Capítulo 15 - Decisão

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Clarissa Narrando

Estava caminhando pela cidade, tentando esfriar a cabeça. Aqueles dias pareciam pesadelos um atrás do outro, e eu já estava atormentada ao limite. A única coisa que eu queria era encontrar a Katherine. Pensava no porquê de ela ter feito tudo isso. De ter saído da cidade assim, sem mais nem menos; de estar tendo contato apenas com o tal DJ, e tenho quase certeza de que eles têm algo, meu instinto não falha. Mas, mais ainda, pensava no que Marie havia dito, sobre apagar meu fogo antes que "ela" perca a paciência. Era eu quem já devia ter perdido a paciência com essa história toda, e precisava fazer algo sobre isso.

Perdida em pensamentos, me distraí na caminhada e trombei em alguém. Olhei pra cima, encontrado olhos vidrados em mim, enquanto perdia o movimento das pernas e o equilíbrio. Foi quando acordei do transe e senti mãos quentes em minhas costas. Eu quase caí. Na verdade, eu caí nos braços dele. Me levantei depressa, ajeitando a roupa e o cabelo, sorri de lado tomei uma postura ereta.

- Tá tudo bem? - Perdi o ar. Pedi o rumo.

- T-ta sim. - Dei um sorriso amarelo e ele mandou de volta um sorriso torto que me arrancou um suspiro baixo e profundo.

- Bom, se precisar que eu te salve novamente... - Disse, estendendo um pedaço de papel em minha direção.

- Ah, claro! Muito obrigada, é... Senhor Max.

- Disponha...

- Clarissa.

- Sim, senhorita Clarissa!

Sorri novamente e me virei, retomando o caminho até a casa da Kate.

Katherine Narrando

Dias depois de minha viagem, eu já havia me hospedado em um hotel super discreto, mas nada daquele babaca. Na busca por informações, descobri que ele morava a dois quarteirões de onde eu estava. Me mantive informada sobre cada movimento estranho ali na rua de Harry. Eu precisava urgentemente de alguma pista sobre o meu ex/arqui-inimigo.

Despertei-me de meus devaneios quando meu celular me notificou sobre uma nova mensagem. Decidi não olhar, porém, o aparelho insistia em gritar, enquanto algum infeliz me chamava incansavelmente. Desbloqueei-o, entrando no WhatsApp e conferindo as mensagens:

WhatsApp On

Senhorita Katherine, carta entregue com sucesso!

Já passei o endereço e o telefone que a senhorita mandou.

O senhor Benjamin quer muito te encontrar, deu pra perceber na expressão dele.

Bom, missão 1 e 2 cumpridas.

Próximo passo concluído amanhã no horário combinado.

Mais algum pedido?

Bom, obrigada, Kel!

Na verdade, eu tenho sim um pedido.

Só que eu preciso da sua TOTAL descrição, porque a Clarissa, minha irmã, tá na minha cola.

Eu preciso que você encontre Harry Walker.

Pra ontem.

Ah, disponha.

Licença, dona Kath, não quero me meter, mas você já vai concluir essa parte do plano?

Kel, eu preciso encontrar esse babaca.

Você sabe que me é muito importante que a gente consiga pegar o Walker.

É questão de vida, eu não posso mais esperar.

Ah, não me chama de dona. Sua formalidade deve se limitar apenas aos meus destinatários.

E eu tenho um plano. Me encontra no nosso lugar, beleza? 😉

Okay, Katherine, você é quem manda!

WhatsApp Off

[...]

Olho para o relógio preso em meu pulso. 13h em ponto. E lá estava ele, com seu cabelo sem nem um fio fora do lugar e suas roupas totalmente alinhadas. Um verdadeiro príncipe!

Mas acho que tenho uma quedinha por DJ's de boné e tênis desgastados...

- Olá, Katherine. O que me traz aqui? -  Ele diz, se aproximando e se sentando numa poltrona de couro à minha frente.

- Tenho pistas de como encontrar o Walker e preciso de mais alguns de seus favores.

Entreguei meu celular a ele, aberto na última conversa que tive com Bruna Walker, e ele observava atentamente.

- Não será fácil encontrá-lo, ele se esconde muito bem.

Fechei a cara e o olhei.

- Mas você falou com o cara certo. Katherine, em breve, Harry Walker estará em suas mãos.

Sorri, satisfeita. Ele se levantou e apertou minha mão.

- Muito obrigada, Kelan, assim espero.

Ele me dá um último de seus sorrisos mortais e sai lentamente, em direção à porta.

Benjamin Narrando

Me despertei de vagos pensamentos quando escutei a última chamada do meu vôo. Coloquei a mochila nas costas e segui em direção à sala de embarque.

Já no avião, pluguei os fones e relaxei, enquanto pensava em tudo o que havia contribuído para aquela viagem. Enfim, estava saindo do meu inferno particular e seguindo em frente com minha vida.

Qualquer dia, eu voltaria pra buscar minha irmã mais nova. Era meu dever tirá-la daquele hospício, sempre foi, sempre será minha obrigação cuidar dela.

- Olá... Acho que aqui é meu lugar. - Disse um garoto, que aparentava ter minha idade.

- Sim, claro. Me desculpe.

- Tá suave. Sou Harry. - Ele disse, estendendo a mão em um cumprimento.

- Benjamin. - Respondi, apertando a mão dele.

- Mora em London?

- Não, estou indo tentar uma vida nova.

- Hum, pode ficar no meu apartamento, se não for problema.

- Não, problema nenhum, muito obrigado, Harry!

- Por nada. Se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo.

- Okay...

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