Capitulo 2

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Queima de arquivo

A primavera é uma das estações mais gostosas do ano, um novo botão de rosa nasce a cada dia e o jardim fica cada vez mais perfumado, os sonhos parecem reais, os pássaros cantam mais alto, a grama fica mais verde e até mesmo um beijo ganha mais sabor, mas era verão e os alunos do Colégio Dom Casmurro estavam aproveitando seus últimos dias de férias. As aulas iriam começar em uma semana, um novo ano se aproximava, grandes sonhos e oportunidades, objetivos pra alcançar e muito para se aprender, mas será que esse era o foco principal daqueles jovens? Deveria ser, mas dentro daquelas paredes eles aprendiam muito mais que receber um diploma, também se preparavam para a vida.

Pilar Pimentel era uma das garotas mais populares do colégio, uma loira que vivia na hierarquia social do colegial, fútil e mimada, tinha todas as qualidades de uma patricinha e a mesma adorava ser rotulada desse jeito. Tao delicada quanta uma rosa, era uma verdadeira bonequinha de plástico, venerava o estilo “cor-de-rosa” e namorava o jovem Rick, um garoto simples e muito bonito, que mesmo sob pressão de um sogra rigorosamente controladora e que não aceitava aquele relacionamento em hipótese nenhuma, aprendera a alimenta-lo às escondidas.

O point da garotada era a Queen, uma boate moderna e descolada, ao estilo das mais famosas e sofisticadas, exceto pela parte burocrática. Luzes azuis, barzinho elegante e garçons por todos os lados. O berço das grandes festas entre os jovens, DJs, gogo boys e grupos de danças. Quantas histórias para se contar ali dentro, o tão esperado primeiro beijo, o amigo que embriagado, teve de ser levado pra casa, a menina que foi pega no banheiro masculino com um cara, sem falar dos amigos gays que derrotavam qualquer garotinha na pista de dança, sem dúvida, que lugar seria melhor para se descobrir? Afinal a puberdade é a melhor matéria para se aprender na prática.

Era fim de semana, a Queen apresentava um novo DJ e os dois não poderiam perder, mesmo que fosse necessário dar uma típica fugidinha adolescente para ter que estar na festa. Na terceira música a boate já estava lotada e o casal perfeito chegava ao saguão requebrando como ninguém.

Já passava da meia noite quando o celular de Pilar tocava, era Karen, uma velha amiga que havia viajado nas férias e estava prestes a chegar naquela semana, então a atendeu, estava com muita saudade e não via a hora de vê-la, porém a mesma não parecia animada por estar voltando.

Estou chegando amanha amiga, mas se eu pudesse, ficava por aqui mesmo!

Pilar preocupada tentava anima-la, dizia o quanto todo mundo estava com saudades, mas era inútil.

Ainda bem que você está chegando amanha, tenho tanta coisa pra te contar.

Eu também amiga, mas antes quero ver o meu irmão.        

Não sei por que você se preocupa tanto com o Heric, ele nem liga pra você, e além do mais vocês não são irmãos de verdade.

Eu sei, mas não é o fato de nossos pais serem casados que nos faz irmãos, é o sentimento que verdadeiramente importa!

Sua mãe havia se casado com o pai do Heric há um ano, o que os tornava irmãos postiços, ele não aceitava muito sua nova família, ela por outro lado fazia o possível por uma boa relação tanto com ele, quanto com seu padrasto. Karen tinha uma simpatia tão grande quanto seu coração, sonhadora e muito extrovertida, tão linda quanto uma princesa. Mais como toda Cinderela, tinha um passado desconhecido, uma gata borralheira dentro si. Conquistava a todos facilmente, já seu irmão era bom e amável, porém muito orgulhoso, o que o afastava um pouco das pessoas, sendo com esse jeito “hospitaleiro” sua recepção.

O dia já amanheceu agitado na casa dos Maldonatto, o motorista do taxi abria a porta, a empregada da casa a ajudava com suas malas, sua mãe e seu padrasto vieram logo dar as boas vindas, estavam muito felizes, ao contrario do Heric, que demonstrava tamanha indiferença num simples abraço, olhava pros lados, mal falava algo, inquieto, louco pra que aquilo acabasse. Logo se trancou no quarto e lá ficou o dia todo. Karen preocupada queria falar com ele, mas tinha medo de chateá-lo mais ainda, iria encontrar com seus amigos a noite, mas não podia ir antes de conversar com seu irmão, foi ate seu quarto e bateu a porta, ele, estressado, perguntou quem era, ela, eufórica entrou de supetão, tendo uma surpresa; ele trocava de roupa durante sua invasão, os dois se assustaram, ela não sabia o que dizer, estava com muita vergonha, pediu desculpas e disse que queria apenas conversar, mas ele não queria papo, gritava pra que saísse do quarto e furioso bateu a porta em sua cara.         

O que há por trásOnde histórias criam vida. Descubra agora