capitulo 10

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Meus pensamentos claramente oscilavam entre matar Tiago, e a certeza de que eu morreria, e acabaria levando a pequena junto comigo. Olhei para baixo, mais uma vez, tentando me concentrar em não deixar a pequena cesta cair com Luna dentro.

Tiago deixou lanches e algumas revistas para mim em uma pequena cesta de palha. Escolhi alguns lençóis e fiz a famosa Tereza. Sairia dali de qualquer jeito, só esperava não machucar a pequena nesse processo. Assim que a cesta encostou no chão, prendi a ponta da Tereza no pé da minha cama que havia puxado para perto da janela, e comecei a descer.

Não tinha celular, Tiago havia levado o meu. O jeito era conseguir um táxi. Precisei caminhar um pouco com Luna em meus braços até que um carro finalmente passasse por mim. Ergui minhas mãos em um gesto desesperado e ele parou.

― Lanchonete da Mara, por favor ― pedi. Tenho que matar alguém. Quis completar, mas era melhor evitar problemas.

"Oh" ― Luna falou, apontando para a foto de um bebê que estava em um outdoor.

― É, minha linda, um amiguinho. ― Sorri, beijando sua mão, mas pensando em diversas formas de matar Tiago.

― Chegamos. ― O motorista me tirou do meu transe pouco tempo depois. Joguei uma nota de cinquenta e disse que podia ficar com o troco. Corri com Luna em meus braços, olhando por todos os lados, até encontrar um Tiago irritado quase esfregando aquela foto na cara de Bruno, que parecia pálido demais para o meu gosto.

― Espero não estar interrompendo nada ― falei, assim que cheguei à mesa, atraindo a atenção dos dois para mim.

― Mas que diabos... ― Tiago começou, com o rosto ficando mais vermelho que pimentão.

― Cala boca ― respondi, me sentando e encarando Bruno. ― O que é isso, Bruno? ― Puxei a foto da mão de Tiago.

Ele ficou calado por alguns momentos, antes de suspirar.

― Não sei como ele conseguiu te colocar contra mim desse jeito, Ana ― falou, quase convincente. ― Estivemos juntos por tantos anos... Essa dúvida, vindo dele é normal, mas de você...

Eu ri, balançando a cabeça de forma negativa e mordendo o canto dos lábios.

― Sabe, Bruno ― passei a mão pelos cabelos e entreguei à Luna um brinquedinho para distraí-la ―, eu poderia facilmente não acreditar no Tiago. Não tenho muitos motivos pra isso ― falei suspirando ―, mas não é por ele que acredito.

Tiago colocou outras duas fotos da mesa. Puxei a primeira, girando-a para que estivesse de frente para Bruno.

― Isso é um borrão, Ana ― falou, achando graça da situação. ― Nada garante que sou eu! E não sou!

Olhei para Bruno por algum tempo, tentando entender em que momento da nossa relação ele se tornou esse cara mentiroso. Se é que algum dia, nós tivemos uma relação.

― Sabe o que é engraçado? ― Tiago não se intrometeu, o que achei bom. Não conseguiria deixar de expressar minha fúria sobre ele. Virei uma última foto, e, como na anterior, fiz questão de deixá-la de forma que o Bruno tivesse uma visão perfeita da imagem. ― É que essa foto mostra exatamente o contrário.

A foto em questão mostrava o Bruno olhando assustado para frente, assim como uma criança pega no flagra fazendo algo errado.

― Eu reconheci você logo. ― Apertei os lábios, sentindo lágrimas querendo inundar meus olhos. Mas não daria esse gostinho a ele, ou a Tiago. Não os deixaria testemunhar nenhum momento de fraqueza. ― Eu que te dei essa camisa. Você sempre ficou bem nela.

Confusão do Destino [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora