Festival de Inverno

Chegada do inverno...

O inverno tinha de fato começado, ainda não havia nevado, mas a temperatura havia baixado nas últimas semanas de tal maneira que todo o Hobbit de Hobbiton andavam com várias camadas de casacos e cachecóis... Os hobbits eram extremamente friorentos, afinal, eram criaturas do verão e primavera, as estações frias lhes causavam demasiado problemas, principalmente aos seus pés, já que não admitiam em usar botas, logo optavam por colocar grandes, longas e espessas meias, porém havia aqueles que preferiam manter seus pés descobertos, um sinal de orgulho ou mesmo de teimosia.

Bilbo tomava a sua xícara de chá no jardim do Bolsão, sentando sobre um banco acolchoado, observava ao longe a movimentação nas colinas, afinal morava em um local privilegiado em Hobbiton, a maior colina, logo a melhor vista do que ocorria pela a cidade... E isso incluiu a preparação para as festividades que ocorriam a apenas algumas colinas de distância. Bilbo soltou um longo suspiro, seu respirar se condensou em uma novem branca, mais uma prova da vinda do temido inverno.

Muitos poderiam perguntar o que esse festival tem de tão importante...Ou melhor, por que os Breeders são tão idolatrados. Afinal, existem mulheres hobbits que não receberam o dom de Yavanna e mesmo assim produzem filhos! Alias, se os hobbits fossem depender unicamente dos dito Breeders para aumentar o seu contingente populacional, estariam em grandes apuros, pois existiam muito poucos... O que os faziam especial era a sua alta fertilidade e a garantia que, depois do inverno, o mesmo Breeders estaria grávido e forneceria uma criança saudável no fim da primavera. Dessa forma, esse tipo especial de hobbit tinha como vantagens a eficiência e rápida "entrega" do produto, se pode dizer assim... E isso tudo acontecia porque os Breeders podiam desenvolver uma espécie de Cio que ocorria justamente no período do inverno, e essa receptividade sexual extrema era algo que muitos ambicionavam, pois os Breeders são conhecidos por serem insaciáveis, por conferirem ao seu parceiro o maior prazer de sua vida, além das lendas referentes aos filhos produzidos dessa união estariam predestinados a grandes feitos e eram abençoados pela a própria Yavanna. Um hobbit casado com um Breeder era garantia de uma vida próspera, produtiva e feliz.

Bilbo odiava aquilo... Odiava o Cio! Já fazia três anos que tinha alcançando a sua maturidade e também fazia três anos que tinha que sobreviver o inverno, tomando remédios naturais para controlar o dito Cio, já que por optar não escolher um parceiro no festival o seu corpo parecia se rebelar... Sentia dores, febre, não conseguia dormir e tão pouco comer... Era um verdadeiro inferno! Contudo, preferia passar por esses duros períodos do que se deixar levar pelo instinto... Não iria se deixar abater e tão pouco se entregar ao primeiro hobbit que encontrar, unicamente para satisfazer uma necessidade fisiológica de seu corpo Breeder! Se algum dia fosse se casar, almejava formar uma família tal como a sua...Bulgo nunca impôs limites a Belladona e tão pouco ela desestimulava os gostos de seu marido, ambos se ajudavam e se respeitavam, era uma relação de parceria! Muitos hobbits não tinha esse tipo de relação, os Breeders ficavam praticamente presos aos seus lares, cuidados dos vários filhos e sendo servidos pelo esposo, como semi-deuses da fertilidade!

– Queria ter nascido normal... – Resmungou abaixando os olhos, fixando na xícara de chá ainda quente que detinha entre as mãos – Minha mãe, na minha idade, já tinha saído do Condado em busca de aventuras...E eu estou preso aqui...

E se aceitasse um parceiro naquele ano. Não, era tolice... Haveria poucos hobbits compreensivos como Bulgo Bolseiro, poucos que realmente se importam em conhecer o verdadeiro Bilbo por trás da condição de Breeder. Estava condenado a sofrer todos os invernos de sua vida.

– Querido... – A voz de Belladonna o fez despertar de seus devaneios depressivos.

– Sim, mãe? – Falou tentando forçar um sorriso para a sua progenitora, mas tal tentativa foi logo abandonada ao vislumbrar o que sua mãe segurava em suas mãos: poinsétia, a flor de vistosas pétalas vermelhas.