Capítulo 15 - Não me OLHE

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AVISO DE GATILHO.
O capítulo a seguir conta com cenas focadas em transtornos psicológicos, tais como: depressão, ansiedade e TOC, podendo abordar pensamentos negativos em relação ao suicídio.
Por favor, leiam com cuidado e tenham consciência de seus limites.

Obrigada pela atenção,
Boa Leitura!

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Não considerava os seus dias naturalmente ruins, não.

Não por achar que eles fossem bons — não eram.

Todavia, os considerava suportáveis a ponto de tentar manter uma visão positiva.

Não ligava para as opiniões dos fotógrafos, não.

Não por gostar de ser culpado por algo que não conseguia controlar — pois não achava que era.

No entanto, podia suportar todas as palavras ofensivas vindo de pessoas desconhecidas.

É claro que detestava o TOC.

Não importava quantas vezes repetisse que tudo aquilo era feito com um propósito maior e valeria a pena no fim, ou que a perfeição era o tipo de coisa pelo qual valia a pena lutar, não importava quantas ou quais mentiras contasse. Nunca havia sido bom em mentir, por isso, nunca se convencia de verdade.

A maioria das vezes apenas fingia acreditar, agarrando-se na esperança de que tudo fosse ficar mais fácil.

A realidade é que mesmo que proclamasse mil vezes, nada daquilo viraria realidade. Detestava o TOC, detestava a maneira que levava a vida, detestava ser prisioneiro de algo que habitava sua cabeça e se sentia um parasita no seu próprio corpo. Detestava. Detestava nove vezes mais do que o normal e detestaria ainda mais se a palavra fosse maior. Detestava os toques, as manias, as obsessões, as compulsões, os pensamentos, a ansiedade, detestava tudo aquilo que hoje fazia parte de seu cotidiano e detestava mais ainda ter se adaptado àquilo.

Ter se acomodado.

Algumas vezes costumava parar e logo percebia que conseguia detestar a si mais do que a tudo aquilo, sentia que era o verdadeiro culpado por permitir que tudo tivesse chegado naquele ponto em que não era capaz de pedir ajuda ou até mesmo se ajudar, como conseguiu ser tão idiota?! Sabia bem que aquelas coisas não iriam embora por vontade própria e que não era apto a lidar sozinho. Por que acreditou que podia controlar a situação sem a ajuda de ninguém?

Bem, mesmo que quisesse pedir ajuda, não pediria. Não mais.

Não se imaginava relatando a Sofia os acontecimentos dos últimos meses — a estilista já tinha o alertado de que seria a última vez que o obrigava a ir para um médico. Não era culpa dela, de toda forma.

Qualquer um desistiria dele.

Ele mesmo desistiu.

Não me TOC [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora