Capitulo 3

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Passo a passo

Cada recomeço traz lembranças indesejáveis, alguns sonhos perdidos e feridas incapazes de cicatrizar, contudo não se reerguer para uma nova vida, é o que transforma o ser humano em um verdadeiro fracassado. Decepções vem e vão, a vida continua e fomos feitos pra viver. O Dom Casmurro era o colégio mais famoso da cidade, com um índice perfeito em educação tinha seu regime integral e uma diretora muito rígida, Lurdes Braga era seu nome. Com tudo preparado para recepcionar os alunos ela não podia deixar de dar um dos seus famosos discursos àquela segunda-feira.

Enfim havia começado o ano letivo e nada lhe passava despercebido, fazia de tudo pela ordem dentro daquelas paredes e vivia mais pelos corredores supervisionando os alunos do que em sua própria sala tomando conta das tarefas de um gestor.

Pilar observava tudo de longe com aquele olhar arrogante, perdia a paciência quando a perguntavam sobre o incêndio na boate, de óculos escuros e sua tradicional bolsa da Prada, olhava por cima das lentes sempre que ia falar com alguém.

Mais um ano nessa escolinha de quinta! Eca!

Já estavam todos se direcionando pras salas e ela procurava por Karen que acabava de chegar. Sempre muito bonita, andava tão suavemente que parecia estar em câmera lenta, a olhavam dos pés a cabeça, a garota sensação finalmente havia retornado, mas a mesma só queria saber como estava sua amiga.

Estou bem. Obrigada.

E o Rick?

Não quero saber dele.

À porta da sala, ela pode ver a ultima pessoa que queria.

Não acredito que ele esta na nossa sala?

Quem?

Meu pior pesadelo!

Do que você esta falando Karen?

Dele! -desapontada ela olhava pro fundo da sala- Rodolfo Carvalho!

O que?

Rodolfo Carvalho, era um dos jogadores do time de futebol do colégio, brincalhão, era considerado o Dom Juan do Dom Casmurro, um verdadeiro "galinha", moreno, alto e muito bonito, fazia parte de um capitulo indesejável de sua vida.

Desde sua transferência, seus primeiros dias de aula e até pouco tempo atrás, ele fazia de sua vida um verdadeiro inferno, com deboches, brincadeiras e pegadinhas de mal gosto. Um garoto metido, cheio de gracinhas, porem muito extrovertido. O único que a afrontava.

Aquela imagem trazia a sua mente rápidas lembranças do que já havia passado em suas mãos, dentre elas, seu primeiro dia de aula. Ela colocava seus primeiros passos na classe enquanto o mesmo tramava suas boas vindas, estava distraída com todo aquele novo universo quando o mesmo escondeu em seu fichário um pacote de preservativos, que num ato de guardar suas coisas no fim da aula foram ao chão, foi uma avalanche de risos e piadas, uma verdadeira humilhação.

Com o tempo as brincadeiras foram se tornando frequentes e por mais que ela tentasse impedir, era inútil. Ele agora namorava a doce Julia, coo-presidente do grupo de dança do colégio, ainda era o mesmo, mas ágil naturalmente ao revê-la.

Não acredito que você viajou por conta dele!

Eu precisava de um tempo! De tudo sabe...

Como assim de tudo?

Pensativa, ela tentou contornar a situação.

...Mais desta vez ele mal me notou. Parece que alguém aqui amadureceu!

As duas foram interrompidas pela professora de português, que com tanta moral com seus alunos, mal precisava pedir silencio ao chegar à sala de aula.

O que há por trásOnde histórias criam vida. Descubra agora