A casa da colina

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Na cidade de Soledade, localizada ao sul de Bento Lopes, há uma casa branca e solitária em cima de uma colina. Nessa casa, foram assassinados dois irmãos mulçumanos que estavam de férias na casa dos tios, o proprietário da referida e misteriosa casa era Seu Romário, um banqueiro em ruínas, dizem que na juventude ele fora muito rico e influente, agora, só mesmo sua esposa, Clara para o aguentar, ultimamente, por causa da idade avançada e do Alzheimer, Seu Romário tinha se tornado um homem amargo e de temperamento rude.
Na véspera do natal do ano de 1955 estavam na casa da colina, Seu Romário, Clara, sua esposa, e seus dois sobrinhos, Aliam Mohamy e Saidyh Mohamy ambos mulçumanos e gêmeos idênticos, os rapazes de aproximadamente 20 anos, eram muito "libertianos" e fanfarrões aos olhos de seu tio, Romário. Na noite da ceia de natal, os gêmeos beberam sozinhos doze garrafas de champanhe que Dona Clara pessoalmente comprou no botequim de Seu Juquinha na cidade vizinha naquela mesma manhã, e logo ficaram bêbados e começaram a quebrar parte da mobília da casa da colina de seus tios.
Seu Romário, num acesso de ira, agarrou os rapazes com ambas as mãos e só os soltou quando eles pararam de se debater, qual não foi o espanto de Dona Clara ao ver a cena: os dois rapazes estavam mortos, Seu Romário se entregou as autoridades e fora condenado por homicídio duplamente qualificado, com pena aproximada de 25 anos em regime fechado e Dona Clara, perdeu o juízo e fora internada às pressas no sanatório municipal de Bento Lopes. O que o casal não sabia é que Seu Juquinha, um antigo morador cliente de Seu Romário, fora quem vendera as bebidas envenenadas aos seus sobrinhos naquela fatídica manhã de 24 de Dezembro de 1955. Após a publicação do obituário no jornal da cidade vizinha, em Bento Lopes, Seu Juquinha brindou com seus amigos a prisão de seu antigo rival, Seu Romário, que não só lhe roubou a noiva, Dona Clara, às vésperas de seu matrimônio, mas também lhe deu um golpe administrativo que o levou à falência. Trinta anos depois, Seu Juquinha confessou às autoridades ter adulterado o conteúdo das garrafas de champanhe quando as vendeu pra Dona Clara, o fato é que de pouco ou nada adiantou, pois Dona Clara falecera há pouco mais de 4 anos atrás e Seu Romário, de volta à sua residência no alto da colina, acabou por suicidar-se na noite do Ano Novo do ano de 1985, um dia após a deixar a prisão. A casa da colina hoje abriga um museu com utensílios, móveis  e roupas da década de 50, em noites de lua cheia, três vultos rondam a casa e é impossível os guardas noturnos tirarem uma "sonequinha."

Obs: os nomes das pessoas e das  cidades foram trocados para preservar a identidade dos verdadeiros protagonistas.

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