I - Divórcio (Especial de 5k)

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A porta da pequena sala se abriu tão rápido quanto possível, mas mesmo com o movimento abrupto, a menina - ou mulher, dependendo do ponto de vista - não retirou os olhos da linha. Pregar botões realmente era um trabalho que detestava fazer. Porém, se era o que a tinham mandado fazer, faria.

Afinal, sempre existia um estágio pior.

Ossos do ofício. Deixou-se pensar, sem observar a face do rapaz a sua frente, incrédulo por ter sido ignorado. Não por maldade, ou desatenção. Conseguia sentir claramente os olhos verdes a fitando, procurando desesperadamente palavras para expressar o que sentia e, como se não bastasse, achava que merecia escutar cada fonema do que o modelo ousasse dizer.

Todavia, isso não a impedia de ter medo do que ia escutar.

Uma tosse seca e falsa surgiu, talvez nem mesmo o rapaz quisesse iniciar aquela conversa.

Levantou os olhos com cuidado, a cara irritada - ou apenas chateada, havia um bom tempo que ambas pareciam a mesma para Marina - do moreno era visível. Algo o incomodava, ela sabia o que era, mas não sabia se estava pronta para começar aquela conversa.

Infelizmente, ninguém esperou o seu preparo.

- Quando iria me contar?

Fodeu. A palavra, que nunca poderia ser recitada em voz alta, passou de forma tão rápida.

- O quê?

E, se fingimento rendesse prêmio, a estilista sabia que ganharia todos.

Que coisa feia de se fazer, Marina. Culpou-se.

Mas se culparia bem mais no final dessa conversa.

Sempre soube que um dia quebraria o coração de Adams, ou melhor, em algum momento acreditou que ambos tivessem um futuro, porém aquilo foi há tantos anos. A distância não tinha diminuído o sentimento do menino e talvez também não tivesse diminuído o seu, só que isso era um problema que a Marina do futuro teria que resolver, a do presente queria apenas controlar toda aquela situação.

Entregar um ponto final naquela história cheia de vírgulas.

- Não sei, eu acharia ótimo algo como: oi Adams, eu vou me casar.

E se deboche fosse matéria de universidade, Adams nunca teria abandonado a dele. Na verdade, provavelmente seria até chamado para ministrar as aulas. Soltou um longo suspiro, não estava em função de julgar ou criticar, não estava com direito ao menos de reclamar. Sofia tinha a alertado que o garoto teria um surto quando descobrisse, por um momento desejou que a chefe errasse mais suas previsões.

Contudo, a própria Marina sabia que o rapaz surtaria.

Ponderou sobre revidar o deboche, não era uma boa ideia.

Não estava ao menos perto de ser uma boa ideia.

- Não vai falar nada? - Tudo bem, ele estava estressado. Tinha certeza que estava estressado porque estava levantando suas sobrancelhas e mantinha a boca aberta na maioria do tempo.

Os hábitos, assim como os sentimentos, persistiram no modelo.

- Desculpa, pai - disse da forma mais brincalhona que conseguiu, infelizmente nem um nariz vermelho faria aquele diálogo ser engraçado. Existem coisas que não se pode romantizar ou minimizar, o seu casamento é uma delas. - Foi mal, eu até tentei falar com você, mas estava ocupado a semana passada inteira e não era o tipo de coisa que poderia se falar por telefone.

- Ah, então isso é o tipo de coisa que eu deveria descobrir olhando o Facebook da Isabella? Que bom saber.

Droga. Maldita interação digital. Porra, Isa! Amaldiçoou a amiga, desejando que ela simplesmente soubesse a hora certa de espalhar as informações da sua vida.

Não me TOC [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora