O Meu Amor

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O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada...

Em seus encontros furtivos, geralmente às altas horas da madrugada, as palavras deixavam de fazer sentido.

Quando ela vinha com aquele seu jeito apressado, deixando o corpo desabar sobre seu amado, ansiosa demais e desejosa ao extremo, era confrontada pela reação terna e suave do receptor de tamanha intensidade.

Sem pressa alguma, ele se deliciava com a imagem exuberante de suas curvas, ocupava-se em observar cada centímetro dela. Aquele era um ritual de iniciação, como se todo o resto dependesse do quanto conseguiria absorver de tamanha força que só ela emanava. 

A imponência dela precisaria ser refreada, degustada, antes de reduzida à pó, para que aquele momento fosse conduzido pela serenidade que somente os amantes plenos possuem.

Cada contorno de seu corpo feminino merecia cuidado.

Ele só saberia valorizar o que tinha à disposição, se pudesse compreender a natureza de suas marcas. As nuances dos cabelos alongados, cada relevo da pele fria e suave, com manchinhas aqui e acolá. Cada ruga de expressão contava um pouco de sua história.

Para ela, ser observada enquanto caminhava ao longe, antes de receber efetivamente o toque de suas mãos, era um exercício de paciência. Podia sentir a timidez fluindo lentamente pelos poros, cada vez que era capturada por aquele olhar que conseguia prescrutar até o mais íntimo de sua alma. 

Como se estivesse nua.

Como uma musa inspiradora desenhada em tela, pelo mais apaixonado pintor.

A mais bela das atrizes, a mais desejada das mulheres. 

Em chamas. Era assim que se sentia enquanto ele prolongava o ansiado encontro físico, quando oferecia seu amor através do olhar.

O Meu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora