Lauryn

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     (Capítulo Narrado por ela)

        É como se meu coração fosse um vazo de vidro, que acabou de cair, de muito alto e se estraçalhou pelo chão.
Aquele choro me quebrava como se eu fosse algo descartável, ia na mais profunda parte da minha alma. Eu não sabia que gostava tanto do Aiden, até ali quando ouvir o soluçar do choro dele que me fazia sentir dor, preocupado e milhões de pensamentos na minha mente. Mas logo que eu viro alguns corredores, encontro a porta que dá para a cobertura.
Abro a porta as pressas, mas logo noto o aviso amarelo que dizia: tranque a porta de chave e a pendure aqui!!!
Enfim, cheguei meu coração está tão acelerado e logo penso "Senhor me ajude a ser forte e pelo menos acalma-lo, nesse momento tão difícil." Puxo ele para que se sente num banco de cimento. Eu não consigo sentar, é como se a ansiedade deixasse minhas pernas paralisadas ali em pé. Demoro muito para perguntar, mas já não aguentava mais aquele silêncio.
_Aiden, seu pai vai melhorar e você vai ficar bem, eu prometo. —Digo.
Ele enxuga as lágrimas na sua bochecha e se prepara para falar:
_Não é isso.—Ele suspira. _Não só isso.—Completa ele. E eu me pergunto como não? Como não pode ser pelo pai dele? Então quer dizer que algo pior está acontecendo? Mas eu podia jurar que aquele choro era de dor muita dor e o que pode ser pior que ver seu pai prestes a morrer?
_Então espero que você me conte o que é porque... —Ele me interrompe:
_Porque você não é a melhor pessoa para está aqui comigo.
_O que eu sou? Não somos amigos? —Antes que ele responda eu completo _É, levando em conta o tempo que passamos sem nos falar. E ele vem com:
_Você é mais do que acha que é para mim.
    Como assim eu sou mais que acho que sou para ele? Eu achava que éramos amigos.
       Então quer dizer que... Meu Deus, mal posso ouvir a explicação dele a isso. Ele está enrolando, eu sei que ele tem muito mais que isso aí dentro pra falar. Eu gosto de pessoas que são diretas e dizem logo tudo que tem a dizer, desse jeito não dá.
_Aiden, me diz logo o que é ou eu vou ter que me desfazer de te ajudar e ir embora.
Tenho certeza que dessa vez ele manda logo a direta.
_Lauryn, lembra quando nós nos afastamos? Achando que era algum avanço da vida e que isso tinha que acontecer uma hora ou outra?
_Claro que lembro, fazem uns sete meses mais você não é o tipo de pessoa que é esquecido assim.
_Claro que não sabemos o porquê, ou melhor, você não sabia o porque desse afastamento.
Ele está enrolando de novo, eu não sei mais o que dizer para ele só acho que to perdendo tempo aqui, não sei porque.
_Poxa, Aiden eu só quero que você seja direto, que fale o que é, caramba.
E ele baixa a cabeça.
_É você o problema... —sussurra ele
_É o que? —Pergunto espantada.
_Você me quebra por dentro, é isso, você me faz querer morrer, Me faz querer te ter como eu nunca quis ninguém, me faz sentir calor quando está perto. Foi por isso que me afastei de você, por você, que sei que nunca, nunca pensou em mim como eu pensei em você. Porque como uma garota igual você ficaria com um garoto como eu?
Eu ouço todas aquelas palavras, com meu coração na mão. Me pergunto, o que fazer? porque? E um turbilhão de coisas vem na minha cabeça. Então aquela separação, foi ele. O procurar ele e não o encontrar nas redes sociais: ele me bloqueou.
O que ele fez não foi legal, mas ele tá devastado e chorando agora e por mim, eu estou gritando nesse momento, comigo mesma na minha cabeça e...
_Você não se importa. —Ele quebra o silêncio e me ajuda a parar toda a tempestade na minha cabeça.
E quase que instantaneamente eu mando um:
_Então você gostava de mim?
_É, mas eu achei que isso tenha sido do passado, mas tanta coisa aconteceu que esqueci de você, esqueci que eu te queria. E você voltou e tudo voltou também. —Fala ele com a voz travando.
_Ei! —Digo — calma, isso é normal.
_Lauryn! —Ele chama com voz calma.
_oi!
_Não quero que vá, só que ver você depois de tanto tempo, me fez sentir tudo aquilo de novo.
Eu não sei o que dizer, ou o que fazer ou o que sentir. Eu não sei como vou sair dessa.
E o silêncio predomina...
Até que
_Aiden —Pego na mal dele. _Me diz o que você sentia por mim e que está sentindo novamente.
Ele demora uns 2 a 3 minutos para responder. Enquanto isso penso, o quão o Aiden é legal e que eu não consigo vê-lo triste assim. Eu destruí ele e não sei como faço para concerta-lo
_Desde o nosso nono ano que eu me apaixonei por você, e isso me preocupou. Sempre que eu começo a gostar de alguém eu fico louco, não janto direito, não durmo direto, não penso direito, não penso em mais nada, e tudo muda.
_Aiden isso é normal! —Repito.
_Mas você era diferente, você era a menina que me chamava na minha casa pra irmos juntos a escola. A menina que me contava sobre os seus sonhos e tinha medos também.
     Sorrio discretamente, ouvindo tudo o que ele falou. É verdade não tinha reparado o quão importante era os momentos que o Aiden estava comigo.
_Cara Aiden, eu tinha esquecido de tudo isso.
_É.. —Soa como um: Pena que não sente o mesmo por mim.
_Então quer dizer que você chorou, que ficou assustado, sei lá, com medo, triste e fez aquela bagunça lá embaixo por... —antes que eu complete...
_Porquê você voltou e tudo também. Eu acho—sussurra ele com voz triste.
Meu coração parou. Não consigo ouvir mais nada e pensar mais em nada a não ser na letra da música lover why do Century. Que diz: Por quê, Amor, por quê?. E é assim que estou: por quê? Mais por quê comigo?
Eu não podia sumir agora? Tipo evaporar. Eu não aguento ver ele com essa cara. Eu não iria me perdoar se deixasse ele assim. O que eu devo fazer? Senhor me ajude! Durante isso o Aiden se levanta e vai em direção a o muro, que faz com que a cobertura não tenha caída. Eu o sigo e penso no que falar, se é certo falar ou deixar aquilo parado. A melodia daquela música não sai da minha cabeça, e o barulho do vento soprando meus ouvidos, me faz lembrar as viagens que eu ia com meu pai e minha mãe e as janelas abertas no carro, e isso me acalma.
_Eu não podia prender mais isso, sabe? —ele pergunta. _Mas acho nunca deixei de gostar de você.—Ele completa.
    As palavras dele ecoam na minha cabeça. E parecem não querer parar. Não consigo falar nada...
Dali vejo uma grande é gigantesca nimbos, com certeza irá chover e não vai demorar. "Tenho que ir para casa" diz o meu instinto. Mas não posso ir sem antes falar algo com ele. Digo a mim mesma: Respira
Você consegue! Conto até três e...
_Bom, acho que vai chover. E acabei de lembrar que não comi ainda, minha mãe vai me matar.
...
O silêncio dele me assusta, temo em deixá-lo sozinho, vi a bagunça que ele fez lá embaixo. Mas não posso ficar aqui o tempo todo.
_Aiden nós conversamos pelo celular, isso é, se você me desbloquear. —Digo com um suave toque de incerteza.
_Eu vou ficar bem.
Ouvir a voz dele é tão bom. Eu realmente amo aquele voz forte, e amo como ele fala firme.
_Aiden, eu.. Eu te...
_N ã o d i g a i s s o —Fala ele pausadamente.
_Eu ia dizer que você é forte e vai ficar tudo bem.
Qual é o problema dele eu realmente ia dizer que o amo, porque é isso que amigos fazem né? não sei se ele me odeio mais do que gosta de mim agora. Ele não queria ouvir um Eu Te Amo. Eu não entendo isso.
_Não diga o que não sente.— ele sussurra .
_Mas amigos amam também—toco levemente sua mão.
_Quando sair bata a porta! —Diz ele, Com um voz calma.
Vou tirando levemente a minha mão da mão dele, até que viro de vez e dou passos rápidos até a porta. Onde atravesso com ligeireza. Dobro um corredor; outro e mais outro, até notar que faz tempo que tinha ido ali na casa dele. E logo percebo que estou perdida. Ainda bem que nas portas tem placas de metal que avisam qual é o cômodo. Antes eu pensava que isso seria inútil, já agora eu agradeço. E vou lendo placa por placa de três portas até chega na que diz: "Meu habitante" claro que é o do Aiden. Não que eu esteja o comparando com um animal. Sei que é errado entrar ali, mas sou muito curiosa para ir embora sem sequer ter espiado pela brecha da porta. Empurro um pouco, mas não consigo enxergar nada muito bem. Empurro mais um pouco e deixo que a maçaneta escape da minha mão, abrindo toda a porta de vez.
_Droga! —falo como quem diz: como você é burra.
Até porque isso é invasão de privacidade né. E eu tinha razão, é o quarto do Aiden sim, tem fotos dele, algumas meias sujas espalhadas perto do sapato que ele sempre usa pra ir para a escola. Não queria, mas tem uma gaveta aberta cheia de coisas, eu quero muito vasculha-la. E vou andando com passos leves até chegar nela. Antes que eu comece a vasculhar escuto o barulho da porta da cobertura batendo. Ou é o Aiden ou é o vento, espero que seja o vento só assim eu tinha tempo de sair daqui.

São precisos dois (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora