Eu estava sofrendo por antecipação e devido a isso tive uma noite mal dormida.
Não conseguia relaxar imaginando passar uma semana ao lado de um homem que me desejava e que eu precisava evitar.
Quando o visor do meu celular exibiu 6:00h da manhã desisti de guerrear com minha mente e fui em direção ao banheiro torcendo para que a água que escorria pelo chuveiro clareasse um pouco meus pensamentos. Permaneci ainda um bom tempo, não era fácil decidir o que fazer e o banho parecia a solução dos problemas.
Assim que estava pronta desci para tomar café, segui calmamente esperando encontrar todos já reunidos a mesa, o que não aconteceu. Encontrei Haiza arrumando uma cesta com comida.
- sabah el-kheir / Bom dia /
Haiza sorriu e respondeu ao meu cumprimento sem parar o que estava fazendo.
- O que é isso? - perguntei roubando um pedaço de queijo da mesa e colocando na boca.
- Seu café da manhã - me fuzilou com os olhos por surrupiar comida enquanto ela fazia meu desjejum.
Haiza era pouco mais velha que eu e foi criada aqui sua mãe cuidava da cozinha e ela auxiliava. Tinhamos construído uma relação de amizade por sermos sozinhas. Ela tinha um irmão que costumava brincar conosco na infância, mas assim que entrou na adolescência se enterrou nos estudos e foi estudar fora na primeira oportunidade, seguindo carreira fora do mundo controlado por acordos de poder.
Hashid nos visitava com frequência e eu costumava invejar a liberdade que havia conquistado.
Distraída com o rumo dos pensamentos peguei um pouco de tâmaras.
- Ísis! - Haiza me repreendeu. Voltei meus olhos para a cesta em suas mãos.
- Por quê meu café da manhã está em uma cesta?
- Sra Mourrack disse que tomaria seu desjejum no jardim com seu noivo. - ela disse como se fosse óbvio.
Engasguei com as tâmaras e comecei
A tossir freneticamente, Haiza prontamente correu ao meu lado e começou a me abanar com as mãos, seus olhos cor de mel esbugalhados de preocupação.Minha garganta ainda não estava desobstruída, senti uma mão forte em minhas costas e meu corpo foi forçado a curvar para frente recebendo tapas nada delicados.
Em questão de segundos vi a fruta avermelhada e agridoce escapulir por minha boca, imediatamente busquei uma lufada de ar e apoiei minhas mãos nos joelhos recuperando o fluxo normal da minha respiração.
Meu corpo foi puxado para cima e um copo de água colocado em minhas mãos, antes que eu pudesse pensar o liquido gelado descia pela minha garganta que pegava fogo.
O choque me fez fazer uma careta e um rosto sério e preocupado surgiu em meu campo de visão.
- Você está bem? - Jahi me perguntou segurando-me pelos ombros.
Encarei aquela esfera negra e desesperada.
- Estou bem sim, obrigada! - minha garganta estava incomodada e minha voz não saiu normalmente.
Acenei com as mãos e dei um sorriso para enfatizar minha frase. Ele rapidamente se recompôs e tirou as mãos do meu corpo.
- Me desculpe.. Eu não.. - Não era costume um homem tocar uma mulher.
- Não se preocupe, foi uma situação isolada e... Meu pai já lhe deu permissão para o namoro, isso inclui... A aproximação. -
Eu sabia e ele também que a permissão do meu pai lhe dava essa liberdade, com tanto que houvesse o respeito.
- Claro. Então. ..Vamos tomar nosso desjejum? - ele disse polido e me estendeu o braço.
Sem opções envolvi meu braço no dele e me deixei ser guiada, olhei de soslaio para Haiza que sorria como clara sonhadora romântica.
Do lado de fora fazia um pouco de sol, percorremos um caminho de pedras até a área do jardim. Jahi escolheu um lugar onde pequenas flores enfeitavam a grama baixa.
- Então você sabia sobre o café da manhã. ..? - perguntei o óbvio querendo ouvir sua resposta.
- Sim. Sua mãe me informou mais cedo quando desci para me juntar a eles. -
Ele respondia enquanto retirava uma toalha de dentro da cesta em suas mãos e forrava no chão.
- Você quer dizer intimado - sorri imaginado minha mãe decidindo como tudo seria e o fazendo acatar seu plano.
- Uma intimação prazerosa - ele não me olhava, estava concentrado em sua tarefa de distribuir a comida pela toalha colorida. Um sorriso bobo brincava em seus lábios me fazendo pensar que o comentário tinha sido espontâneo.
Decidi ignorar e me sentar junto a ele e tudo desandou quando ele levantou os olhos e me encarou. Eu podia ver o prazer que ela havia falado refletido no brilho negro. E aquilo mais uma vez fez meu estômago revirar.
Coloquei amoras na boca e perdi meu olhar em qualquer coisa que não fosse o rosto dele.
- Você não vai facilitar pra mim não é? - eu podia sentir seu olhar em mim.
- Nem um pouco.
- Devo avisa-la que sou persistente.
- Tudo bem. Va em frente, faça o que quiser.
- Era o que eu queria ouvir.
Estava a meio caminho de virar o rosto para encara-lo e descobrir o significado de suas palavras. O ângulo favorável facilitou e Jahi alojou sua mão na minha nuca, seus lábios pressionaram nos meus impedindo que eu questionasse sua atitude.
Meu último pensamento foi da cena da noite anterior, era um lugar e uma situação muito mais provável para um beijo. Mas Khal Jahi parecia não seguir esse padrão, ele fazia o que queria e quando queria.
Não tentei parar o beijo e nem queria, sua boca pressionava a minha levemente me dando espaço para me entregar a medida que eu quisesse. Ele estava mantendo a promessa e eu me senti segura.
Abri mais a boca e permiti que sua língua explorasse a vontade. Jahi aprofundou o beijo e exigindo um pouco de mim, apoiei minhas mãos em seu peito e me inclinei em direção ao seu corpo.
Seus lábios pareciam ter alguma droga viciante, eu não queria parar. Só pensava em continuar o beijando. Seu braço circulou minha cintura e o aperto me fez ciente do que estava fazendo.
A intenção não era me deixar seduzir e sim seduzi-lo e olha onde eu estava... Beijando meu noivo no jardim enquanto tomavamos café da manhã juntos. Parecia tão errado e tão certo
Quando foi que eu comecei a jogar no time contrário?
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Egito
ChickLit[Disponível completo na Amazon] Quem era oferecida em casamento em pleno século XXI ? Ísis Mourrack não conseguia aceitar que no mundo moderno e avançado que vivia, esse tipo de coisa ainda podia existir. Havia crescido sabendo seu destino, a quem...