar ao seu clã antes de ir direto resgatar a dama em apuros.

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Sem revisão no momento.

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