☆ Capítulo 4- é sua culpa? ☆

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       Desde que mudei para a zona sul da cidade, algo que gosto muito de fazer é caminhar. Quando criança, implorava para minha mãe me levar na praça todos os dias e agora, mesmo mais velho, não deixo de visitar essa praça sempre que estou livre.
       Quando vou a essa praça, gosto de ir pelo lado mais deserto. A paisagem é muito mais bonita desse lado já que tem uma quantidade enorme de árvores. Quando estava me aproximando do banco em que sempre sentava, notei que tinha alguém sentado debaixo da árvore que estava logo a frente. Notei também que conhecia a pessoa. Era Yugyeom.
       Ao chegar bem mais perto, pude notar que Yugyeom não estava apenas sentado ali, ele estava chorando. Não queria me meter na vida dele, afinal não nos falamos há anos, mas ver ele chorar foi de partir o coração, então resolvi chamar sua atenção.

— Yugyeom? — disse chegando perto dele.

— Ãnh? Ah, BamBam, oi. — disse virando o rosto.

—  O que aconteceu? — perguntei preocupado enquanto sentava ao lado dele.

— Nada.

— Eu vi que você estava chorando. Pode conversar comigo, se quiser. — coloquei a mão em seu ombro para confortá-lo.

— Meus pais... Eles vão... Eles vão se separar. — assim que virou o rosto para mim, pude notar que as lágrimas continuavam caindo.

— Isso não é a pior coisa do mundo. Meus pais são separados e não é tão ruim quanto parece. — disse tentando animar ele.

— Mas seus pais se separam por sua culpa? 

— Como assim?

— Meu pai, ele apareceu bêbado em casa e disse que não pode viver em uma família onde a mulher dele foca mais no trabalho do que nos cuidados da casa e satisfazer o marido. Ele disse também que ele não aceita ter um filho vagabundo que não estuda e só sai com os amigos. E ele tentou bater na minha mãe dizendo que era culpa dela. — ao dizer isso, começou a chorar mais ainda.

— Não chora, por favor! Eu não posso suportar isso. — disse abraçando ele.— Não é sua culpa, nem da sua mãe, essas coisas acontecem.

— Como não é minha culpa? Se eu tivesse notas melhores ele não jogaria a culpa na minha mãe.

— E por acaso suas notas são ruins porque você não estuda?

— Não, eu me esforço o máximo que posso, mas...

— Então não é sua culpa. Você não pode ser perfeito em tudo. Na verdade, não seria justo com nós, meros mortais, se você fosse lindo e tivesse as melhores notas da escola. — falei tentando anima-lo e pude ver um pequeno sorriso enquanto as lágrimas, aos poucos, cessavam.

 — Eu tenho dificuldade em exatas, é onde minhas notas estão piores. 

— Eu vou bem em exatas, eu posso te ajudar, se quiser.

— Mas agora já deu tudo errado, do que adianta?

— Tu ainda tem um futuro, uma vida pela frente, quer mesmo rodar de ano e perder mais tempo na escola?

— Não, odeio escola! — pude ver em seus olhos que ele realmente estava falando sério.

— Olha, não se culpa por isso, tá? Desculpa pelo que vou dizer, mas acho que seu pai só jogou a culpa em vocês pra não lidar com os próprios erros. Você está tentando e isso é o que importa. 

— Talvez... Meu pai ele... — pude ver que ele estava inseguro com as palavras que iria usar, então apenas segurei a mão dele e disse

— Tá tudo bem, não precisa me contar tudo. Sei que é estranho, nós não conversamos há muito tempo. Se você quiser ficar sozinho, eu posso... 

— Por favor, fique! Não quero ficar sozinho, pelo menos, não agora. 

— Tudo bem, eu fico. — deitei minha cabeça sobre a dele e passando meu braço por cima de seu ombro.

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