Capítulo V

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A confusão é evidente na minha expressão após as suas últimas palavras. Foi também inevitável para mim não olhar para o seu corpo que continuava com a mesma "roupa" que praticamente a deixava toda descoberta, mas que agora se encontrava tão perto de mim.

Sem saber o que fazer exatamente, levanto-me e engulo em seco quando reparo que ela se apercebeu do meu olhar fixador mas ao mesmo tempo não se parece importar.

- O que se passa? - ela olha para mim com os seus olhos brilhantes de um azul cristalino e morde os seus lábios rosados e carnudos.

Ela parece o protótipo da mulher sedutora, sensual e erótica que temos em mente quando pensamos em pecado e luxúria.

- O que é que queres dizer com "somos só os dois"? - tento descodificar a intenção dela, mas nada mais me ocorre se não que ela me está a tentar seduzir.

Esse facto deixa-me, na verdade, bastante nervoso, já que não me lembro da última vez que estive com uma rapariga.

- Quero dizer que não está ninguém em casa além de nós os dois. O que foi? Estás muito calado. - ela olha-me desconfiada e eu fico sem entender o que devo pensar e supor das suas atitudes.

- Tu namoras com quem afinal?- a pergunta saiu-me sem que eu a pudesse impedir. Vejo nos seus olhos que ficou ligeiramente incomodada.

- Isso é alguma espécie de acusação? - ela deixa o seu ar de anjo e olha para mim verdadeiramente chateada.

- Não... só queria compreender. - digo atrapalhado pelas minhas próprias palavras.

- Bem não há nada para compreender, só posso amar uma pessoa?

- Não sei...

- A nossa natureza não é a monogamia, por isso porque ir contra a nossa própria essência? - ela parece acalmar-se quando entende que não a estou a julgar mas sim a tentar perceber.

- E tu gostas de todos eles ou é só ...

- Desejo sexual? Não. Eu amo-os. - ela senta-se por fim ao meu lado. - Consegues compreender? - ela pergunta e eu afirmo, na realidade depois de ver a expressão dela ao admitir que os ama consigo perceber a veracidade das suas palavras. - Às vezes talvez demais. - ela diz agora mais baixo, como se não fosse suposto ter verbalizado tais palavras. Decido não a questionar.

- Desculpa ter perguntado. - digo por fim ganhando coragem de a encarar.

- Não faz mal, desculpa a forma como falei, eu só... pensava que me ias julgar. -ela admite envergonhada e olha para as suas mãos.

- Não sou ninguém para te julgar. - digo a verdade pensando em todas as coisas que fiz e na merda que tornei a minha vida.

- Nunca me chegaste a contar como é que foste parar às ruas. -ela quebra o silêncio momentâneo aproveitando para focar a atenção agora em mim.

- Não me apetece falar muito disso. - falo entre dentes sentindo me enraivecido pelo tema da conversa.

- Pensei que pudéssemos falar sobre isso agora que eu própria falei sobre mim... - ela admite com descontentamento evidente na sua voz.

Não sei o que lhe responder e vejo-a levantar-se e sair do quarto. Porque é que eu tenho sempre de afastar as pessoas? Ela deve ser a única pessoa que se preocupa realmente comigo e já não me lembrava qual era a sensação de ter alguém que se interessa realmente por mim e pela forma como me sinto.

Decido ir atrás dela, procuro primeiro no quarto mas está vazio e sigo até à cozinha e vejo-a debruçada no balcão enquanto a ouço suspirar fortemente. Parecia bastante transtornada.

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⏰ Última atualização: Jan 17, 2018 ⏰

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