Lauryn

14 2 0
                                    

(Capítulo narrado por ela)

   Eu estou devastada, Com o coração quebrado, E umas gotas de lágrimas escorrendo no meu rosto. Olho para o Aiden, Ele está normal, parece até não se importar. Na carta o pai dele deixa bem claro que mentiu para ele. Que não tinha tantos meses de vida, talvez por medo, talvez por proteção. Mas Ele se foi com todos achando que ele tinha mais uns meses de vida.
_Por quê ele foi parar no hospital dessa vez? —indago.
Aiden demora um pouco para responder, mas logo diz:
_Não sei. —olhando para a mesa de centro. E logo noto que a sala não está mais bagunçada.
_Aiden, eu quero te ajudar, eu vou te ajudar. Não deixe nenhum sentimento interferir nisso. —falo.
_Eu não preciso de ajuda. —ele está falando com um tom de raiva. E percebo que o que ele sente não é nada parecido, como quando alguém perde seu pai.
–Você está com raiva? —pergunto.
—Ele mentiu para mim. Não me deixou vê-lo antes de partir.
—Você está com raiva dele? —Pergunto deixando na minha voz um tom de surpresa.
—Você leu a carta. Ele mentiu para mim, ele sabia que ia morrer hoje ou pelo menos esses dias. Mas não disse. E ele sabe que eu não gosto de ficar sabendo de nada depois. Ele já tinha escondido algo de mim varias vezes. Só depois ele me contou. —Ele fala rapidamente acelerado. E range os dentes.
—Ele disse que te ama. E... —não consigo terminar.
—Ele sabia que eu ia ficar com raiva. E ele sabe que minha raiva prevalece de todos os outros sentimentos. Como a tristeza, da perda.
Eu acho que foi bom, pelo menos ele não está se acabando de chorar. Ele aceitou que o pai dele se foi, como aceita se seu time perder. Até parece que eu estou mais triste que ele. E me preocupo com ele. Quero abraçá-lo, mas ele está com raiva e acho que isso não seria de boa agora.
—Bom. Eu estou triste de qualquer forma. Mas você tem que falar com sua mãe. Sei lá, ligar para ela e conforta-la.— Digo com voz que implora _Você pode ligar de lá de casa. —concluo.
_está bem. —responde ele, se levantando. Ele passa na minha frente enquanto eu me levanto. E vai até a porta para abri-la.
        Enquanto estamos atravessando a rua ele permanece calado. Eu fico pensando como ele consegue ficar bem diante de toda essa situação.
Chegando em minha casa a porta está aberta. E lá está minha mãe sentada e pensativa, sem mais uma lágrima no rosto. Eu apenas digo a ela que o Aiden precisa ligar para sua mãe. Pergunto a ele se ele quer que eu fique lá, e ele diz que não será preciso, que depois da ligação ele voltará pra casa. Então eu subo para meu quarto e corro para a cama. Já está tarde e eu já precisava dormir, mas antes eu vou até a janela que estava aberta. Com a brisa soprando meu rosto, começo minha breve oração...
_Senhor, é necessário passar por problemas na vida para aprender com eles. Sei que o Aiden e sua mãe estão enfrentando uma perca, e eu peço de todo meu coração, ajude eles. Sei o quão difícil é. —Fecho a janela e deito em minha cama.
      Estou tão cansada que sinto meu corpo anestesiado. Foi um dia tão longo, parecia não ter fim, algo como, muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Então foi só emborcar e dormir.

São precisos dois (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora