Dois

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O mundo é enorme e a maioria das pessoas desconhecem completamente tudo que havia nele. Presas num ciclo da própria realidade, como se não houvesse um momento além daquilo.

olhei a bagunça ao meu redor a movimentação e conversas cruzadas, nem parecia que tudo aquilo era motivado pelo meu aniversário de vinte e um anos. Estava sentada em uma cadeira confortável na beirada da vidraçaria da janela no meu quarto, queria poder abri-lo e sair para sacada admirar melhor oriente, mamãe achou melhor deixar fechado. a ventania atrapalhava a concentração segundo ela.

e como mais uma das coisas na qual eu não podia decidir, apenas fiquei lá existindo. Não discutiria com minha mãe, apesar de odiar o tratamento super protetor de filha única que recebia, não iria desrespeitá-la. Era só uma janela fechada.

Voltei o olhar para o horizonte a paisagem desértica em sua maioria sendo cortada pelos arranha céus me fazia pensar no avanço insistente e selvagem da humaidade contra a natureza criada, estranho mas me ajudava a esquecer todo aquele burburinho odiável.

Eu era o oposto de minha mãe que era uma animação só com todo os preparativos, meu nível de empolgação estava abaixo de zero. Eu sabia o que vinha depois do aniversário: o casamento.

Minha vida toda fui criada para esse momento, não era uma opção, não escolhi por vontade própria. era o meu dever com a família e sabia que deveria cumpri-lo, contudo não ansiava em fazê-lo. Minha educação não foi limitada, meus pai me permitiram conhecer de tudo, eu nunca me conformei em ser a esposa troféu e eles sabiam disso. Tive liberdade de viajar, estudar, fazer amizades, mas nunca esquecer meu compromisso.

Deveria me casar e unir as famílias. Nunca fiz questão de estar presente na vida de meu noivo e não o queria na minha. Quero aproveitar o máximo o tempo de liberdade que tenho.

Só o vi apenas uma vez que eu me lembre, estava fazendo quinze anos e ele já tinha vinte e seis. Quem em sã consciência era noivo de uma criança? Pois naquela época eu não era mais que uma criança. Apesar de já ser alta e possuir um pouco de curvas.

O ignorei em toda cerimônia de debutante, até mesmo na valsa nem ao menos olhei em seus olhos. Mesmo sendo advertida por meus pais. Era bom, para que ele soubesse o quanto odeio essa história de casamento arranjado.

Khal jahi em nenhum momento se alterou ou cobrou o devido respeito a fugura masculina. Ele parecia uma pessoa pacífica, não o conhecia totalmente, mas torcia para que ele continuasse assim, se mantendo longe! Depois do casamento, um laço matrimonial não necessariamente precisa se tornar um laço afetivo.

Eu não tinha a menor intenção de cria-lo.

Percebi um movimento de mão diante do meu rosto e vi que minha mãe estalava os dedos tentando me trazer de volta ao presente.

- Onde estava com a cabeça querida?


- Em nada importante... - desconverei.

- Por que você não se envolve mais? é seu aniversário Isis... - Hamadi, sua mãe ajoelhou a sua frente e segurou suas mãos.

- Eu sei o que vem depois dele Mamãe e não estou feliz com isso - buscou compreensão no olhar da mãe.

- Querida você já tem vinte e um anos quase, está na hora de agir com maturidade e aceitar seu destino. Você sabe que queremos o melhor para você, e acredito que possa ser feliz com o filho de Bastet. ele não é má pessoa, se permita conhecê-lo.

- Não vou prometer mamãe, mas você sabe que não lhe decepcionar sei muito bem qual o meu dever e vou cumpri-lo.

- Terá uma boa oportunidade para isso. A família de seu noivo virá passar a semana aqui antes do seu aniversário.

Minha expressão de choque não passou despercebido diante do olhar rápido da minha mãe que sorriu ante o meu desespero.

- Como assim? - ousei perguntar com medo da resposta. - faltam sete dias pro meu aniversário.

- Exatamente minha menina. Eles chegam hoje. Vem, Vamos terminar de arrumar tudo para você se aprontar para seu noivo - Hamadi respondeu na maior naturalidade e me puxou para cima afim de me levantar da cadeira, ainda processando a informação e nao tendo total controle do meu corpo apenas a segui.

Mamãe me envolveu no meu de todo aquele caos de cores, panos, amostras e confesso que respondia aleatoriamente com sim ou não.

Não dava a mínima pra qual seria a cor predominante da festa ou o tecido que usaria e quem ou não convidar para aquela demostraçao de poder aquisitivo que seria o meu aniversário.

Só conseguia pensar no meu noivo a caminho, eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu teria de encara-lo, só não esperava que fosse tão cedo. Imaginava ter pelo menos alguns meses.

Forcei a mente para lembrar alguma coisa sobre ele. Nada, eu não sabia nada. A única vez que o encontrei havia sido a seis anos atrás e mal o olhei na minha birra adolescente. Ele era bonito? Sabia apenas que ele era mais velho, onze anos mais velho.

Esse detalhe nunca havia me passado despercebido. Quando mais nova ficava me imaginando casada com um velho babão. Atualmente tenho a noção de que ele estava na casa dos trinta, se não deixou que os negócios da família arrancasse seus cabelos, talvez ainda possuísse uma aparência agradável.

Não sei quanto tempo passou, mas um certo momemto minha mãe retirou todos do meu quarto e se despediu de mim deixando claro que era pra eu caprichar na aparência para receber meu noivo.

Apenas assenti com um sorriso forçado e fui para o banheiro, eram quase dezoito horas, então as visitas chegariam para o jantar que sempre era servido pontualmente as dezenove.

Me permiti relaxar na banheira e pensar em como agiria na presença de Jahi. Não poderia envergonhar meus pais, mas não queria que ele pensasse que eu era apenas uma noiva conformada.

Ainda não sabia ao certo, mas decidi ignorar e esperar para ver o que aconteceria.

Sai do banho e optei por um vestido leve e tradicional com mangas curtas bordadas e uma saia que acompanhava o balançar do vento, ele era de um tom azul escuro e achei que constratava com minha pele.

Estava em casa não via necessidade para extravagância mesmo que fosse receber visitas. Deixou os cabelo escuros solto e calçou as sapatilhas favoritas que combinavam perfeitamente com o vestido.

Desceu pontualmente as dezoito e quarenta e cinco, estava na sala sua mãe conversava com o pai e enquanto permanecia distraída com o celular quando foram avisados da chegada da familia Dahab.

Imediatamente larguei o celular que afundou no sofá e me coloquei de pé para recebe-los junto a meus pais.

Logo vi Bastet Dahab adentrar a sala lado a lado com sua esposa Adara Dahab que sorria abertamente, assim que se aproximaram a mulher baixinha de pele amêndoada soltou o braço do marido e se agarrou a minha mãe. Os homens também se cumprimentaram com intimidade e em seguida também estava presa nos braços de Adara.

Todos sorriam satisfeitos até uma sombra enorme surgir por trás do casal alegre. Automaticamente voltei meus olhos para ele.

- Inram lembra de meu filho, Khal Jahi? - a voz de Bastet soava orgulhosa para meu pai. - espero que nossas crianças se entendam antes do casamento. Eles tem mais sorte que nós.

Todos sorriam educadamente da piada interna. Na época de meus pais e avós, ao ser dada como noiva a alguém você só o conhecia na cerimônia de casamento.

Eu permaneci séria encarando aquele rosto e recebendo de volta seu olhar penetrante em questão de segundos ele capturou toda a minha figura dos pés a cabeça e me olhava de forma estranha.

De fato ele não era nada feio, tinha um rosto forte, cabelos espessos tão escuros quanto o meu, uma boca bem desenhada e um olhar sensual. Como eu não lembrava desse rosto?

Uma sensação estranha se instalou na boca do meu estômago e eu não gostei nada dela.

- Ísis, acredito que não tenha lembrado de Jahi. Este é seu noivo Khal Jahi Dahab, o casamento será anunciado logo após o aniversário. Então aproveitem a semana. - meu pai tomou a frente fazendo a 'apresentação'

Eu tinha uma Semana para evitar qualquer contato com meu belo noivo indesejado.

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