Lauryn

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(Capítulo narrado por Lauryn)

Havia algumas semanas em que eu já não ouvia mais o barulho da sirene de uma ambulância. Eram 3:40 da manhã, eu estava deitada quando olhei pela janela do meu quarto. Vi a rua toda escura e apenas as luzes vermelhas e azuis da ambulância, que de vez em vez ascendia, o pouco que eu conseguia ver. Era o senhor Hansen, pai do meu amigo e vizinho Aiden. Ele já sofria com esse tipo de situação, logo porque seu pai tem uma doença que o falece aos poucos, e sempre precisava de uma ajuda médica. Sabendo de toda essa situação, fique mais calma, até porque já estava acostumada com aquela situação. Logo voltei a minha cama, debrucei-me sentindo que algo estava fora do lugar, quando de repente me pego imaginado como seria para mim ver meu pai com todos aqueles problemas de saúde, que o pai do Aiden têm, penso que eu não aguentaria imaginar o tempo restante que meu pai teria de vida.
   Quando recebemos a notícia de que o Senhor Hansen foi diagnosticado com a doença Humbrozye (doença degenerativa/fictícia) Até então eu não conhecia essa doença, mas com o tempo fui descobrindo seus sintomas. Não aguento nem pensar como seria com o meu pai.
   Me viro de lado, e com os olhos pesados começo a dormir, em meio a tantos pensamentos.
    Agora são sete e cinquenta da manhã, e eu me acordo com a luz do sol sobre meu rosto. lembro que esqueci de fecha a janela antes de dormir. Levanto e vou até a janela, antes mesmo que eu a feche do conta de ver meu pai saindo com o carro. Não sei onde ele possa estar indo, imagino que não seja para o trabalho, até porque, ele está de folga hoje. Sinto um cheiro familiar, é a comida da minha mãe. Quanto tempo eu não comia da comida da minha mãe. Ela não tinha mais tempo para cozinhar, nunca largava o celular de canto, dizia que era a trabalho e que sem o trabalho não iria nos sustentar, porque ela quem é a dona da casa e de cada um nela.
    Fui descendo a escada tentando identificar o que ela estava fazendo, por o delicioso cheiro que por toda a casa se espalhava, porém não consegui adivinhar. Continue descendo o mais rápido que pude. Vi da janela da sala o jornal chegando, sei o quanto meu pai gosta de ler as notícias, mesmo assim, preferi ir até a cozinha descobrir o que minha mãe estava fazendo. Chegando lá o cheiro era ainda mais familiar, entre tanto, ainda não conseguia identificar aquilo. Preferi então perguntar a ela mesmo.
_Olá mãe!
_Oi meu amor, mamãe te ama!—ela fala de olho no celular.
_Também te amo mãe. O que você está fazendo?—pergunto insatisfeita.
_Sabia que você viria até aqui —A tempo minha mãe não fazia nada tão bom pra o café da manhã, sempre ela pedia para fazer macarrão instantâneo.
_Me diz mãe, eu quero saber —não dava pra ver, estava dentro do forno, minha mãe sentada de olho no celular, media de pouquinho em pouquinho o tempo pra saber se já era a hora de tirar de lá.
_Estou fazendo uma lasanha —ela responde. —Ah sim! Antes que eu esqueça seu amigo aí da frente o Auden vem comer aqui porquê a mãe dele vai acompanhar o pai no hospital de tratamento, você já sabe o porquê.
_É o Aiden mãe! O pai dele está com os mesmo problemas? Coitado do Aiden tão jovem e já passando por isso tudo.
_Sim o pai dele está com os mesmo problemas de saúde, por questão da doença. Agradeça não ter país que vivem sempre dentro de hospitais.
_Eu agradeço sim mãe. —Digo com voz que glorifica a Deus por isso. Já que a mãe do Aiden tem que acompanhar seu pai no hospital eu estou feliz por ele vir ficar aqui em casa. Há algum tempo eu perdi o contato com ele essa seria uma boa oportunidade de reaproximação. A Giulia teve um gravidez muito conturbada quando estava esperando o Aiden e desde dai ficou muito amiga da minha mãe, quando precisava de alguém para desabafar. E mesmo que eu e o filho dela tenhamos nos afastado, ela ainda continuou amiga da minha mãe. Por isso preferiu deixar o Aiden aqui do que em qualquer outro lugar.
_E o que meu pai foi fazer? Vi ele saindo com o carro.—pergunto.
_justamente... Seu pai foi levar a Giulia no hospital que o Éden (pai do Aiden) ficará internado. Daqui a pouco o Aiden é Aiden né? Ou Auden? De qualquer forma ele virá , ele está em casa.
_Isso mãe Aiden.
A forma que minha mãe fala sobre esse assunto, é uma forma banal, como se isso não fosse importante, ou melhor parece que pra ela isso não tem o mínimo valor.
_Lauryn! Faz um favor para a mãe?
_sim mãe, tenho que fazer né! —reviro os olhos enquanto falo.
_Claro! Sou a sua mãe. —Diz ela com autoridade.
_E por quê ainda pergunta? Você pode muito bem mandar em mim! —Meu humor mudou rápido ao perceber que ela está esnobando o caso do pai do Aiden, isso é sério até demais, para ela falar com esse tom esnobe.
_Retire a comida do forno, esse menino tá demorando demais.
Eu retiro a lasanha do forno, e penso na possibilidade de ir até a casa do Aiden para o chama-lo e dizer que a comida está pronta.
_Mãe posso ir até a casa do Aiden e o chamá-lo?
_Você quem sabe. — e da de ombros.
Não pensei duas vezes calcei meus sapatos, peguei as chaves em cima da estante de mogno e corri até a porta... eu estava tão aflita em chamá-lo que as chaves tremiam em minha mão, demorei muito para consegui acertar a chave e abrir a porta. Atravessei a rua olhando para um lado e para o outro. Meu único pensamento era voltar pra casa e esperar ele vir até lá , mas me pondo no lugar dele, eu preferia ficar trancada em meu quarto. A casa dele está literalmente na frente da minha. A cada inspiração que eu dou sinto algo mais pesado e sombrio ao meu derredor, como se tivesse querendo me avisar sobre alguma coisa. Enfim cheguei! É a casa dele. Olho para as janela e sinto um arrepio tão forte que esqueço o que vim fazer aqui, mas acho que é o peso de saber que o pai dele está mal de novo. Há muito tempo eu havia falado com o Aiden. Tinha muito tempo desde que fui na sua casa, não me lembrava que na cigarra de ferro estava escrito em números romanos o ano 2002 (MMII) Ano de nascimento do Aiden. Mesmo assim toquei a cigarra com tanta precisão que nem vi os segundos passarem, de repente ouço um barulho agudo, tão agudo que cheguei a ficar surda por alguns segundos, era a flauta super enferrujada que o Aiden tinha desde muito tempo.
É ele! Ele abriu a porta. Confesso tinha medo que ele não aparecesse e me deixasse plantada ali esperando-o. Ele mudou, tá tão grande, ora quanto ele cresceu, tá lindo, não merece sofrer tanto e seu cabelo caído sobre os olhos, todo rebelde e castanho claro brilha tanto. Eu sei que estou prevalecendo meu lado de menina que ama reparar nos garotos.
Eu não consigo dar um piu.
_Ah! Oi Lauryn, sumida.—Diz o Aiden—Não consigo falar nada, são tantos pensamentos que noto logo minha fascinação por ele.
_Se você veio aqui pra ficar olhando para minha cara, eu te mando uma foto pelo WHATSAPP —completa ele. Eu não sei o que devo falar mas, tenho que improvisar. Tenho medo de falar sobre o pai dele e o-magoar.
_Olá Aiden! Você tá tão mudado.—falo baixinho e dando um sorriso de leve.
_É, deve ser os sete meses que você não fala comigo.—Ele fala com tom de ironia.
_Sete? Meu Deus não tinha notado que esse tempo todo se passou.
_Claro outros amigos me substituem.—Eu não tinha notado na boca dele ainda. Era como se os lábios dele me causasse interesse, e aquela voz grave me causasse mais ainda. Ele é misterioso, e esse mistério é bom! Isso me faz pensar no porquê eu me afastei dele, e o porquê eu não tinha notado isso antes, me lembro como se fosse ontem quando eu sempre via ele a caminho da escola e eu sempre puxava assunto, não lembro como foram sete meses sem falar com ele.
_Não te substitui.—mando.
_será? —Diz Aiden
_não vim aqui para descurtir Aiden!
Quero falar com você.
_Ata Lauryn, você quer falar do meu pai que está no hospital novamente.—ele deixa soar irônico novamente.
_Na verdade vim dizer que sua mãe pediu para você ir comer na minha casa, minha mãe preparou o café para nós.
_Estou sem fome.
_Típico de quem quer chamar atenção.
_Eu? Eu querer atenção sua? —Seu tom de voz muda.
_não sei, mas é o que parece.
_Olha valeu o convite, minha mãe havia me falado sobre ir comer na sua casa, mas não me sentiria bem, obrigado mais uma vez. —ele bateu à porta.
   Volto correndo até minha casa, fui até a cozinha vi que não havia ninguém lá. Meu pai ainda não tinha voltado. Peguei um grande pedaço da lasanha coloquei dentro de uma sacola plástica, minha mãe diria que é errado por comida em sacolas plásticas, então peguei o pote mais próximo e coloquei o pedaço de lasanha dentro... Retorno correndo para a casa dele. Mais uma vez apertei a cigarra e Ele foi tão rápido, como se soubesse que eu ia voltar.
_Por que você está aqui novamente? —fala ele intrigado –Você ama encher sacos de pessoas né?
_Trouxe a comida, já que Vossa majestade não foi até ela. —Ele pegou a comida e ficou calado olhando para o jardim, enquanto eu esperava que ele me convidasse a entrar.
_Legal. —Cochicha ele.
_você não vai me convidar a entrar?
_Como? —Ele não entendeu bem.
_Por favor eu quero entrar. Sei lá, te fazer companhia.
_Companhia agora? Só porque minha mãe está no hospital, com meu pai. —Sua voz trava. Sei que ele precisa de alguém, minha mãe havia ajudado a mãe dele quando ambas estavam grávidas, minha mãe havia dito a mim que a Giulia tinha sido diagnosticada com depressão antes de descobrir que estava grávida e após descobrir a gravidez continuava na mesma e o que a ajudou a sair dessa foi as visitas consecutivas da minha mãe, as conversas e os desabafos. Não quero que aconteça o mesmo com o Aiden.
Peguei na mãe dele puxando-o para dentro de sua casa. Eu quero poder ajudar ele, quero poder sentir como é ajudar alguém. Entrei na casa e me deparei com a tapeçaria toda bagunçada, os sofás todos desalinhados, na mesa de centro existia agulhas e alguns frascos de álcool e em letras grandes escrito 'proibido uso oral'. meu coração logo acelera, e a dúvida em saber o porquê de tudo estava daquele jeito, vai me consumindo aos poucos. Ele me diz que o melhor lugar da casa agora é a cobertura. Vou subindo as escadas com a mão suando. sinto que a mão dele está fria como um pedra de gelo. E segundos se passam tão rápido até eu conseguir ouvir o soluço do choro dele, meu coração não aguenta total tristeza. Acelero os passos para conseguir chegar mais rápido na laje...

São precisos dois (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora