Capítulo 2 - 🌈

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A festa estava para começar — faltava poucos minutos, para ser mais específica —, e eu nem tinha começado a me arrumar. Estava pensando se eu deveria mesmo ir. Aquelas meninas são falsas. Nunca fui com a cara delas.

Olho-me no espelho e vejo um reflexo. Uma menina de cabelos pintados, com um piercing na nariz e com o cabelo bagunçado. Ela estava usando um pijama brega, estava bem em casa. Essa menina é divertida, porém, ultimamente, ela estava tão cansada da vida, tão desanimada. Ela precisa de um up. Ela iria para essa festa.

Dou um pulo direto para o banheiro. Com o celular no bolso, tiro-o e coloco-o para tocar uma playlist que eu fiz dias atrás.

Quando saio do banheiro, arrumo-me. Já havia separado, hoje de manhã, uma roupa para a festa. Uma blusa preta com um pequeno unicórnio bordado no peito esquerdo com uma jaqueta jeans cheia de patches de todos os tipos, um short jeans rasgado nas coxas e um tênis preto. Deixei bem amostra a tatuagem — propositalmente, é claro — que eu fiz em minha panturrilha. Era um galho pequeno cheio de rosas. Lembro-me quando a fiz. Eu amo rosas, são as flores mais lindas.

Tenho várias tatuagens. Ás vezes minha família, tirando meu pai e minha mãe, chamam-me de louca e de outros nomes, só porque eu tenho 16 anos e já tenho duas tatuagens. Mas eu não ligo, o corpo é meu. Minha mãe mesmo fala. A minha segunda tatuagem é no pulso esquerdo. É todos os continentes. Fiz junto com uma amiga. Ela mora em Londres, Inglaterra, e ela fez o mesmo. Na minha, no continente Europeu, aonde ela mora, tem uma bolinha vermelha, significando que ela mora ali e, na dela, o mesmo, só que no Brasil, aonde eu moro. Fizemos essa tatuagem no início desse ano. Viajei para a cidade dela e lá fizemos. Foi tão mágico. Nosso primeiro encontro juntas, após um ano de nossa amizade online.

Com minhas roupas vestidas, desço as escadas rumo à sala em que minha mãe e meu pai estavam.

— Mãe, mudei de ideia, eu vou a festa. — Digo sorrindo e mostrando as vestes que eu estava usando em um giro 360º graus.

Aimeê é a mãe mais legal do mundo. Nunca dá a mínima para o que eu vestia e para o que as outras pensavam a respeito. Suas personalidades são ser protetora — protege todos e todas que mais ama — e ao mesmo tempo divertida e brincalhona. Às vezes eu a odiava, porque minhas amigas, quando eu as levo à minha casa, minha mãe sempre é mais legal que eu. Aurora, minha amiga, uma vez fizera uma piada comigo, falando que minha mãe era mais legal que eu.

Como eu, minha mãe é cheia de tatuagens, praticamente em todo o corpo. Ela sempre está com o cabelo bagunçado, de acordo com ela, é uma forma mais livre de se sentir, estava usando uma blusa toda colorida com o símbolo da paz no meio, usava um short jeans e chinelas. Ela queria que todos vissem suas tatuagens. Todas eram lindas.

Ela tira o cigarro que estava fumando da boca:

— Por que mudou de ideia ? — Ela coloca novamente o cigarro que estava fumando na boca e dá uma tragada profunda.

— Sei lá, preciso curtir um pouco.

— Não vou ser chato, mas já sendo, você tem que estar aqui em casa antes das 2 horas da manhã. — Meu pai falava largado no sofá.

Michael, como minha mãe, era o melhor pai do mundo. Tirando sua chatice de tentar me proteger de tudo, ele é legal. Liberal como minha mãe; Temos quase os mesmo gostos. Gostávamos quase das mesmas músicas e banda de rock. 

Todo parceiro que eu trouxera para casa, meu pai sempre os entrevistava com milhares de perguntas — e quando eu digo milhares eu realmente quero falar que foram milhares de perguntas, quase um interrogatório infinito. Ele já perguntara para um menino que eu namorava se ele era virgem ou não. Nem eu mesmo tinha o perguntado isso. Foi bem constrangedor. Terminamos depois de 4 dias.

Poderia Ter Sido PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora