VI

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"A que devo sua visita, rainha?"

Me mantive séria, apesar de perceber o quanto aquele título ainda me incomodava. Comecei a o rodear inconscientemente, mantendo um olhar duro e autoritário.

"Onde está Khoz e o que ele planeja?" perguntei, indo direto ao ponto

A risada do Ghoul ecoou pelo cômodo - um sibilo que não parecia natural aos meus ouvidos - e seu rosto se moveu levemente para me encarar enquanto eu parava de o rodear.

"Estúpida, estúpida, estúpida... Uma bola de matéria estúpida é tudo que você é. Nem sequer faz parte dos vampiros originais, era uma híbrida. Estúpida e uma aberração." as palavras saíam de sua boca como se ele estivesse refletindo sobre tudo o que ele dizia, como se fossem pensamentos e não coisas que ele realmente quisesse dizer

Talvez a máquina o estivesse afetando de alguma maneira.

Deixei que um riso sem humor algum deixasse meus lábios e balancei a cabeça. "Não me irrite... Você sabe muito bem o que meu veneno pode fazer com você."

O Ghoul ficou calado por alguns segundos, antes que sua voz voltasse a ecoar pelo cômodo.

"Suponho que esteja aqui a procura de ser uma heroína. A procura de um meio de salvar esse mundo em que você conhece. Inútil, é inútil. Heróis... Heróis são apenas vilões com objetivos julgados bons... Mesmo espectro, mesma pessoa, dois lados de apenas uma criatura, dois lados de uma história, uma mais aceita que a outra." ele falava freneticamente, como se sua mente não pudesse parar de processar informações e deixá-las serem reveladas por sua voz "Heróis... Grande mentira são os heróis."

Franzi o cenho, olhando para todos ali, tentando entender o porquê dele estar agindo daquele jeito, e parei meu olhar em Alya, que parecia tão curiosa quanto eu.

"Seu nome." a voz de Alya soou alta e o Ghoul virou sua atenção para ela "Qual seu nome?"

"Ivk." o Ghoul respondeu sem pensar "Você é Alya. Lembro de você, lembro de a ver nos Primeiros Dias."

"O que Khoz queria aqui, Ivk?" Alya se aproximou um pouco

O Ghoul ficou em silêncio, a olhando. A falta de expressões em seu rosto era um tanto inquietante.

"Morte." ele finalmente falou, fazendo um arrepio subir pela minha espinha "O fim desse mundo material que apenas sabe se destruir. Justiça para nosso povo. Retomar nosso lugar de direito."

"Seu lugar de direito lhe foi revogado quando vocês decidiram quebrar a harmonia." comentei, vendo sua atenção se voltar para mim "Vocês não souberam dividir, agora pagam o preço."

"Quem quebrou a harmonia, híbrida?" ele se inclinou rapidamente para frente, ainda preso na armadilha, me fazendo pular para trás e sentir a energia que estava no cômodo aumentar, tentando mantê-lo preso

Riley se aproximou de mim, parecendo sentir o perigo assim como eu, mas não me movi quando ele me puxou para sair dali, apenas encarei o Ghoul, engolindo em seco.

"Eles quebraram a harmônia quando criaram suas armas poderosas, quando criaram os vampiros. Eles começaram tudo isso e nada mais justo que nós acabarmos."

Pulei na frente de Riley assim que a descarga elétrica percorreu todo o cômodo quando o Ghoul fez um movimento brusco e explodiu a máquina, protegendo ele com meu corpo, sentindo cada músculo meu tremer com a eletricidade que passava por mim, e trinquei os lábios, tentando aguentar a dor. O corpo de Riley não aguentaria a descarga, então, felizmente, consegui bloquear tudo sem que ele se prejudicasse. Caí de quatro no chão, sentindo meu corpo convulsionar pela eletricidade que ainda o atravessava, sentindo o cheiro de queimado que vinha de meus lábios.

Races - Livro 3: Ghouls (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora