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Assim que o carro parou, desci juntamente com Riley e Alya, sentindo o vento frio da Rússia bater em minha pele. Arrumei um pouco minha jaqueta, vendo Riley se encolher um pouco em seu sobretudo, esfregando os olhos pela longa viagem, e gesticulei para que ele guiasse o caminho. As ruas de Shoksha estavam vazias, mas eu podia sentir e ouvir as pessoas em suas casas. Os humanos civis agora apenas se escondiam e tentavam sobreviver à guerra, então aquilo não me deixava surpresa.

Após alguns minutos de caminhada, chegamos até o lago Onega, onde um homem estava de pé, olhando atentamente para as águas. Riley correu até ele, enquanto eu apenas fiz meu caminho calmamente até os dois, com Alya logo atrás de mim, escondendo minhas mãos nos bolsos de minha jaqueta para aquecê-las.

"Richard, achei você! Onde ele está?"

O homem se virou para mim. Seu rosto era pálido e guardava uma expressão carrancuda. Parecia irritado com algo.

"Vocês fazem da minha vida um inferno, tive que segurar aquela coisa por todo esse tempo até que vocês chegassem!" ele gritou em russo, e passou a gritar palavrões ao vento enquanto começava a caminhar até uma pequena cabana de madeira

Olhei para Riley, levantando as sobrancelhas, e ele apenas deu de ombros. "Richard é irritado com tudo e todos. Chamamos ele de Dick, o peixe."

"Peixe?"

"Nem todos os animorfos tem sorte com os animais que eles se tornam..."

Balancei a cabeça, sorrindo levemente, mas logo voltando a ficar séria, seguindo Richard para a cabana. Assim que entramos, pude ver Riley e Alya relaxarem um pouco graças à temperatura agradável dentro da casa, mas continuamos andando para dentro da cabana, seguindo Richard até o porão, onde outro homem - provavelmente também um animorfo - se encontrava.

"Finalmente chegaram..." o outro homem falou num inglês quebrado, parecendo bem mais simpático do que Richard "Não sabia se a máquina aguentaria por muito tempo."

Assim que meus olhos se acostumaram com a escuridão eu consegui vê-lo. Não havia nada que nos separasse do Ghoul que estava preso ali embaixo, a única garantia de que ele não nos atacaria eram dois aparelhos gigantes dos lados dele. Meus cabelos começaram a levantar, a energia que emanava dos aparelhos sendo imensa. A mesma energia que mantinha o Ghoul preso ali. Eu podia ver sua forma ficando mais translúcida por alguns segundos, antes de voltar ao normal. Ele era feito de energia, e aqueles aparelhos tinham energia o suficiente para prender a do Ghoul ali, sem que ele tivesse chances de fugir.

Mesmo no escuro, pude ver que ele me olhava com atenção enquanto eu me aproximava levemente, levantando o rosto para que pudesse olhar para o dele. Por baixo do capuz da túnica que ele parecia usar, seu rosto esquelético se mantinha imparcial, parecendo nunca demonstrar emoções.

O som de sua risada ecoou pelo cômodo, parecendo revertebrar nas paredes, um sibilo assustador que parecia vir de todos os cantos do cômodo.

"Visitas. Não esperava visitas. Muito menos a sua.

Seus lábios não se moviam, ou qualquer outro músculo de seu rosto. As órbitas vazias onde seus olhos deveriam estar apenas olhavam para baixo, para mim, e eu podia sentir o olhar dele. Não o respondi, apenas me afastando um pouco para o rodear, o estudando de perto.

"A que devo a honra de sua visita," seu rosto se moveu levemente para o lado, voltando a concentrar seu olhar em meu rosto "rainha?"

Races - Livro 3: Ghouls (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora