Cavalheiro das Trevas

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Era uma noite fria de inverno como muitas outras, o casal e sua filha recém-nascida adentraram na velha casa de madeira localizada num afastado bairro de Urubici.
Devido à morte do antigo proprietário, a casa foi vendida a um preço muito baixo, muitas pessoas são supersticiosas quanto a morar numa casa onde o antigo dono se suicidou. Não era o caso de José, ele sempre fora cético quanto à assuntos sobrenaturais, ao contrário de sua esposa, Matilde.
Logo ao entrar na sala, Matilde reparou em dois tocos de vela caidos no canto esquerdo da sala, tentou manter-se calma, sempre tivera muito medo do sobrenatural, aquelas velas eram mau presságio, ela sempre soubera! O bebê começou a chorar e Matilde começou a embalar rapidamente o recém-nascido, vendo esta cena, José disse em tom de gozação que Matilde estava dançando uma moda com o falecido e começou a gargalhar alto.
Naquela noite de Junho, ninguém dormiu naquela casa, durante a madrugada todos eles ouviram gemidos pela sala, passos, barulho de louças sendo quebradas e muitos gritos abafados, parecia que havia alguém maléfico entre eles.
José, muito cético, pensando se tratar de um arruaceiro viajante ou de um salteador, vestiu as pantufas e saiu à meia-luz de uma lanterna de querosene à passos largos em destino à sala. Qual não foi sua surpresa quando não viu nada de estranho, pensando se tratar de um pesadelo voltou a dormir, ao menos dormir era o seu plano.
Ao clarar do dia, José olhou da janela lateral de seu quarto em direção às montanhas e viu um velho cavalheiro vestido de preto, trajando capa escura e usando chapéu saindo de dentro de seu terreno montado à cavalo, como isso era possível, soltara os cachorros bravos antes de ir dormir e trancou muito bem os portões e estes eram muito altos. Desse dia em diante, José enlouqueceu porque nunca assumiu, nem mesmo para si mesmo, que aquele homem era morto.
Tem coisas que acontecem só para àqueles que duvidam! Há muitas coisas entre o céu e a terra do que julga nossa
própria consciência e tudo depende da nossa percepção sobre as coisas.

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