Capitulo 4

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Arriscar para acertar

Decepcionado com seu filho, Cicero andava de um canto da sala à outro, enquanto assanhava seus próprios cabelos. À sua frente, sentado numa daquelas modernas poltronas giratórias estava ele, cabisbaixo e envergonhado. Julieta falava ao telefone com uma amiga, enquanto prestava atenção em seu marido.

Mal começou as aulas e você já me arruma reclamações!

Eu não tive culpa pai!

Como não teve culpa?! Pra que serva aquela moto que te dei?! Não me diga que é só pra você vadiar com seus amigos!

Parada à escada Karen observava todo aquele sermão, fingia querer subir para o quarto, mas estava preocupada com seu irmão.

Eu não sei o que fazer contigo Heric!

Foi apenas um imprevisto Cicero! -ela então se intrometeu- O Heric não teve culpa!

Quem pediu sua opinião garota?!

O que é isso Heric?! Isso é jeito de falar com sua irmã?!

Irritado, ele se levantou.

Rhaissa é o nome da minha irmã e ela está bem longe daqui!

Rhaissa era sua irmã mais velha, fazia faculdade de Design no Rio de Janeiro, e morava com algumas amigas, ao contrario dele adorava Karen, as duas se tratavam como verdadeiras irmãs desde criança e aquela amizade foi o maior motivo pra que seus pais se conhecessem.

Agora ela é sua irmã também e eu não quero ver você a tratando mal! Esta me entendendo?!

Cabisbaixo, ele não aceitava.

E como castigo, você a levara as quintas-feiras ao curso de Inglês, você se inscreveu não foi Karen?

Sim, me inscrevi, começa essa semana!

Pois bem, está decidido! Talvez assim você aprenda a ter responsabilidades!

Mas pai!...

Mas nada! É isso ou eu vou encontrar um fim melhor pra sua moto!

Dando um fim naquela conversa, ele saiu dali satisfeito. Karen parada a escada, olhava pra seu irmão que furioso chutou sua mochila ao chão e subiu correndo ate seu quarto.  Só imaginava o que podia estar acontecendo com ele. Nada a preocupava mais.  A semana foi passando e ele não falava com ninguém, ia pra escola e quando chegava trancava-se no quarto.

Na quinta feira Karen chegou em casa, tomou seu banho, e já vestia-se quando alguém bateu a porta. Era ele, chamava-a calmamente e a mesma o pediu pra entrar.

Você já esta pronta?

Estou quase.

Tudo bem, posso...

Ela o interrompeu.

Heric!

Oi.

Você não precisa me levar se não quiser! Eu posso pegar um taxi.

Ele segurava seu capacete, enquanto balançava suas chaves.

Não! Eu vou com você!

Ok.

Pegou sua bolsa e desceram as escadas. Ele parecia um pouco diferente, não aparentava estar de mau humor como sempre vivia. De uma forma que ela não esperava, parecia estar aceitando seu castigo numa boa.

O que há por trásOnde histórias criam vida. Descubra agora