Capítulo 2 – O Jogo
Entramos em meu apartamento e eu a conduzi até o sofá. Ela analisou o ambiente enquanto sentávamos.
- Uau! Belo apartamento.
- Obrigada. O que você quer beber?
- Água, por favor. – Sorriu.
- Ok, vou buscar. – Levantei e alcancei o controle do aparelho de som, entreguei a ela e saí. – Escolha alguma coisa para ouvirmos enquanto isso. Agora é sua vez. – E saí.
Fui para a cozinha, enviei uma mensagem para o Gus, dizendo que já havia chegado em casa, larguei o celular no balcão e fui pegar duas taças no armário. Segui para escolher um vinho, mesmo ela dizendo que queria água, decidi oferecer novamente. Peguei uma garrafa do meu favorito e abri. Servi um copo com água e segurei com uma mão, enquanto com a outra segurei as duas taças vazias e a garrafa. Já estava a caminho da sala quando a música começou a tocar e congelei. Aquela música... A mesma que pus para tocar no carro com o objetivo de enviar um sinal para ela. Será que ela estava me respondendo? Ou será que simplesmente gostou da música e quis ouvir de novo? Lembrei dela falando da letra e da batida. Por que eu não consegui interpretá-la? Aquela situação de incerteza, por algum motivo, estava me deixando mais curiosa ainda sobre ela, e as sensações que eu estava sentindo ficavam cada vez mais fortes.
Caminhei até a sala e a encontrei próxima ao aparelho de som, segurando um porta-retratos com uma foto minha, abraçando meu irmão e se movendo de forma sutil no ritmo da música. A coisa mais sensual que já vi. Fiquei ali parada, observando por alguns instantes. Meu corpo desta vez reagiu de forma mais agressiva e todos os músculos abaixo da minha cintura se contraíram. Como se pressentisse a minha presença, ela se virou e me encarou. Caminhei até chegar perto dela, entreguei o copo com a água e descansei as taças sobre a prateleira, peguei o vinho e as servi. Pus a garrafa de lado e peguei as duas taças.
- Tem certeza de que vai ficar só na água? – O som da minha voz saiu rouco, quase inaudível. – Acompanhe-me ao menos em um brinde. – Pedi.
- Ok, eu aceito.
Entreguei uma taça para ela que, antes de receber, acomodou o copo com água e o porta-retratos na estante. Estávamos tão perto que conseguia sentir o cheiro dela. Inebriante... Doce e sofisticado. Mais uma vez perdi o senso quando inspirei e sem pensar fechei os olhos. Quando abri, o olhar dela queimou no meu, mas em seguida ela o desviou.
- É seu irmão? – Perguntou.
- Como?
- O rapaz na foto, é seu irmão? – Como ela sabe?
- Sim. Como você sabe?
- A semelhança é grande. Ele é lindo. Bem, você é... Digo... Os dois são lindos.
- Sim, ele é lindo mesmo. Obrigada. – Ergui a taça. – Tim tim?
- Tim tim. – Ela esbarrou a taça na minha e tomamos um gole.
- Está bom?
- Delicioso. – Foi a vez de ela trazer um duplo sentido para a palavra.
- Vem, vamos sentar.
Fomos até o sofá e, embora ele fosse enorme, fiz questão de ficar a poucos centímetros dela. A música enchia a sala e trazia um ar de sensualidade para a situação. Não resisti à curiosidade e em um ímpeto perguntei:
- Gostou tanto assim da música?
- Sim, muito. Fiquei com ela na cabeça desde que tocou no carro, precisava ouvir de novo.
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Amor... E Outros Dilemas - Degustação
RomanceNem Clara e nem Júlia estavam dispostas a sair de casa àquela noite, mas ambas, convencidas por seus respectivos amigos, resolveram ceder. Clara, racional, realista, dominadora de seus próprios desejos, conhecida por muitos como a rainha do gelo; Jú...