A última casa da rua

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Joaquina era uma jovem mulher recém casada de longos cabelos negros e um olhar penetrante. Ela morava numa pequena vila onde haviam somente três casas, o loteamento ficava próximo aos trilhos do trem e era rodeado pelos campos que abrigavam o cemitério.
Certa noite, estando Joaquina sozinha em casa com seu bebê, eis que ela ouve algo: parecia que havia alguma coisa debaixo do assoalho de sua casa, pelas frestas do assoalho dava pra ver reduzindo contra a luz vacilante da vela uma faca muito afiada.
Já eram mais de três horas da manhã, seu marido ainda não havia chegado e seu filho estava agitado com o barulho do vento e parecia que os uivos dos lobos estavam cada vez mais próximos, Joaquina sempre fora corajosa, aos 15 anos, ela fez uma moça comer terra durante uma briga, na escola, brigava com os meninos e sempre vencia. Havia um menino apelidado de Pelé que sempre a perturbava, digo perturbava, porque isso chegou ao fim, a moça furiosa com as provocações do rapaz pegou seu tamanco e rachou a cabeça do moço sem piedade.
Joaquina estava colocando seu filho pra dormir, quando ouve um barulho estrondante vindo da porta de sua casa. De repente, alguém mexe na corrente da porta, o bebê chora e ela ouve passos, ela decide ir até a rua para verificar o que estava acontecendo, munida de uma espingarda de chumbo e de roupão, ela encheu-se de coragem e com suaves passos ela deu a volta na casa, e eis que ela viu um rapaz com a cabeça toda ensanguentada rondando sua residência com uma faca, ela aguardou pacientemente o momento certo para atacar. O homem estava a uma pequena distância dela e a queima roupa ela atirou duas vezes, um tiro acertou a perna do moço e o outro pegou de raspão no braço esquerdo. Ele caiu no chão, e com a ajuda da luz do luar ela o reconheceu, era o Pelé, seu ex colega de classe.
Ele ao vê-la tentou pegar a faca que estava no chão, arrastando-se com dificuldade, ele quase a pegou, porém Joaquina foi mais rápida e conseguiu empurrar a faca pra longe, ambos lutaram, ele arranhou o rosto dela e conseguiu fugir. No campo, os lobos estavam enfurecidos e ficavam sem dar tréguas, Pelé atordoado e dolorido acabou não percebendo o trem que se aproximava e morreu atropelado.

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